Capítulo 9 - parte 3 (rascunho)

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Luísa olhou para o marido que saía com o filho. A doutora Polanski ia levantar-se para acompanhar o irmão quando a mãe pediu:

– Filha, fica comigo que desejo traçar um plano de ação e necessito de informações adicionais.

– Qual é a ideia, mãe?

– Livrar-me desses demônios – respondeu de soco, como se já aguardasse a pergunta. – Salvar a Terra. Toninho, acho que podemos vencê-los sem dificuldades, mas...

– Eu conheço esse olhar – interrompeu Antônio, rindo e abanando a cabeça. – Sim, armas de raios não funcionam, mas projéteis comuns resolvem o caso.

– Exato, tchê, mas precisamos de enxergar esses sujeitos para podermos atirar.

– TC, sabes o que é um ecobatímetro? – perguntou o capitão, pensativo.

– Nunca ouvi falar em tal coisa – disse, arregalando os olhos.

– Eu tinha um amigo em Porto Alegre que gostava de velejar. Ele tinha um barco brande e muito bonito e foi lá que conheci um ecobatímetro. Como o barco pode encalhar, em especial no Guaíba, que não é muito profundo, usa-se esse aparelho para medir o fundo – explicou, professoral. – Na essência, é um sinal sonoro na faixa de ultrassom que é emitido do barco. Quando ele alcança o fundo, rebate e volta como um eco. Sabendo a velocidade do som na água, fica fácil calcular a distância do fundo em função do lapso de tempo.

– Um tipo de radar sonoro! – exclamou Luísa, eufórica. – Mas que ideia genial.

– Seria por aí, criar com tipo de radar sonoro que fosse acoplado a um capacete tático gerando uma imagem suficientemente clara para nos ajudar a identificar os desgraçados. Só que, no espaço, não temos ar. Talvez um sensor de infravermelho, em vez de som...

– Não, interrompeu a cientista. A deflexão da luz abrange as faixas de infra-vermelho e ultravioleta. Mas no espaço eles não usam. Suponho que as naves demandem demasiada energia.

– Mas será que temos condições de fazer um desses detetores sonoros na nave? – quis saber a comandante, preocupada e um pouco céptica.

– Não seria fácil, mas não seria impossível – respondeu o capitão. Olhou para a doutora Polanski e continuou. – Por outro lado, a senhora mencionou instalações fabris.

– Sim, eu domino algumas deles e posso passar qualquer projeto para construírem, usando o Artur.

Após ouvir aquilo, Luísa começou a pensar em muitas coisas. Se eles conseguissem derrotar o inimigo ali, teriam mais de uma opção, uma vez que a filha poderia mudar a nave. Por outro lado, ela poderia libertar a Terra, mas seria uma empreitada de resultados duvidosos, ao passo que ir para um mundo humano que lhe permitisse juntar um exército, seria muito mais garantido. Enquanto analisava as opções, deu-se conta de mais detalhes. Virou-se para a filha e questionou?

– Essas instalações estão nos níveis inferiores – comentou, bastante preocupada. – Eu não vejo uma forma segura de pegar os equipamentos manufaturados.

– Sim, é complexo. A ideia seria usar robôs – respondeu Luísa filha.

– Só que eles não saberiam se fossem seguidos – retrucou a comandante, pensativa. – Seria possível gerar algo para um dos robôs que fosse para lá ser capaz de identificar os Krills durante o caminho de volta?

– Sim, seria – respondeu a filha, eufórica. – Devia ter pensado nisso.

– Quanto à "Marcos Pontes", ela poderia ser equipada com esses equipamentos modernos: campo de força, gravidade artificial, neutralizador de inércia e motor de hipersalto?

– Sim, mãe – respondeu a cientista. – Eu tenho de memória todo o projeto dessa nave. Será fácil e a instalação demorará, no máximo, dois dias terrestres.

– Perfeito – comentou a mãe, aliviada. – E quanto aos caças que temos a bordo. Campos de força e neutralizadores de inércia?

– Simples – respondeu a filha. – Isso desde que sigam os modelos obsoletos dos museus. Talvez até um hipermotor.

– Muito bem, isso é um excelente começo – falou a comandante, compenetrada. – Tenho no meu camarote quatro das mais novas armas de fogo do meu tempo e acho que será fácil detonar essa corja.

– Epa – resmungou Antônio. – Essa nem eu sei.

– Trata-se de uma pistola de repetição com vinte tiros – explicou a comandante. – Mas os projéteis são micromísseis feitos com o combustível do Paulo. Alguém devia ter inventado um nome para ele. Temos cargas para seis mil disparos cada.

– No nosso tempo ele tem um nome, mãe – disse a garota, risonha. – Ele chama-se Paulino.

– Mas de onde surgiu essa arma? – questionou Antônio, espantado.

– A retaliação contra os sabotadores começou muito cedo, Toninho – explicou a comandante. – Apenas não imaginei que se transformaria em um conflito global e que venceríamos com tanta facilidade. Difícil mesmo foi convencer o Paulinho a fazer aquele negócio detonar sem latência. Ele sabia que ia acabar em armas, mas agora, será a salvação da humanidade, se tudo der certo.

― ☼ ―

O ecobatímetro é exatamente assim – um sonar. N.A.

Estação Júpiter 80Onde histórias criam vida. Descubra agora