Capítulo 2 - parte 6 (rascunho)

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Segurando os capacetes nas mãos, voltaram para o hangar que, nesse meio tempo, estava com as portas abertas e os aviões eram rebocados para fora por tratores elétricos.

Dois auxiliares levaram pequenas escadas para as aeronaves e a major mandou o colega subir, explicando alguns detalhes. No outro aparelho, não havia necessidade disso porque ambos eram pilotos experientes. Quando Assunção estava sentado, ela subiu a escada e ajudou-o a colocar o cinto de segurança e o capacete, conectando a máscara de oxigênio ao duto adequado, além de ligar o rádio e o painel de cristal líquido transparente do capacete, que proporcionava dados adicionais e visão extra. A seguir e com uma agilidade felina, deu um gracioso salto para dentro do aparelho, sentando-se no cockpit, à frente do colega; o assento do piloto. Fez os ajustes e, sentindo a alegria de estar no seu elemento, ligou as turbinas, obedecendo à sequência adequada daqueles modelos, esperando que atingissem a temperatura de trabalho. Como sempre, a trepidação do caça despertando para a vida parecia lhe dar uma vitalidade adicional e o sangue corria mais rápido pelo corpo. O ajudante fechou a carlinga e desceu correndo, retirando a escada. Com a máscara de oxigênio pendendo de um lado, ela sorriu. Viu o avião do capitão Faria ficar pronto e o aceno de ok da equipe de terra. Acionando o rádio disse:

– Prontos?

– "Sempre, Major" – respondeu Faria, lacônico.

– "Podemos seguir para a pista porque todas as aeronaves estão pousadas" – disse Marques, entrando no circuito. – "Atenção, torre. Protótipos XZ-56 A e B vão decolar para voo de testes."

– "A e B liberados" – disse a torre. – "usar pista 3 D e subir imediatamente a cinquenta mil pés para ficarem fora das rotas comerciais. Espaço aéreo livre."

– Tu na frente, Capitão – disse ela, descontraída. – Vou sincronizada, atrás de ti.

– "Beleza, tchê" – respondeu o piloto. – "Vamos colocar estes passarinhos no ar."

O avião do companheiro começou a rodar devagar. Quando tinha vinte metros de distância, a major moveu o manete do acelerador com a mão esquerda. O aumento das vibrações e o agudo das turbinas fê-la ainda mais feliz, em especial quando o aparelho começou a taxiar atrás do capitão, mantendo a distância constante. Chegaram à cabeceira da pista e, mal o segundo avião alinhou, ambos aceleraram com muito mais intensidade, seguindo sempre na mesma distância um do outro. Assim que percorreram duzentos metros, começaram a subir, usando um ângulo agudo e a major acelerou para ficar ao lado do outro avião.

– "Torre para A e B" – disse o rádio. – "Vocês até parece que viveram fazendo isso juntos. Nunca vi sincronia tão perfeita. Acho que não se afastaram nem cinco centímetros um do outro. Atenção, virar 120 graus para leste e manter ângulo de ascenção."

– "O que esperavam de um piloto do calibre da major Polanski no controle, meus amigos?" – questionou Marques, rindo.

– "Major Polanski?!" – exclamou o controlador de voo, tão empolgado que até berrou. – "Meu Deus, senhor, como não nos informaram disso? Eu preciso do seu autógrafo, Polanski. Você é o meu herói, cara!"

– "Herói não, meus caros, heroína" – corrigiu o major Marques, rindo. – "A major é uma mulher... e que mulher mais linda!"

– "Que seja" – anuiu o controlador, também rindo. – "Isso ainda é melhor."

– Palhaço – resmungou Assunção, bem baixinho.

– Ei, gente, vamos ao trabalho – interrompeu a garota, que não era dada a propagandas. – Capitão, nivelar a cinquenta mil, fazer checkup adicional do nosso passarinho e subir a cento e cinquenta mil pés para um exercício de zero g. Ascender a setecentos.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora