Capítulo 67: Infinito

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POV. Camila Ferreira Gonçalves

O médico que estava no casarão no momento do óbito foi quem cuidou das coisas do velório, porque ele percebeu que a minha esposa não estava em condições. Estava muito abalada, mesmo tentando se fazer de forte era nítido que ela não estava nada bem em ser a linha de frente daquela situação. Ela era a filha mais velha, independentemente se eles tiveram pouco tempo para se relacionarem, ela era a primeira filha de Domingos e havia um amor genuíno de pai e filha que nem mesmo a distância poderia atrapalhar.

Acabou que toda responsabilidade iria cair em sua cabeça, mas graças a Oxalá tivemos ajuda. 

Quando o corpo de Domingos chegou na capela da fazenda, minha mente pareceu reproduzir a cena do caixão de meu pai sendo velado naquele mesmo local. Para piorar toda a situação a chegada de Rosa e Pedro deixou o clima ainda mais pesado.

- Eu não sei se quero ficar aqui... - Disse minha esposa baixinho.

Estávamos do lado de fora da capela, mas dava pra ouvir os gritos de Pedro querendo respostas do porque ele e sua mãe não foram comunicados antes.

 - Tu precisa ajudar Carol, meu amor. - Sussurrei baixinho em seu ouvido no instante em que abraçava seu corpo na tentativa de passar algum tipo de conforto.

- Não tô legal, não...

Sua voz fraca dilacerava meu coração.

- Quer ir pra casa um pouco?! Podemos chamar sua mãe e Carol pra tomar um chá... Não sei. - Olhei em seus olhos verdes e vi o quão perdida ela estava.

- Pode ser...

Disse ao se sentar no banco de madeira na área externa da capela.

- Fica aqui, tá? Eu vou lá dentro chamar as duas.

Selei seus lábios antes de entrar a procura de Carol e Sarah.

- ISSO É UM COMPLETO ABSURDO! - Pedro estava aos gritos com os amigos de Domingos. - EU SER O ÚLTIMO A SABER.

- Pedro, respeite o papai. - Carol estava devastada.

- CALE SUA BOCA, CAROLINA.

Ele estava completamente descontrolado.

- Ei, tu não fale assim com ela não viu?! - Me meti.

- EU FALO DO JEITO QUE EU BEM ENTENDER, CAMILA.

Minha esposa entrou pela primeira vez na capela, nem parecia a mesma pessoa que eu havia deixado lá fora agorinha mesmo. Estava tomada pelo ódio.

- Escuta aqui seu babaca, foi ele quem pediu para não lhe avisar porque queria partir em paz. Entendeu? Está mais do que obvio que sua presença não traz isso a ninguém.

Lauren estava cara a cara com Pedro, não elevou o tom de voz para passar aquele recado.

- Ou você respeita o velório do meu pai, ou eu te arranco daqui de dentro e te dou uma surra lá fora. Você escolhe. - Ela sussurrava suas palavras num tom ameaçador.

Pedro riu na cara de Lauren e soube naquele instante que o pior ainda estava por vir.

Certas coisas não dá pra fugir; 

Eu me lembro muito bem da decisão que tomei quando pedi pra Lauen me deixar em paz, parte dela era por temer esse enfrentamento constante entre Pedro e ela. De que adiantou, se o destino desses dois estavam traçados pelo laço de sangue que os uniu. 

- Tá me ameaçando, irmãzinha? - Ele baixou o tom de voz.

- Não, não é uma ameaça. É uma jura. - Concluiu minha esposa num tom de dar medo.

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