Capítulo 70: Rita

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POV. Lauren P. Gonçalves Ferreira

Aquele maldito dia parecia não ter mais fim, todo aquele rebuliço que ocorreu desde a abertura daquele testamento me fez temer aquela herança. Toda a fortuna que herdei havia se tornado a minha maior desgraça, eu certamente renunciaria a tudo para ter minha esposa aqui comigo. 

Fomos buscar Simone na cidade vizinha e Vitória praticamente fez aquele carro voar no caminho de volta para chegarmos a tempo da visita, eu finalmente poderia ver a minha menina novamente. 

Foi dona Sarah conversou com Simone e explicou toda a situação, claro que a mãe de Camila se descontrolou no primeiro momento, mas minha mãe era uma pessoa tão especial que rapidamente conseguiu controlar o nervosismo de Simone.

Hoje consigo enxergar com nitidez a sorte que tive em nascer filha de Sarah Pearl, ter a minha mãe ao meu lado nesse momento é o que me impede de surtar de vez. Porque em menos de 24 horas eu vi a minha esposa ser baleada por aquele maldito bem na minha frente e eu simplesmente não pude fazer nada para impedir aquela tragédia.

 Fecho os olhos e a imagem de Camila desfalecendo em meus braços me aterrorizava, ainda tenho seu sangue em minha roupa misturado com o sangue daquele desgraçado que fiz questão de manda-lo diretamente para o inferno. Antes de entrar no hospital troquei a minha camiseta por uma que Vitória tinha em seu carro.

MALDITO SEJA!

Eu não conseguia pensar direito, pois o medo me paralisava a cada minuto que se passava sem uma informação concreta.

 - Filha, Simone irá entrar com você. - Comentou minha mãe ao se aproximar acompanhada por Simone.

Balancei a cabeça em positivo, olhava fixamente para a tela do meu celular na esperança de alguma notícia de Romina. Aquele era o ÚNICO hospital da cidade e estava completamente abandonado pelo estado, assim como tudo naquele lugar.

Me sentia no dever de fazer algo por Camila e por todos os habitantes de Muçambê. Não era justo terem que viver desse jeito. Procurei evitar qualquer tipo de contato direto com Simone, porque naquela altura do campeonato eu não aguentaria uma discussão.

- Senhora Lauren. - A recepcionista me trouxe a realidade.

- O-oi! Oi! Desculpa eu... - Guardei o celular. - Já podemos entrar? Já está liberado? - Não consegui disfarçar minha ansiedade.

- Sim, você tem direito a um acompanhante. - Disse a recepcionista.

- Sim, será a senhora Simone Ferreira. Mãe da paciente.

- Certo. Preciso do documento de identificação das duas. - Disse a recepcionista.

Entreguei o meu passaporte e Simone seu RG. Em alguns minutos a recepcionista nos entregou duas pulseiras de identificação que dava acesso a unidade de terapia intensiva, uma enfermeira nos levou até a área onde se encontrava o leito de minha esposa. Observei com atenção cada detalhe daquele hospital e de fato o cenário era pior do que eu imaginava.

Tomei fôlego antes de adentrar aquele lugar, e naquele instante recorri aos céus... Pedi forças pra suportar o que estava prestes a ver. Camila sempre foi uma mulher forte, saudável, ativa...

Mantive alguns segundos de costas, segurando a maçaneta como se estivesse buscando coragem para me virar e ver a minha Camila inconsciente num leito qualquer. Nunca estamos preparados para ver quem amamos naquela situação.

Pude ouvir o choro de Simone ecoar pelo pequeno ambiente, soltei o ar devagar e neguei com a cabeça.

Por favor, não me deixa.

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