Capítulo 1: Sobrenome Gonçalves

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N/A: Sejam bem-vindos a mais história de M0rgak; já sabem ne? Foi mais uma brisa. Espero ter a companhia de vocês mais uma vez nessa minha jornada. Saudações a todos e obrigada por estarem aqui.

POV. Lauren Pearl Gonçalves

A estrada de terra parecia não ter mais fim, a poeira avermelhada subia conforme o carro tentava avançar em meio aos buracos. Não podia abrir o vidro, o ar-condicionado parecia ligado na temperatura errada, estávamos cada vez mais distantes da cidade grande e aquilo parecia ser só o começo.

— Onde diabos fica esse lugar?! Porra! Onde foi que eu me meti?

Deixei escapar meu pensamento em voz alta e acabei atraindo a atenção do motorista, um senhor de semblante tranquilo que mal falava.

Estávamos a tanto tempo dentro daquele carro que pude ver praticamente toda a vegetação do nordeste brasileiro.

Manguezais, caatinga, cerrado... Tudo!

— A cidade de Muçambê é mesmo longe, dona. — Respondeu o motorista depois de um longo tempo em silêncio.

Não sei dizer ao certo, mas aquele motorista tinha um quase sorriso presente em seus lábios. Transmitia uma tranquilidade fora do normal, talvez esse fosse o efeito de viver assim tão afastado da cidade grande.

Soltei um riso fraco ao me recordar daquele nome;

Muçambê.

Início de flashback

— Outra briga, Lauren?! Honestamente não aguento mais, toda semana uma notificação judicial diferente nessa casa. Você vai acabar cometendo uma loucura.

Sarah estava aos gritos.

— Conversei com seu pai. Você irá passar um tempo em Muçambê.

Confesso que estava vivendo o meu pior momento, onde nenhuma ajuda parecia surtir efeito.

— De novo isso, dona Sarah? Eu não tenho mais 16 anos. Você não pode me ameaçar com esse papo de "conversei com seu pai".

Exagerei tanto na noite passada que minha cabeça estava prestes a explodir. Só precisava da minha cama.

— Você está se destruindo, Lauren. Essa cidade está acabando com você. Eu tenho medo de te perder antes mesmo de você completar 30 anos.

Minha mãe me colocava na linha como se eu ainda fosse uma adolescente, estava exausta dessa cena repetitiva.

Éramos só nós duas e, mesmo que no momento eu não fosse a melhor companhia do mundo, não confio na minha própria mente, não era seguro ficar sozinha, então ainda vivia com minha mãe Sarah.

Estava mesmo perdida, fazendo coisas erradas e me metendo em confusões com pessoas nada legais. E pra ser honesta, mereço ouvir tudo o que minha mãe tem a me dizer, até mesmo essa ameaça de me mandar pro meu pai.

— O que você fez durante todos esses anos?

Sarah subia os lances de escadas com passos firmes, me seguia deixando claro que ela tinha muita coisa pra colocar pra fora.

Eu só conseguia me sentir ainda mais inútil por não sair daquele maldito buraco, uma vez que minha mãe parecia não compreender como alguém que tinha tudo, inclusive os melhores tratamentos e mesmo assim continuava sem evolução.

— Se formou em Letras por sua paixão pela literatura brasileira, mas parece que seu diploma lhe serve apenas de enfeite.

Não sei dizer o momento exato que tudo isso começou.

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