Estação Júpiter 80

Capítulo 2 - parte 2 (rascunho)

A major entrou na sala designada à espera para partir para São Paulo. Como Luísa chegou cedo, estava sozinha. O local parecia um pequeno auditório ou sala de reuniões e devia ter sido adaptado para recepcionar o pessoal que ia para o Projeto Júpiter-Brasil. Sentou-se em um das várias cadeiras de tipo universitário disponíveis e procurou relaxar. Haviam-lhe informado que aguardavam mais um integrante da equipe militar e alguns cientistas da URFGS que os acompanhariam. Estava à paisana, uma vez que os superiores disseram para ficar informal. Isso lembrou-lhe que nunca mais voaria no seu caça que, àquela hora, já devia estar designado para outro piloto. Era a maior pena que teria ao sair dali, exceto pela família, mas essa, ainda veria nas férias durante uns bons anos. O seu avião era o modelo mais moderno do Brasil e ela admitia a si mesma que tinha muito ciúme dele, mas teria de se acostumar.

Não demorou a se dar conta de que, junto à parede lateral, havia algumas poltronas bem confortáveis e tratou de mudar de lugar, fincando a olhar para a tela pendurada na parede sem prestar a mínima atenção ao programa que passava na TV. Nem mesmo sabia em que canal estava.

Bem vejo Alguns minutos depois, um homem uniformizado entrou. Tratava-se de um sujeito robusto, com os seus quarenta anos, talvez um pouco mais porque já tinha uns poucos cabelos grisalhos nas têmporas e que lhe davam um ar jovial e muito simpático. Por outro lado tinha um posicionamento enérgico e isso fê-la concluir que não poderia determinar com precisão a idade, embora fosse bem mais velho do que ela. Possuía insígnias de primeiro-tenente e sentou-se em outra poltrona, tranquilo. Só de olhar para ele, a major tirou umas poucas conclusões e nenhuma delas lhe pareceu negativa. Esse poderia ser um companheiro como poucos, capaz de dar a vida pelos amigos, mas também apresentava um olhar tão determinado que poderia se tornar implacável e assustador para com os inimigos. Além do mais, notou pelo andar que o sujeito era altivo e devia ter problemas disciplinares por ser demasiado seguro, independente e confiante. No fundo, Luísa gostou dele à primeira vista e não tinha o hábito de se enganar com as pessoas. O sujeito fez um gesto cortês e observou-a de alto a baixo com bastante atenção, mas Luísa estava habituada a ser notada pelos homens porque era de fato uma linda mulher muito acima da média. Ela também reparou que o tenente devia estar impaciente com algo e cogitou a hipótese de ser ele o futuro colega, isso com um alto índice de probabilidade.

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O tenente Faria entrou na sala pronto para esperar uma ou duas horas porque sabia que chegou demasiado cedo. Teve uma agradável surpresa ao encontrar uma belíssima mulher lá dentro, sentada e aguardando. Ela devia ter os seus vinte e dois anos, vinte e três no máximo e depreciando a garota; cabelos dourados, ondulados e olhos bem verdes, penetrantes, além de ser muito bem-feita como podia notar. Ela estaria mais para uma super-modelo ou similar. Observava-o com atenção e isso agradou-lhe porque sabia que era apreciado pelas mulheres, inclusive as mais novas. Como ela estava com roupas civis, não sabia se era uma colega militar ou cientista. Cansado de ser observado e, impulsivo como sempre, ele sorriu de novo e disse:

– Olá. Sou o doutor Antônio Faria. Você é daqui?

– Luísa – respondeu com aceno. – O senhor é doutor de que especialidade? Em absoluto não tem cara de médico.

– Física e matemática – respondeu Faria, sorridente –, essas coisas que a maior parte das pessoas acha muito chata, mas que eu gosto muito.

– Gosto de matemática – comentou Luísa, rindo. – Acho que está no sangue da família.

– Você é matemática?

– Sim, mas apenas com mestrado – respondeu, encolhendo os ombros e rindo. – A minha segunda formação é a psicologia, só que o que eu gosto mesmo é de voar.