Capítulo 7 - parte 1 (rascunho)

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"As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram."

Luís V de Camões (Lusíadas).

Capitão Faria abriu os olhos e viu logo que haviam problemas pela frente. Quem aguardava por ele não era a tenente-coronel, mas sim o major com o americano e isso deixou-o bem preocupado. Ainda meio estremunhado, perguntou:

– Oi, Major, desconfio que tem treta por aí.

– Pode ter a certeza, Capitão – confirmou o colega, com ar aborrecido –, e é das grandes. A TC mandou acordar você e a doutora Ana. Os outros não, por enquanto.

– Onde estamos?

– A princípio, onde deveríamos, mas a boa doutora vai confirmar para a gente. Ela deve estar com a Lú. Já tem condições de se levantar ou quer que o levemos no colo?

– Sai fora, tchê – resmungou, fazendo uma careta e levantando-se devagar. – Vamos nessa; afinal o que tá rolando?

– Tínhamos um clandestino futricando no depósito dos fundos...

– Caramba, os caças – berrou Antônio, assustado ficando desperto de vez.

– Sabia deles? – questionou o major, chateado pelo capitão saber e ele não. – Pensei que fosse segredo!

– Major, era segredo, mas os dispositivos de segurança foram divididos entre mim e a TC – respondeu, adivinhando pela voz o que o companheiro sentia. – Provavelmente seria o senhor, se estivesse escalado desde o início.

Faria espreguiçou com força e continuou:

– Vamos que já estou bem. Estou velho, mas nem tanto – comentou com uma risada. A seguir perguntou, mais sério. – Afinal, quem era o intruso?

– Marques – respondeu Paulo, lacônico. – Queria roubar um caça e explodir a gente.

– Eta, mas que simpatia de guri! – exclamou Antônio. – Nunca que eu ia imaginar que era esse demônio. Bem que ele ficou estranho quando foi para Alcântara, mas nunca o imaginei capaz disso. Que barbaridade, tchê.

― ☼ ―

O trio chegou à ponte de comando e Luísa ainda não havia retornado com a navegadora. Foram a um armário e pegaram café instantâneo. Assim que abriram as garrafinhas, uma reação química aqueceu o conteúdo espalhando um cheiro tão bom que os três aspiraram o ar, deliciados. Paulo deu um gole e olhou para a tela da câmera da popa e, depois, a da base. Arregalou os olhos e disse, apontando o Sol:

– Gente, acho que tem algo muito errado.

– O que foi? – perguntou Paulo, curioso.

– O Sol está demasiado pequeno para a distância percorrida.

– Agora que você disse isso...

– Meu Deus – berrou a doutora Ana que acabara de entrar e ver a tela. Correu para a mesa de navegação e continuou. – Capitão, tente verificar se nãos estamos em rumo de colisão com nada.

– O que foi que aconteceu?

– Aconteceu que acredito que estamos muito, mas muito mais velozes do que deveríamos.

– Capitão – ordenou Polanski, que reagiu de imediato. – Primeiro cortar os motores e, assim que verificares o que temos pelo caminho, prepara a nave para frenagem de um g. Major, quero um diagnóstico completo de tudo, inclusive dos computadores.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora