POV. Camila Ferreira
Juntei as mãos formando uma concha pegando um punhado de água e fechei os olhos ao sentir o contato daquela água gelada em meu rosto que parecia queimar, na realidade o meu corpo inteiro estava quente e não era pelo calor daquela manhã abafada. Definitivamente não era.
Lauren estava imóvel.
Parecia até hipnotizada.Limpei as gotículas de água de meu rosto e a olhei de longe.
— Vo-ocê... Quer que eu, eu...
Logo ela tão autoritária, gaguejando?! Olha só.
— Não. - Respondi rapidamente. - Quero que fique.
Sentia uma pressão em meu ventre, meu corpo inteiro parecia reagir a minhas escolhas.
Nunca em minha vida eu me senti tão viva.— Acha que pode chegar alguém? - Ela parecia preocupada.
— Tu tá esperando alguém? - Rebati sua pergunta com outra.
— Não. - Respondeu num sussurro, mas ainda olhando em volta.
— Pois então pronto. Não vai chegar ninguém e também não vejo problema algum. Não estamos fazendo nada de errado.
— É, não estamos. - Ela estava nitidamente desnorteada. - Só não... Não quero que pensem coisas de você. Eu não me preocupo comigo, me preocupo com você.
Sua preocupação me fez sorrir.
— Deixe de besteira, Lauren. - Disse antes de mergulhar e nadar pra perto da queda d'água.
Banho de cachoeira, já tomaram?!
É limpeza profunda, eu tava precisando tanto disso.Aos poucos Lauren relaxou e também mergulhou. Se manteve longe e evitava contato visual, mas seguiu ali comigo.
Terminamos o banho de rio, ela saiu primeiro se vestiu na beira do rio, se virou pra que eu fizesse o mesmo e voltamos pra dentro de casa juntas.
Ela preparou o café da manhã, ou melhor, passou um café e serviu algumas torradas com margarina. Não tinha muita coisa na geladeira, o mesmo nos armários, porque afinal ela havia acabado de se mudar e ainda estava de adaptando ao lugar.
— Você vai direto pro trabalho? Quer uma carona?
Lauren estava tentando quebrar o clima de silêncio em meio a tudo.
— Uma carona na sua moto? - Perguntei e ela respondeu afirmando com a cabeça.
Novamente acabei rindo.
— Não, obrigada. Não gosto de subir nesse negócio.
— Ah para, vai dizer que tem medo?
— Tenho.
— Você vive montada em cavalos e tem medo de moto. Como pode?
— Cavalos são seres vivos, tenho uma conexão com eles. Vai além de subir num negócio e dar partida.
— Você está certa. Me desculpe. Fui extremamente insensível agora. - Ela ficou corada com minha resposta.
E toda coragem que aquele banho havia me dado, pareceu desaparecer quando percebi que tinha achado a coisa mais linda aquela mulher corada.
Mizerá! Preciso sair de perto dessa criatura o mais rápido possível.
— Obrigada pelo café. - Levantei ainda terminando minha xícara. - E pela estadia. Tenha um bom dia, Lauren.
Sai sem olhar pra trás, montei em Esmeralda e fugi como o diabo foge da cruz.
POV. Lauren P. Gonçalves
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Tropicana
RomanceLauren é fruto de um romance entre um nordestino e uma americana; nasceu no Estados Unidos, nunca pisou no Brasil e nem mesmo conhece seu pai. Tinha de tudo e ao mesmo tempo não tinha nada. Alcoólatra aos 27 anos, valentona que vive se metendo em co...