Em vários pontos-chave da Galáxia havia observadores muito atentos a anomalias, procurando atividades Krills. Eram naves pequenas e particularmente rápidas, cujo objetivo era monitorar os deslocamentos do inimigo, visto que conheciam várias das suas rotas. Além disso, essas naves possuíam os novos equipamentos de comunicação super-luz. Cinco desses pontos de observação eram recentes, colocados a pedido de Polanski, nenhum deles a mais do que cem anos-luz da Terra.
O trabalho de observação do espaço não era coisa do outro mundo e todos sabiam que se tratava de um tiro no escuro porque a Via-láctea era muito grande. Essencialmente a tarefa deles consistia em medir todo o tipo de emanação energética, fosse térmica, gravitacional, atômica ou eletromagnética, incluindo espectro da luz visível.
A Polaris ficava à deriva a cerca de setenta anos-luz da Terra em um local que era muito usado pelo inimigo. Tratava-se de uma pequena nave de não mais de vinte metros com uma tripulação de trinta pessoas. Naquele momento, encontrava-se oculta, junto a um asteroide quatro ou cinco vezes maior que ela. Por estarem longe de estrelas, não havia reflexos que os pudessem trair, em especial porque dispunham dos novos dispositivos de camuflagem copiados dos Krills e muito aperfeiçoados em Pégasos.
A sala de comando estava com luz muito fraca e havia, a toda a volta dela, consoles com especialistas das mais diversas áreas. Em um deles, um pequeno alarme deu um bipe, chamando a atenção do comandante.
– Senhor – alertou o operador –, temos distúrbios no hiperespaço aqui perto, não mais de dois anos-luz. Não são nossas naves.
– Consegue identificar, Marcelo?
– Vem na nossa direção. Eu arriscaria dizer que é Krill e deve emergir do salto em breve...
Foi interrompido por uma série de alarmes de vários outros consoles.
– Senhor – disse outro operador. – Uma frota acabou de aparecer.
– Temos visual? – perguntou o comandante.
– A qualquer momento... meu Deus, o que é isso!
– Pela direção, vão para a Terra. Abram um canal de rádio imediatamente.
― ☼ ―
Luísa aguardava paciente há mais de uma hora quando a major apareceu. Notou que aparentava muito cansaço, mas precisava das informações.
– Senta aí, Major – pediu. – Toma alguma coisa e me dá boas notícias, por favor.
– Consegui um padrão de comunicação – começou por dizer, enquanto pedia um suco de laranja. – As notícias não são o que eu chamaria de boas.
Polanski esperou que ela bebesse um pouco e nada disse, optando por aguardar mais informações.
– Eles são predadores e fazem total jus ao seu apelido de gafanhotos, porque o comportamento é semelhante. Invadem mundos, sugam tudo e, quando esgotam todos os recursos, passam para outro. Comunicam-se por ultrassom, como a senhora desconfiou, mas também têm uma espécie de telepatia empática entre si. Não são capazes de pressentir as nossas mente, por exemplo, mas sentem-se a si próprios. Também possuem uma espécie de sistema de castas como alguns insetos, mas descobriram como se reproduzir sem uma rainha e usam seres como nós de hospedeiros; seres de sangue quente. Eles não são vassalos de uma potência maior, como a senhora desconfiou, mas obtiveram parte da sua ciência subjugando uma espécia que os encontrou, isso há muitos milhares de anos. Atualmente, formam clãs e faz mais de cem mil anos que vivem no espaço em naves gigantescas que poderiam ser chamadas de colmeias. Por serem altamente competitivos, mantém-se separados em setores. Têm comunicação ultraluz, mas não tão aperfeiçoada quanto a nossa. Não aceitam qualquer espécie de paz e convivência com outras espécies. Aquele sujeito está apavorado porque foi a primeira vez na história deles que sofreram uma derrota.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...