POV. Camila Ferreira
Eu já não dormia bem tinha uns dias, quando resolvi ir até a minha antiga casa pra me despedir e fiquei foi mais perturbada por passar a noite sob o mesmo teto que Lauren.
— Espia lá se não é a filha perdida do patrão. - Júlia fez questão anunciar a chegada de Lauren na fazenda.
Respirei fundo e fechei os olhos pra não surtar, não sei nem explicar o quié que eu tô sentindo, era uma confusão só na minha cabeça que tive que fazer alguns minutos de concentração plena antes voltar a trabalhar.
— Eita que ela ta até se vestindo igual o povo daqui. Olha ela lá de chapéu e tudo. Só faltou o cavalo, mesmo.
— É mas no lugar de cavalo ela tem bem uma moto que deve ser até ser daquelas importada com nome difícil de falar. - Disse Marina.
Ô desgraça, será que essas meninas não vão calar a boca.
— Tu viu Camila? - Perguntou Marina.
— Vão trabalhar, por favor. - Disse ao passar com o cavalo pra levá-lo a baia próxima a área de treino.
O levei pelas rédeas, porque ainda não estava pronto pra montarias. Então fomos na caminhada até uma parte mais afastada da fazenda onde estrategicamente ficava o lugar de treinos.
Não ter contato com outras pessoas evitava que o animal ficasse arisco, o fato de ser um lugar isolado me ajudava muito em trabalhar tranquilamente.
Esperei o cavalo terminar de se hidratar pra só então começar os exercícios de montaria, ao longe dava pra notar uma certa movimentação estranha vinda de deposito desativado.
Era só o que me faltava, pensei.
Quando montei no bicho pude enxergar com mais clareza o que acontecia no tal deposito; duas pessoas trabalhavam descarregando duas caminhonetes cheias de coisas.
Uma sem dúvidas era Carol e a outra só podia ser Lauren.
— Isso só pode ser algum tipo de coisa ruim tentando me levar diretamente pro inferno. Só pode! Eu sei, mãe vive falando isso. - Comecei a conversar sozinha. - Ela sempre diz que esse tipo de coisa a bíblia condena. É pecado, Camila. É pecado.
A minha fé se abalou depois da morte de pai, não tenho como negar. Mas sempre ouço os sermões da bíblia que mainha dá depois de um culto, e mesmo que as vezes entre por um ouvido e saia pelo outro... Era mãe quem estava falando, eu a respeitava e sempre seguia seus conselhos.
Mulher macho, essa foi a palavra que mainha usou pra definir Lauren por sua atitude de enfrentar Pedro e logo depois pediu o meu livramento de uma pessoa assim. Imagina só se...
O cavalo balançou cabeça e quase que me derruba; talvez estivesse mais bravo que o normal por causa da movimentação que vinha do depósito.
— Ou pode ser um sinal, Camila! - Falei em voz alta.
E mais uma vez o cavalo tentou me derrubar só que desta vez foi pra valer, a ponto de ter que saltar pra evitar uma queda feia.
— Até o cavalo sabe que coisa certa isso não é. - Resmunguei ao limpar minhas mãos sujas de terra.
— Ei, Mila!
Carol se aproximou da cerca com um sorriso que nem cabia em seu rosto.
— Oii Carol, como é que tu tá, hein? - Dei um sorriso amarelo e ela nem notou de tão empolgada.
— Tô feliz demais, Mila! Tu viu só? - Apontou em direção ao depósito.
— Não, o que?
Eu realmente só tinha conseguido ver duas pessoas descarregando coisas e o depósito aberto. Nada mais.
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Tropicana
Roman d'amourLauren é fruto de um romance entre um nordestino e uma americana; nasceu no Estados Unidos, nunca pisou no Brasil e nem mesmo conhece seu pai. Tinha de tudo e ao mesmo tempo não tinha nada. Alcoólatra aos 27 anos, valentona que vive se metendo em co...