Capítulo 50: Pequenos Vícios

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POV. Lauren P. Gonçalves

Porque será que a gente tem disso de pegar as coisas transformá-las em pequenos vícios?! Uma rotina gostosa que você entra e não quer mais sair. Simplesmente não conseguir dormir direito por falta de um outro corpo ali do meu lado; que sensação mais doida essa de dependência total.

O amor tem disso;
É como se meu corpo respondesse a falta de Camila, e em cada musculo meu eu sentia uma dor diferente.

O estranho é que já passei por isso antes, ficar longe dela não era uma novidade, mas agora era diferente... Era como se o nosso amor tivesse ficado três vezes mais forte, mais intenso e logo no primeiro dia percebi que não suportaria dois meses numa boa como imaginei. 

– Preciso voltar pra Venice, mãe. Ainda hoje. - Falei ao terminar o meu café da manhã. - Ainda hoje não, vou agora!

Estava sim acelerada e querendo resolver as coisas o mais rápido possível.

– Tem certeza, filha? - Perguntou ela preocupada. - Você está com uma cara de cansada...

– Não estou mãe. Só preciso começar a organizar umas coisas, falar com Rita... 

– Não fique assim filha, logo vocês estarão juntas de novo. Não precisa pegar a estrada agora, descansa um pouco mais... Não acelere as coisas assim.

– Estou bem, mãe. - Olhei o celular pela milésima vez.

– O que foi? Camila não mandou nada ainda?! Ela não avisou que chegou ou algo assim? - Perguntou minha mãe.

– Falou sim, ela chegou bem e foi dormir. Só que eu não confio naquele merda. 

– Quem é merda, Lauren?! O que foi que aconteceu? Por que você está nessa agitação toda? Camila está bem filha, ela não lhe avisou que chegou?!

Eu realmente não havia contado nada do que tinha acontecido em Muçambê para minha mãe. Ela teve que aturar minha bipolaridade, minha fase depressiva e violenta sem questionar o porquê eu estava fazendo aquilo comigo mesma. Aguentou tudo em silêncio. 

– O irmão de Carol, mãe.

– Ele não é filho de Domingos?

– Sim.

– Então é seu irmão também, filha. 

Respirei fundo pra não ser grosseira de graça com alguém que realmente não merecia. Lembrar da existência desse moleque me deixava assim. 

– É mãe. - Falei num sussurro. - Ele assediava Camila anos atrás, está um tempo sem vê-la por causa da faculdade, e agora eu realmente acho que não surtei assim antes porquê de certo modo me sentia segura pelo fato dela tá fazendo faculdade bem longe daquela cidade. Só que agora ela tá lá no mesmo lugar que esse moleque. - Bati na mesa. - Eu preciso resolver essas coisas pra ontem. - Me levantei. 

– Ei!! Pode sentando-se aí de novo. - Disse minha mãe me puxando pelo braço. - As coisas não podem serem resolvidas desse jeito, Lauren. Sente-se e respire fundo.

Anos que minha mãe não tomava uma atitude dessas. 

– Veja com Rita de cuidar da casa de Venice pra você, ela é uma menina maravilhosa e eu a tenho como filha também.

– Eu sei... Eu só não queria deixá-la sozinha, trouxe a garota pra cá e depois volto pro Brasil?! Não dá.

– Se ela quiser pode ficar aqui, será uma companhia maravilhosa. 

– Não é assim mãe. Ela... Eu nem sei, não sei como anda as coisas. Se ela está estável, bem... Também tenho um monte de reuniões com um pessoal que tem interesse em criar projetos educacionais em Muçambê, não sei nem por onde começar. Depois que Camila entrou pela minha porta, eu vivi uma outra realidade esses últimos meses. 

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