POV. Lauren P. Gonçalves
E pela primeira vez em minha vida, não precisei me embebedar pra curtir uma festa. Aquela era a minha primeira noite na cidade e confesso que estava me surpreendendo a cada instante com aquele lugar.
São João era uma mistura gostosa de costumes regionais, comida e música ao vivo.
Provei algumas comidas e, por pura insistência de Carol, acabei experimentando uma bebida chamada vinho quente enquanto apreciávamos o show.
Sanfonas, zabumbas e triângulos... Eram instrumentos que eu já havia visto e ouvido em vídeos quando fiz minhas pesquisas sobre o Brasil e ver aquilo pessoalmente me deixou animada.
Gostava de ouvir músicas brasileiras e forró curiosamente despertava em mim vontade de dançar mesmo sem saber.
"Olha, isso aqui tá muito bom. Isso aqui tá bom demais. Olha, quem tá fora quer entrar. Mas quem tá dentro não sai"
— Bora, mana! Venha pra cá dançar.
Carol pareceu ler meus pensamentos.
— Eu... — Neguei com a cabeça. — Eu realmente não sei dançar absolutamente nada.
Falei enquanto recuava na tentativa de fugir de uma situação constrangedora, mas minha irmã estava determinada e me arrastou pro meio do pessoal que dançavam à dois.
— É fácil, mulher. É só deixar a música te levar. — Me posicionou corretamente. — Dois pra cá e dois pra lá.
Carol falava aquilo como se fosse a coisa mais fácil do mundo; perdi as contas de quantas vezes pisei em seu pé.
— Nossa! Vou acabar estragando seu sapato. — Comentei ao ver as marcas de pisadas na bota de minha irmã.
— É, tu é muito ruim mesmo. — Carol ria da minha cara.
Minha irmã me zoava sem piedade alguma e quando pensou em começar a documentar mais um vídeo de vergonha alheia, foi interrompida por uma moça de cabelos cacheados volumosos feito uma juba de leão.
— Ei! Bora trocar? — Perguntou a moça.
Não tive tempo nem de abrir a boca. Minha irmã já saiu me atropelando e aceitando a troca.
O par da garota que pediu pra dançar com Carol era uma linda moça de sorriso largo que já chegou segurando minha mão.
— Olha... Me desculpe, mas eu...
A coitada da moça que não merecia ter os pés pisoteados como Carol, quando percebeu que eu ia recusar sua dança me segurou firme pela cintura.
— Não se avexe, não... — Me disse baixinho com seu lindo sorriso nos lábios.
De cabelos longos naturalmente cacheados, ela usava uma saia florida de tecido que dava um movimento lindo quando se mexia.
Pela cintura ela me trouxe pra bem perto, pois aquela música era um ritmo diferente da que eu dançava com Carol.
"Eu faço o que você quiser
Quando você quiser
Aonde e como forMas só você não quer
Nesse forró, não sei se percebeuMas quase todo mundo já pensa como eu"
— Vô lhe ensinar bem direitinho viu... — Sussurrou em meu ouvido.
Era mais lento, a letra da música parecia ser romântica e não sei dizer se foi isso que ajudou, ou se foi a dançarina... Mas agora o negócio pareceu fluir e estranhamente consegui dançar sem pisar nos pés da jovem moça.
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Tropicana
RomanceLauren é fruto de um romance entre um nordestino e uma americana; nasceu no Estados Unidos, nunca pisou no Brasil e nem mesmo conhece seu pai. Tinha de tudo e ao mesmo tempo não tinha nada. Alcoólatra aos 27 anos, valentona que vive se metendo em co...