Capítulo 12 - parte 4 (rascunho)

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Os treinos corriam bem, mas tanto Luísa quanto Antônio queixavam-se que aquela geração em indolente e fraca. Apesar disso, conseguiram selecionar mil elementos de primeira linha para pilotarem quinhentos caças. Um deles era ninguém menos do que o seu "espião" americano. Após várias conversas com o marechal, conseguiram que os governos unidos arranjassem mais duas naves grandes que carregariam duzentos caças cada. No topo da "Marcos Pontes" e em algumas posições estratégicas, foi instalado um total de quarenta canhões móveis que disparavam misseis especiais do tamanho de um braço adulto. A potência explosiva era igual a uma bomba de cinquenta quilotons, mas sem radiação. As coisas andavam, mas, para a Polanski, iam devagar em excesso. A primeira turma de cadetes saiu dos simuladores improvisados e passou à segunda etapa, que era voar em um caça real. Com isso, Luísa e Antônio foram selecionando os melhores entre os melhores com o intuito de criar um esquadrão de elite. Com os simuladores, combatiam usando várias estratégias e Luísa, implacável, sempre colocava o seu time em condições inferiores. Eles eram, invariavelmente, derrotados e a tenente-brigadeiro sembre gritava que tinham que tirar a lição da derrota.

No final do sexto mês, o seu esquadrão conseguiu vencer o inimigo em uma proporção de cem para um contra eles. Lembrando-se de um filme muito antigo que ela viu vários anos antes de partir na sua missão, apelidou o grupo de "Ases Indomáveis" e ofereceu-lhes uma festa de formatura. Nesse mesmo dia, teve uma surpresa agradável vinda do marido e do amigo. Eufóricos, levaram-na para um hangar onde trabalhavam nos caças e mostraram-lhe o modelo novo.

Luísa achou o avião lindo, composto de linhas aerodinâmicas, embora não precisasse, e metralhadoras nas asas. Era um pouco maior que o original e tinha menos instrumentos por conta da automação. Antônio começou a explicar:

– Lú, este aparelho é bem superior. A aceleração é seiscentos g, o dobro do original, mas também pode saltar pelo hiperespaço com autonomia de cem anos-luz por salto. Os canhões são pelo menos sessenta vezes mais potente que o antecessor e podes ficar no espaço dentro dele por uma semana. Também há um sistema de navegação estelar automático completo e ligação com a nave mãe, inclusive com o novo sistema experimental acima da velocidade da luz. A princípio, podemos falar com a nave até uma distância de dez anos-luz.

– É mesmo uma belezinha! – disse ela, passando a mão na fuselagem.

– Tem mais uma surpresinha, Lú – disse Antônio, sorridente. Olhou para o amigo e continuou. – Fala, tchê.

– A nossa filha conseguiu uma coisinha muito bacana – disse, apertando um botam no bracelete e apontando o avião.

Luísa olhou, mas o aparelho desapareceu. Fez uma cara espantada até que entendeu sorriu, de olhos brilhantes.

– Conseguiram copiar a tecnologia de invisibilidade?

– Sim, mas o consumo de energia é absurdo – respondeu o marido, fazendo o avião reaparecer. – Há um tempo limite, mas ainda não está bem definido. Depois, é necessária uma pausa.

– Uma belezura mesmo – disse a esposa, feliz. – Quando estará pronto para voar?

Paulo estendeu um capacete tático para a esposa, risonho. Depois, disse:

– Feliz aniversário, meu amor, ou achavas que eu tinha esquecido?

Polanski riu e pegou o capacete, beijando o marido. Depois abraçou Antônio e perguntou:

– Afinal quem vai comigo?

― ☼ ―

O caça de dois lugares saiu do hangar para o seu voo inaugural. Ali fora, ao sol, dava para ver que ele, apesar de parecer negro, era um tom de azul muito escuro, tanto que quase passaria por ultravioleta.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora