Capítulo 5 - parte 2 (rascunho)

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Assunção, Polanski e Faria bateram à porta do tenente-brigadeiro e aguardaram. Quando receberam ordem de entrar, viram que o coronel Fagundes e major Marques já estavam lá. Josué apontou cadeiras para sentarem e disse:

– A senhora arriscou-se demais, Polanski. Onde já se viu combater uma aeronave armada usando apenas jatos.

– Tem razão, senhor – disse ela, séria. – E assumo a responsabilidade; mas o fato é que precisávamos muito de pegar o espião. Bem sei que podíamos fugir usando a superioridade dos jatos. Os mísseis dele jamais nos alcançariam, mas também sei que não haveria segunda oportunidade porque quem quer que seja ia mudar de tática.

– Infelizmente, continuamos sem saber nada – disse Fagundes, dando um suspiro profundo. – O avião caiu e os ocupantes não conseguiram ejetar. Não há evidência nenhuma que permita identificar a origem do aparelho. Os corpos ficaram irreconhecíveis. Impossível identificar a curto prazo alguma coisa.

– Não quero dizer nada, senhor – atalhou Faria –, mas eu não duvido nada que sejam da federação Russa. Eles não andam de boas relações com grande parte do mundo e aquele avião seguia muito o padrão dos Migs.

– Não podemos sair acusando os Russos só porque não gostamos deles, Capitão – disse Marques, um tanto acusador. – Se vocês não tivessem provocado tamanha destruição...

– É fato que não podemos acusar ninguém, Major – ripostou, Polanski, zangada com ele. – Foi justamente por isso que tentamos abatê-los. Diga, major, o que faria no meu lugar, isso se sobrevivesse ao primeiro míssil?

– Não é hora de desavenças – avisou Josué, apaziguador –, e muito menos de acusações, Major.

Fagundes aproveitou e disse:

– Os chineses e os norte-coreanos mais alguns países daquela região seguem os mesmos modelos dos Russos e até compram aviões deles. É uma pena, mas não adiantou. Major Assunção, o que foi exatamente que fizeram?

– Senhor – disse Paulo, apontando o colega. – É uma invenção do capitão, logo acredito que ele seja mais indicado para explicar.

Quatro pares de olhos viraram-se para o capitão que, sem jeito, começou a explicar:

– Eu desejava melhorar alguns sensores que serão usados na nave, Coronel. A ideia era tentar localizar corpos celestes, asteroides mais precisamente, que não emitissem nenhuma radiação ou absorvessem ondas. Seriam como corpos negros que poderiam colidir com a nave e, dependendo do tamanho e velocidade, seríamos vaporizados. Quando fiz os primeiros testes, descobri que tinha um reflexo minúsculo sempre que um "acidente" acontecia. Concluí que devia ser um observador.

– Parabéns, Capitão – disse Josué. – Excelente iniciativa e, de lambuja, temos algo capaz de pegar aviões invisíveis. Muito bom mesmo.

– Obrigado, senhor. – Antônio sorriu. – Só tenho pena que não conseguimos capturá-los.

– Acredito que teremos alguma paz, pelo menos – argumentou Luísa.

– E a senhora, Polanski. – Josué olhou-a. – Donde raios tirou a ideia de usar os jatos para substituir armas? Eu vi o video dos equipamentos internos do Eclipse e não consigo conceber uma coisa daquela, sem falar na reação para desviar do míssil.

– Ora, senhor, era o que havia e precisei de improvisar – explicou a tenente-coronel. – O jato tem uma temperatura de saída de mais de dez mil graus e foi a melhor escolha. Quanto a desviar de mísseis, trata-se de bastante prática, muitos anos mesmo.

– Bem – Josué levantou-se. – Capitão, gostaria que desenvolvesse algo capaz de ser usado nos radares da torre para que possamos ampliar a precisão da nossa defesa. A partir de hoje, teremos oito interceptadores em prontidão aqui na base. Já solicitei o apoio. Bom trabalho, gente. Podia ser melhor, mas muito bom. Dispensados.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora