"As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram."Luís V de Camões (Lusíadas).
Capitão Faria abriu os olhos e viu logo que haviam problemas pela frente. Quem aguardava por ele não era a tenente-coronel, mas sim o major com o americano e isso deixou-o bem preocupado. Ainda meio estremunhado, perguntou:
– Oi, Major, desconfio que tem treta por aí.
– Pode ter a certeza, Capitão – confirmou o colega, com ar aborrecido –, e é das grandes. A TC mandou acordar você e a doutora Ana. Os outros não, por enquanto.
– Onde estamos?
– A princípio, onde deveríamos, mas a boa doutora vai confirmar para a gente. Ela deve estar com a Lú. Já tem condições de se levantar ou quer que o levemos no colo?
– Sai fora, tchê – resmungou, fazendo uma careta e levantando-se devagar. – Vamos nessa; afinal o que tá rolando?
– Tínhamos um clandestino futricando no depósito dos fundos...
– Caramba, os caças – berrou Antônio, assustado ficando desperto de vez.
– Sabia deles? – questionou o major, chateado pelo capitão saber e ele não. – Pensei que fosse segredo!
– Major, era segredo, mas os dispositivos de segurança foram divididos entre mim e a TC – respondeu, adivinhando pela voz o que o companheiro sentia. – Provavelmente seria o senhor, se estivesse escalado desde o início.
Faria espreguiçou com força e continuou:
– Vamos que já estou bem. Estou velho, mas nem tanto – comentou com uma risada. A seguir perguntou, mais sério. – Afinal, quem era o intruso?
– Marques – respondeu Paulo, lacônico. – Queria roubar um caça e explodir a gente.
– Eta, mas que simpatia de guri! – exclamou Antônio. – Nunca que eu ia imaginar que era esse demônio. Bem que ele ficou estranho quando foi para Alcântara, mas nunca o imaginei capaz disso. Que barbaridade, tchê.
― ☼ ―
O trio chegou à ponte de comando e Luísa ainda não havia retornado com a navegadora. Foram a um armário e pegaram café instantâneo. Assim que abriram as garrafinhas, uma reação química aqueceu o conteúdo espalhando um cheiro tão bom que os três aspiraram o ar, deliciados. Paulo deu um gole e olhou para a tela da câmera da popa e, depois, a da base. Arregalou os olhos e disse, apontando o Sol:
– Gente, acho que tem algo muito errado.
– O que foi? – perguntou Paulo, curioso.
– O Sol está demasiado pequeno para a distância percorrida.
– Agora que você disse isso...
– Meu Deus – berrou a doutora Ana que acabara de entrar e ver a tela. Correu para a mesa de navegação e continuou. – Capitão, tente verificar se nãos estamos em rumo de colisão com nada.
– O que foi que aconteceu?
– Aconteceu que acredito que estamos muito, mas muito mais velozes do que deveríamos.
– Capitão – ordenou Polanski, que reagiu de imediato. – Primeiro cortar os motores e, assim que verificares o que temos pelo caminho, prepara a nave para frenagem de um g. Major, quero um diagnóstico completo de tudo, inclusive dos computadores.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...