Capítulo 68: Canto do Amor

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POV. Camila Ferreira Gonçalves

Aproveitei a reunião de Lauren pra matar a saudade de cavalgar com Esmeralda, pois somente o contato com os animais e com a natureza acalmaria o meu coração naquele momento. E eu definitivamente precisava aliviar a tensão de esperar a minha esposa voltar da abertura do testamento de Domingos.

O que me deixava mais agoniada era que dependendo do contexto desse testamento, o caos se instalaria em Muçambê. Ao voltar avistei Lauren saindo da baia.

– Oxiiii. Já meu amor? - Perguntei ao descer de Esmeralda.

– Graças a Deus. - Respondeu ela aliviada. - Eu não aguento ficar muito tempo no mesmo cômodo que aquele garoto mimado. Lembrei-me do dia em que ela foi até casa de mãe para pedir autorização de se mudar para a casa do riacho por não conseguir viver no mesmo teto que Pedro.

– Foi tão ruim assim, meu amor? - Segurei as rédeas de Esmeralda para levá-la a baia.

– Ele está lá dando show junto com aquela mulher machista que infelizmente é mãe da minha irmã. Lauren me acompanhou até a baia de Esmeralda.

– Como assim, amor? - Perguntei enquanto tirava os equipamentos da égua.

– Domingos não deixou nada para ele.

Minha alma gelou com aquela informação.

Toda a vida Pedro enchia a boca pra dizer que aquelas terras um dia seriam dele. Fechei a porta de Esmeralda e a desgraça aconteceu.

– O que foi Camila?

Perguntou minha esposa ao perceber que travei quando vi Pedro chegando virado no cão com uma arma em punho.

– Você realmente acha que vai ficar com tudo???? - Disse ele visivelmente transtornado.

Pedro estava armado, apontando aquela merda para minha esposa que no instante em que percebeu tomou a minha frente pra me proteger.

– VOCÊ REALMENTE. - Riu entre a fala. - ACHA QUE PODEE FICARR COM TUDOOO????? - Gritou ele mirando a arma para minha esposa enquanto caminhava em nossa direção.

– TUDO O QUE É. MEU. - Desviou a mira de Lauren para mim e apertou o gatilho.

Mesmo Lauren tentando me proteger a intenção de Pedro era me acertar, e acertou. Levei a mão em meu abdômen ao sentir o impacto daquela bala adentrando a minha barriga.

Tentava puxar o ar, mas não conseguia. 

– CAMILA!! - Esbravejou minha esposa ao me acudir. - CAMILA POR FAVOR RESPIRA!

Minha esposa se desesperou quando viu a quantidade de sangue que eu estava perdendo. Ela tentava pressionar a perfuração na tentativa de estancar e me ajudar de alguma forma. Mas eu já começava a ficar muito desnorteada, já não conseguia entender mais o que a minha esposa dizia. Outras vozes ao redor, mas não conseguia identificar quem era, estava zonza e com muito sono.

– NÃO FECHE OS OLHOS, MEU AMOR. - Batia levemente em meu rosto. - FIQUE ACORDADA! POR FAVOR FIQUE ACORDADA! - Lauren pedia aos prantos.

Quanto mais eu tossia, mais impossível parecia continuar respirando.

– ME AJUDE!!!! - Ela conversava com alguém. - PRECISAMOS LEVÁ-LA DAQUI, ANDA!!!!!

Sentia uma falta de ar insuportável, junto com um peso nos olhos que me impedia de continuar olhando para Lauren conforme ela havia me pedido.

– Lau-ren... - Usei do resto de minhas forças para conseguir falar.

– Shhh meu amor, não fala. Não fala nada, por favor. Por favor fica quietinha. - Disse minha esposa aos prantos.

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