Capítulo 22: Velhos hábitos

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N/A: Estou tentando fazer vários capítulos para compensar a minha ausência. Estou trabalhando feito uma doida com a minha mina para manter o nosso bar aberto. É uma dúvida, vocês querem o link da playlist da fic? Acho que se pesquisar Fanfic: Tropicana no Spotify aparece hein. Amo vocês e obrigada por receberem tão bem essa história, estou amando os comentários fico toda besta. É isso.

POV. Camila Ferreira

Perdi as contas de quantas vezes li aquele contrato e principalmente a proposta de estudos.

Sempre gostei de estudar, fui a única neta a terminar o colegial. Era motivo de orgulho pra família, estudei na cidade vizinha foi bastante sofrido.

E agora eu teria que me mudar pra outra cidade caso aceitasse essa proposta de estudo, talvez essa distância faça bem pro meu atual relacionamento com mainha, porque desde o acontecido tem sido extremamente complicado ficar na mesma casa que ela.

Faltava só mais alguns meses para o final do ano e consequentemente o início de uma nova realidade.

Uma realidade longe de Muçambê.

Carol se tornou a minha melhor amiga e graças à Deus também será minha companheira nessa aventura universitária. Já que ela decidiu seguir os passos de sua irmã mais velha e estudar Letras.

E por falar em Lauren, nunca mais tive notícias. Estou colhendo os frutos daquela frase infeliz.

Me deixe em paz.
Sendo que a minha paz era aquela mulher.

"Só o que é bom dura tempo o bastante para se tornar inesquecível."

Diacho de frase pra fazer sentido.

POV. Lauren P. Gonçalves

E para a decepção de minha mãe, sua filha volta pra cidade pior do que havia saído. Porque desde que pisei em Los Angeles não parei mais de beber.

Tá aí, um vício do qual Muçambê havia me "curado".

Ok, eu bebia uma ou outra taça de vinho e se me lembro bem foi nessas taças de vinho que a desgraça foi feita.

Camila e eu havíamos bebido demais naquela fatídica noite.

— Lauren, por que você não responde seu pai? Sua irmã?

— Pai?! Domingos é um banana de calça apertada, Sarah. Minha irmã não precisa de mim, viveu sei lá quantos anos sem saber da minha existência.

— Oh, minha filha... O que foi que aconteceu lá hein?

Desde que cheguei não falei absolutamente nada sobre a minha volta repentina e olha que esconder algo de minha mãe era praticamente impossível.

— Dê esse presente de natal a sua irmã, vou deixar o número dela em seu quarto.

— Está certo, mãe. No natal eu ligo pra ela, ok? Vou pro quarto agora tá? Boa noite.

Não pegava naquele celular desde o dia em que embarquei de volta pra Los Angeles, porque sabia bem o que eu poderia encontrar ao ligá-lo e para o bem do resto da minha saúde mental evitei qualquer lembrança daquele pequeno surto que foi viver em Muçambê.

Essa decisão foi tomada quando a minha mente resolveu lembrar de cada palavra que Camila me disse quando me pediu pra lhe deixá-la em paz.

Entre os gritos ela me falava que a minha presença a faria mal e que ela não suportaria viver nesse inferno. Surreal ouvir isso da pessoa que horas atrás estava aquecendo seu peito, sua cama, sua alma...

Porra, aquela menina me despedaçou.
Outro celular, outra vida.

Mantive o meu "passado" desligado e quem sabe ligasse pra Carol de meu novo número no dia. E por falar em novo número...

Notificação de nova mensagem - número desconhecido

De volta a LA, Baby?

Olhei a foto de perfil e desacreditei.

Como é que você descobriu esse número? Olha, você me assusta.

Nah! Deixa de besteira, eu não tenho culpa se você continua frequentando os mesmos bares e passando seu número pra todas as bartenders de LA. Se quiser posso fechar uma boate e me fantasiar de bartender pra realizar esse teu fetiche.

Madison.
Meu problema desde os tempos de colégio.

Lauren: Preciso parar de beber, ou talvez de frequentar os bares de LA... Não sei, estou confusa.

Madison: Aliás, onde você se meteu? E por que está em crise?

Lauren: Não estou em crise.

Madison: Baby, te conheço desde seus sei lá 16 anos e sei muito bem de seus problemas com o alcoolismo. Alguma coisa aconteceu nesse teu sumiço, me fala por favor?! Vamos nos encontrar, me deixe cuidar de você.

Lauren: Você não desiste nunca, não é? Inacreditável. Madison você sabe muito bem que não damos certo.

Madison: Baby, não estou te pedindo em casamento. Só me preocupo com você, caramba.

Não sei por que, mas acabei acreditando naquele papo e resolvi encontrar Madison naquela noite. Mas me arrependi ao ver que o local de encontro seria em um bar e que todo aquele papinho de cuidar era só pra me fazer ir até a ela.

Ficamos apenas na cerveja, nada muito pesado pra conseguir dialogar corretamente.

— Então você realmente não irá me contar onde esteve?

— Não.

— Por que não? Preciso saber o que aconteceu de tão pesado para te deixar nesse estado. Você está cheirando a álcool, Lauren.

— Bukowski é meu escritor favorito, vai ver estou me tornando ele.

— Nas safadezas pode até ser, mas você tem um Q de Shakespeare nesse teu peito.

— Se pensar pelo lado das tragédias, possivelmente tenho sim.

— Que seja! Eu ainda arranco de você o que aconteceu nesses meses longe de casa. Eu sinto o cheiro dessa fulana que te deixou nesse estado.

— Então ela cheira álcool? Porque segundos atrás você me disse que estou cheirando a álcool.

— Cala a boca, Lauren. Você e essa sua mente brilhante que se esquiva de qualquer coisa. Que inferno! Estava com saudades de você.

Se debruçou e me roubou um selinho.

— Madison...

— Esse seu tom de advertência não funciona comigo, Lauren. - Ignorou e me beijou.

Fazer o que?! Eu tentei uma vida nova, mas ela me mandou de volta ao meu passado e consequentemente aos meus velhos hábitos.

Que Deus me ajude! 

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