Capítulo 40: Baião

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POV. Lauren P. Gonçalves

Quando chegamos minha mãe e Camila foram direto pra cozinha preparar o tal baião.

Carol me mandou a localização, disse que Vitória estava na direção que não precisava me preocupar e pelos meus cálculos estavam por chegar. 

— Precisam de ajuda? - Perguntei ao adentrar a cozinha.

— Não, filha. Camila nem está me deixando ajudá-la.

Comentou minha mãe enquanto arrumava as coisas na mesa.

— Abusando de sua nora, dona Sarah? - Perguntei em tom de brincadeira.

— Estou de ajudante hoje, filha. E aprendendo muito com Camila, viu?! 

— Deixa de encher o saco da sua mãe, dengo. Eu realmente acabei tomando a frente, não resisti. Sempre gostei de cozinhar e tem sido um prazer fazer isso para a minha sogra. - Sorriu ao dizer aquilo.

Confesso que foi lindo assistir a interação das duas; minha mãe e a mulher que eu amo cozinhando juntas rindo como velhas conhecidas. Madison chegou a frequentar essa casa e tinha um bom convívio com minha mãe, mas não a esse ponto.

Nunca oficializamos nada, por isso sua atitude no mercado me pegou de surpresa e me fez pensar que de fato ela vive uma relação platônica a ponto de achar que pertenço a ela. A culpa é minha de não por limites. Só espero que Camila não surte com tudo isso. 

A buzina desesperada na frente de casa só podia ser Carol.

— Pode deixar que eu atendo. - Falei pra que minha mãe continuasse com Camila.

E a minha cara pra encontrar Carol?!

Eu não tinha.

— E ainda me vem com essa cara lavada, essa cara véia branca. TU SEQUESTRA A CAMILA NO MEIO DA NOITE.

Seria loucura dizer que estava com saudades daquele jeitinho escandaloso que só Ana Carolina Gonçalves tinha.

— Ei amor tu acabou de chegar na casa do povo, véi. Já ta fazendo escândalo. - Vitória era seu total oposto.

As duas eram uma espécie de junção perfeita, eu gostava da energia boa que vinha daquele casal.

— Como que você aguenta? - Perguntei a Vitória só pra encher o saco de Carol. 

Minha irmã me deu uns tapas no braço e no fundo eu sabia que merecia.

— Desculpa ter esquecido de avisar!!! Aiiii, chega. Sério, irmãzinha me perdoa?

Carol botou a mão na cintura, me olhou com aquela cara de "fazer o que" e logo me abraçou.

— Eu só te desculpo porque sei que tu estava doida de saudades daquela bichinha. - Carol me beliscou a barriga.

— Mas menina pare! - Segurei suas mãos pra evitar outros possíveis ataques. 

— Eu esqueço completamente do mundo ao lado daquela mulher. - Confessei sorrindo.

— Ihhh a lá. - Vitória apontou pra mim. - A cara de besta.

As duas começaram a rir de mim enquanto tirávamos as malas do carro.

— Camila está fazendo baião com a minha mãe. Acreditam nisso? - Não conseguia disfarçar. 

— Aiii bichinha tu tem tanta coisa pra me contar!

Carol tava que não se aguentava.

— Si-imm. - Acompanhei o carro que se aproximava sentido contrário da rua e soltei um riso fraco quando ouvi as três buzinadas.

— Eu não... - Agora tive que rir.

Camila iria surtar sim, quem eu tô querendo enganar?! Quando ela descobrir que Madison morava praticamente do outro lado da rua, ela iria surtar. Eu sei. 

— Oxi?! Aquela mulher buzinou... - Carol ligou os pontos. - Pra tu? Por isso que você... - Era lenta, mas ligou. - Tá rindo.

— Mana eu tô tão fodida... - Confessei. - Vamos entrar que assim que eu tiver uma oportunidade conto pra vocês duas o que aconteceu. E ahh... Minha mãe, ela meio que gosta do seu pai, então... Não fica chateada pela sua mãe, sei lá. 

— A mãe e Pedro são pecados que eu tenho que pagar nessa vida, mana. Quem dera eu tivesse a sorte de ser sua irmã de mãe e pai e olha que eu ainda nem conheci a dona.

Não sabia nada da relação de Rosa e Carol, mas não confesso não fiquei surpresa ao ouvir aquilo.

Colocamos as malas no canto da sala e fomos para a cozinha encontrar minha mãe e minha noiva. 

— Meninas!!! Sejam bem-vindas a família viu?! - Minha mãe cumprimentou as duas com um abraço. 

— Carol quem é? - Perguntou depois de soltar Vitória.

— Carol é ela. E eu sou Vitória, muito prazer viu?

Lá foi minha mãe abraçar de novo Carol.

— Eita que sua mãe se apaixonou. - Minha noiva comentou baixinho ao se aproximar. 

— Eu divido dona Sarah com Carolzinha sem problemas. - Sussurrei de volta pra Camila.

— Credo que fiquei até emocionada.

E realmente depois do abraço Carol estava emocionada.

— Faço questão que fiquem aqui até voltarem pra Muçambê. - Disse minha mãe a Carol e Vitória.

— Mmm, bom que terei tempo o bastante pra conhecer aquele seu quarto... - Sussurrou Camila próximo ao meu ouvido.

Ela não queria que ninguém além de mim ouvisse suas possíveis baixarias.

— Camila... - Ela riu.

Estávamos imersas ao nosso pequeno universo; o resto do mundo pouco nos importa. 

Minha mãe parecia empolgada na conversa que ela desenvolvia com as meninas. Camila acenava e sorria fingindo fazer parte daquele assunto já que Carol falava de Muçambê.

— Tu sabe que eu amo esse teu jeito de falar o meu nome, então fale mais... Fale baixinho aqui no meu ouvido.

Sussurrava em meu ouvido feito uma tentação, me abraçando por trás e aproveitando o degrau da cozinha para ganhar altura e poder apoiar seu queixo em meu ombro.

— Olhe pra isso! - Carol apontou para nós. - Tu acredita Sarah que Camila praticamente me viu crescer?

Carol atrapalhou o joguinho de Camila.

— E agora será sua cunhada! Eu não vejo a hora desse casamento acontecer.

Carol abriu a boca no instante em que minha mãe terminou a frase.

— Espera. O QUE? 

Carol e Vitória foram de encontro a nós duas pra juntarmos num abraço coletivo.

— Como assim, minha gente? A menina é sequestrada e volta noiva? - Vitória estava achando a maior graça.

— Temos que comemorar!!! Rita disse que terá uma festa babadeira hoje e que iria pra lá. Pois agora é questão de honra todas nós irmos, até porque ela me disse que terá músicas brasileiras e já que Lauren vai se casar com Camila temos que comemorar... E nada mais justo que ela vê sua mulher rebolando a raba num funk, porque isso minha cara irmã TU ainda não viu.

— Olha, Vitória dê um jeito nessa menina por favor. Falando essas coisas na frente de minha sogra.

— E onde fica essa festa? - Perguntei torcendo para que não fosse um nome.

— Lure. - Disse Carol.

Era o nome;
Que Deus me ajude nessa comemoração. 

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