– Bem, TC, quando? – perguntou o capitão, rindo. – Tenho a certeza que pensaste o mesmo que eu.
– Em breve – respondeu Luísa; preocupada continuou –, mas como vamos deixar o Paulinho tranquilo?
– Não vamos, Lu – disse Antônio, sério e trocando a formalidade pela amizade. – Ele merece a verdade.
– Bah, cara, eu concordo, mas...
– Sem mas, TC.
– Tá, vamos lá.
Os dois foram para o laboratório do filho, encontrando o major olhando o que ele fazia e questionando. Explicaram a missão, deixando o coitado com medo de acontecer algo, mas a esposa tranquilizou-o.
– Cuida dos guris, amor – disse, ao se despedir.
– Tudo bem, mas volta para mim, viu? – pediu ele, beijando-a com carinho.
O robô chegou com o equipamento e Newton surgiu para explicar o seu funcionamento. Quando Antônio viu, arregalou os olhos e disse:
– Mas bah, tu escolheste Isaac Newton para ele. – Sem se conter deu uma gargalhada. – Definitivamente, uma excelente escolha.
– Claro, afinal ele criou o cálculo diferencial primeiro, apesar de a notação atual ser do outro. Conhecias ele pela imagem?
– Tás brincando? – riu Antônio, descontraído. – Eu gosto tanto dele que cheguei a fazer um estudo completo sobre a sua obra.
Pegou o equipamento, observando-o. Era uma roupa leve de cor cinza claro. O capacete era inexistente porque a gola fazia essa função quando necessário, erguendo uma espécie de cúpula plástica que se fechava hermeticamente e tinha a dureza do aço por conta de um revestimento com grafeno. Nas costas, uma pequena mochila trazia as funções de gerar oxigênio e energia, além de conter o campo de força que os protegia dos raios inimigos – até certo limite, como o computador explicara – e, também, outro campo de energia que servia para impedir a saída do ar. Era um uniforme espacial infinitamente superior ao deles de duzentos anos antes.
– Lembrem-se – continuou Newton. – A capacidade de energética do conjunto dá para cinco dias com uso moderado. No painel virtual aparecerá o nível de energia e oxigênio, que dá para cerca de dois dias. Tive o cuidado de fazer que fosse adaptado para o seu idioma. Depois de dois dias, devem encontrar um lugar que permita à mochila gerar mais oxigênio. Para isso basta qualquer elemento gasoso ou líquido que o contenha
– Newton – perguntou Luísa –, como podemos nos deslocar velozmente no espaço? Afinal, serão alguns quilômetros até ao polo sul.
– Todos os comandos são virtuais – explicou o computador, mostrando uma reprodução dos controles em si. – Basta ativá-los no bracelete, que também é virtual.
Luísa e Antônio viram o bracelete luminoso. Notaram logo as opções básicas como ativar campos de proteção e gravidade artificial. Também viram o desenho de um boneco que parecia voar.
– Há duas formas – continuou Newton. – A primeira é por gravidade e alteração do centro de gravidade e a segunda é por minúsculos foguetes no traje. A velocidade máxima possível é de cerca de cem quilômetros por hora. Os controles ficam a critério do movimento das mãos. Para acelerar, forcem as mãos um pouco para a frente ou acionem o comando no painel do bracelete virtual.
Por mais duas horas o par foi tomando aulas de voo e dos comandos das armas, além de aprenderem como abrir comportas de várias formas. O sistema providenciou um mapa completo da estação no conjunto.
Uma vez confiantes no manuseio do conjunto, Polanski chamou a nave.
– "Na escuta, comandante." – disse o interino.
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Estação Júpiter 80
Science FictionEstação Júpiter, o trampolim para as estrelas... uma avetura eletrizante em meio a uma guerra interestelar. Em 2064 a primeira nave espacial brasileira é lançada para o espaço em direção a Júpiter 80, uma estação que orbita Júpiter e cujo objetivo é...