O major Assunção não teve dificuldade em encontrar a bomba. Com o controle desativou-a e, depois, retirou do duto sem dificuldade. Arrancou a célula de energia e colocou no bolso, garantindo assim que ela não explodiria nem por acidente. Com calma, retornava para a sala de comando quando se deparou com uma pessoa dobrando a esquina e vindo na sua direção.
Reagiu por instinto e atacou-o, mas o espião americano era muito veloz, desviando-se do chute. Paulo, contudo, não ia deixar tudo cair a perder e avançou sobre o adversário, confinado na maior agilidade em baixa gravidade. Jogou a bomba para trás e avançou, atacando-o. Desviou sem dificuldade do golpe e saltou, atingindo o sujeito por cima. O americano ficou tonto e caiu de costas enquanto Paulo sentava-se em cima do seu abdômen e lhe acertava mais um soco no rosto, levando-o a nocaute.
Ofegante, ficou a pensar como poderia conduzi-lo para a sala de comando sem correr riscos quando se lembrou que, além da arma nas costas, tinha um par de braçadeiras de plástico no bolso. Sem pressa, imobilizou o homem e esperou que acordasse, uma vez que não tinha batido muito forte. Quando ele piscou os olhos, Paulo levantou-se e apontou a arma, enquanto pegava a bomba.
– Vamos, toca prá ponte que você tem muita coisa para explicar – disse o major, fazendo sinal com o cano da pistola.
O espião olhou para a bomba e levantou-se com dificuldade por estar com os pulsos presos.
– Você ser o sabotador, então! – exclamou. – Pegou o cara errado. Eu não sei como mexer na nave.
– Deixe de tolices e ande – ordenou o militar, sem paciência.
Calado, o americano foi na frente do major, tendo o cuidado de não fazer gestos bruscos, uma vez que não desejava levar um tiro. Já Assunção pensava que as coisas tinham se encaixado. Esse devia ser o cara que auxiliara Marques. Por outro lado, o clandestino dissera que ia levar a navezinha para a federação Russa que, apesar de ser participante do consórcio, não andava de boas relações com os americanos. Então, isso não fazia sentido a menos que o americano fosse um vendido.
Quando se deu conta, estava de frente para a escotilha que se abriu por causa do sensor. De dentro, a esposa arregalou os olhos quando se deparou com os dois.
Como um raio, Luísa virou-se para Marques e ergueu a arma de choque, dizendo:
– Então estavas sozinho, é? – perguntou, irada. – Sabias que mentira tem perna curta, não sabias? Vejamos como é ter o saco frito.
– Eu juro, eu juro – implorou Marques, quase chorando. – Eu juro que nunca fiz nada com ele.
– Parre – berrou o americano. – Ele diz verdade.
– Então temos dois espiões, é isso? – perguntou ela. – Es coisas estão cada vez mais engraçadas. Vocês viveram décadas a fio à nossa frente e agora que conseguimos uma vitória, querem roubá-la? Sabe, espião, eu não vou permitir e matarei se for necessário.
– Quem saber você fala meu nome – resmungou o americano, bastante incomodado. – Eu sou William e não espião. Eu vir porque ter acordo com seu governo. Eu ser agente CIA infiltrado na NASA e piloto de transportador lunar.
– Por quê? – questionou Luísa. – Major, mantenha essa arma apontada até ele me convencer direitinho.
– Seu coronel dizer que Polanski ser pessoa mais alta confiança dele, então eu conto, mas precisar ser segredo.
– Desembucha, tchê – exigiu ela.
– Você fala muito estranho – disse ele. – Ser problema de sabotagens e atentados. Tivemos atentados na estação Júpiter 80, na NASA e na Grã-Bretanha. Depois, haver alguns atentados com vocês. Por isso, nossos governos uniram-se.
– Então por que motivo se comportou como um espião, acordando sorrateiro e contra a minha vontade? – quis saber Polanski.
– Eu achar que haveria atentado, então reprogramar câmara para acordar depois que passasse o risco. Havia medo de abrirem a caixa. – Virou o rosto para o major e continuou. – Olha, pega papéis no meu bolso.
Paulo largou a bomba em uma mesa e esticou o braço com cuidado, levando a mão ao bolso externo do macacão. Sentiu alguns papéis e pegou-os, estendendo para a comandante. Luísa olhou com atenção e ergueu o rosto, estendendo para Paulo.
– Traduz para mim, Paulo, por favor. – Virou-se para o americano. – O que tem naquela caixa gigante?
– Quatro soldados de elite em câmaras de sustentação e muitas armas pesadas e superpesadas.
– Lú – disse Paulo. – Ele diz a verdade. Aqui tem ordens para seguir conosco e proteger a missão a todo o custo. Além disso tem a autorização do governo brasileiro para o transporte das tropas em segredo.
Luísa acalmou-se e baixou a arma de choques, guardando-a no bolso.
– Solta ele e, depois, leva esse traste do Marques para uma contenção. Quando o doutor acordar, vamos colocar esse diabo para dormir até tudo estar resolvido. A minha vontade é largá-lo no espaço sem traje, mas melhor não.
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Paulo obedeceu e Luísa mandou o americano sentar. Pensativa, disse:
– Acho que vou mandar acordar Antônio e Ana. Quero que ela faça uma avaliação completa de tudo para saber se não sofremos uma mudança de órbita. O computador diz que está tudo em ordem, mas agora não estou tão confiante assim.
– Acredito, Tenente-coronel – disse William –, que senhorra ter razão.
– Pois é. – Levantou-se e foi a um computador, executando as ordens.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...