Capítulo 9 - parte 2 (rascunho)

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– Mas como? – perguntou Ana, espantada.

– Eles chegaram, provavelmente rastreando naves nossas e dominam a refração da luz. Isso aconteceu no ano 99, há exatos cinquenta anos. O problema era que não possuíamos armas, nada para nos defendermos. A Terra caiu em questão de semanas. Quem conseguiu, escapou em naves de todos os tipos porque o invasor não mata. É pior que isso, ele nos usa como hospedeiros para a reprodução, segundo informações colhidas de um povo que, como nós, já fugiu deles.

– Acontece que cento e quarenta e cinco anos de paz é um verniz muito tênue para a espécie humana, que sempre foi bastante aguerrida – continuou ela –, e conseguimos criar armas de raios com bastante potência, mas que, ainda assim, não são muito úteis porque o inimigo possui uns campos de força bastante eficientes. Por outro lado, também construímos campos de força, como o que envolve esta estação. Conseguimos manter o inimigo à distância com muita dificuldade porque ele é mais forte, mas desconhece os demais planetas da humanidade. A Terra, infelizmente, foi perdida, e com ela cerca de três bilhões de seres humanos.

– Mas se o campo de força desta estação é da nossa gente, por que motivo há inimigos nela? – perguntou Antônio.

Luísa olhou para ele e suspirou.

– Quando eu o meu irmão e a nossa tripulação veio para aqui, fomos surpreendidos por eles. Entramos em combate e ambas as naves foram destruídas, mas alguns sobreviventes dos dois lados alcançaram a estação usando pequenas naves de salvamento e começou a guerra pelo poder. Uma vez que eu conhecia o lugar como a palma da mão, foi fácil isolar tudo, mas, mesmo assim, só sobramos eu e o meu irmão. Os outros dez tripulantes acabaram capturados.

A tenente-coronel pensava no que a filha disse e parecia haver uma lacuna bem estranha. Ia falar, quando o marido se antecipou.

– Se o sistema solar estava comprometido, o que vieram fazer aqui, arriscando as vossas vidas?

– É verdade, pai – disse a cientista. – Nós vivíamos em um mundo chamado Pégasos, a seiscentos anos-luz daqui, mas viemos por vossa causa.

– Nossa causa? – perguntou Luísa, já imaginando o real motivo.

– Sim. Passei alguns anos analisando dados e fazendo cálculos e concluí que fizeram um hipersalto; não no espaço, mas sim no tempo. Não foi fácil, mas acertei com uma margem de erro de onze anos como podem ver. Então, reuni uma equipe de voluntários e o meu irmão. Equipamos a minha nave pessoal e viemos para cá. Eu tinha medo que vocês alcançassem a Terra assim que descobrissem a situação em que se encontravam. Como os Krills, que é como se chama o inimigo, não costumam patrulhar o sistema, não era nada de grande risco, ainda mais que aprendemos a camuflar os hipersaltos. Para nosso azar, a reentrada no universo normal coincidiu com a reentrada de uma nave invasora. A probabilidade de dois objetos minúsculos para os padrões do sistema solar surgirem tão perto um do outro e a tantos milhões de quilômetros de um centro movimentado como a Terra era quase zero, mas ocorreu. Tivemos sorte porque atiramos primeiro e eles não tinham os escudos ativados, mas a nossa alegria durou pouco e fomos atingidos logo a seguir. Nossas defesas não resistiram ao segundo impacto. Dei ordem de abandonar a nave e fugimos para Júpiter, que estava a menos de dez milhões de quilômetros. Eu sabia o caminho e tinha o código especial para atracar na cúpula superior, enquanto eles forçaram o acesso em um dos hangares inferiores. A primeira providência foi eliminar toda a automação nos níveis inferiores e o elevador de gravidade só funciona se for acessado por um ser humano com o DNA puro. A batalha contra os Krills foi longa e desgastante. Eles precisam de seres humanos para conseguirem se reproduzir e estavam isolados. O mais difícil, mesmo, é localizá-los. Acredita-se que se comuniquem de forma telepática, uma vez que são mudos.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora