Capítulo 31: Prontinha

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POV. Camila Ferreira

Sentia meu corpo tremulo pelo que havia acabado de acontecer naquela cozinha. O gosto do beijo de Lauren ainda estava presente em minha boca, meu coração ainda estava acelerado por tudo o que consegui dizer a ela depois tantos anos, a verdade é que eu nunca esqueci essa mulher.

Respirei fundo ao chegar no quarto e corri pra tomar um banho rápido. Escolhi um vestido justo na cor preta, sem alças e com um belo decote. Eu gostava muito de como ele modelava meu corpo e realçava minhas curvas.

Fiz um coque alto um pouco afrouxado deixando algumas mechas soltas dando aquele ar de mal-feito; brincos de argola, uma maquiagem leve e batom vermelho.

A gente tem uma ilusão de que ir pra fora do Brasil é sinônimo de frio e neve; Califórnia era quente, não tão quente quanto Muçambê, porém tinha um clima gostoso que me permitia usar minhas roupas de verão.

Eu não fazia ideia de onde Lauren me levaria, mas provavelmente iríamos sair já que ela me pediu para encontrá-la na garagem. E quando cheguei ela já estava a minha espera.

Encostada em seu carro conversível daqueles modelo antigo da cor vermelho, inacreditavelmente ela usava uma roupa totalmente diferente da que eu estava acostumada a vê-la.

— Olha só... Tu usando branco. - Comentei ao me aproximar. - Parece até um anjo.

E parecia mesmo;

Lauren usava uma calça cintura alta de pano e um cropped amarrado na frente.

Ela me deu aquele sorriso de cafajeste meio torto e negou com a cabeça achando graça da comparação.

— Não sei se concordo com isso...

Disse ela ao sair da garagem.

— Ué, não vamos de carro? - Perguntei ao acompanhá-la.

— Não. Não vamos tão longe assim.

Disse ela rindo ao pegar um pequeno molho de chaves em seu bolso de trás.

Estávamos na parte de trás da casa, era surpreendentemente linda cheia de flores com um jardim espaçoso. Lauren parou em frente a uma porta de madeira azul turquesa que estava naturalmente envelhecida, tomada pelos galhos de trepadeira três-marias.

Três-marias é minha flor favorita desde a infância, me lembro de sair pelo quintal de Domingos na parte onde pai trabalhava pra pegar as florzinhas que caiam no chão e fazer um buquê.

— Tu sabia que tem dessas flor lá na fazenda de Domingos? - Falei ao me aproximar.

— Vai ver foi ele quem deu a semente pra minha mãe. - Disse ao abrir a porta.

Não entendi foi é nada; nem o que Lauren quiz dizer com aquilo e muito menos o porquê tinha uma escadaria por trás daquela porta. Na hora só me lembrei daqueles filmes estrangeiros onde toda casa tem um porão cheio de treco estranho.

Ela acendeu as luzes e esperou que eu passasse pra fechar a porta e descer comigo.

Mas era Lauren Gonçalves, e seu porão era uma adega de vinhos com um espaço literário.

— Uau. — Falei ao ver aquele lugar lindo de iluminação baixa em tom amarelado.

Havia um sofá espaçoso próximo a uma estante de livros, uma escrivaninha, uma pilha de folhas e uma máquina de escrever.

— Minha mãe sempre gostou de vinhos... - Disse Ela.

— Essa é a casa...

— Era da minha mãe quando tinha seus vinte e poucos anos... Quando conheceu Domingos.

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