Capítulo 49: Desabafo

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POV. Camila Ferreira

Chegamos em Muçumbê já era tarde da noite.

— E tu já mandou todas as nossas coisas pra cá, foi?! - Perguntei ao entrar na casa de minha mãe.

— Sim, isso é coisa de Domingos. - Falou Carol ao se sentar no sofá. - Já falou com Lauren?

— Meu celular descarregou. E eu lesada que sou, tinha guardado o carregador na mala.

Coloquei a mala em cima da mesa pra caçar o carregador.

— Por isso que a pobi já mandou mil mensagens pra mim. E pediu pra que eu ou Vitórinha dormisse aqui com tu.

Carol seguia mexendo em celular, provavelmente falando com Lauren.

— Besteira, minha gente. - Peguei o carregador da mala e já botei o celular pra pegar carga. - Se bem que já está bem tarde, vocês podem dormir no meu quarto e eu durmo no de mãe.

— Ela tá preocupada com Pedro. - Continuou Carol.

— Agora pronto, eu vivi quantos anos lidando com Pedro antes de conhecer Lauren?! Tem porta não a casa é?

— A porta não impediu que ele entrasse na casa de Lauren aquele dia. - Falou Vitória. - E quando ele souber que tu tá noiva dela?! Não acho mesmo uma boa ideia tu sozinha em casa. Quando é que sua mãe volta? 

— Se é que ela volta né?! Tudo vai depender da reação dela quando souber do casamento. - Suspirei. - Essa droga nem deu sinal ainda, bora me dê seu celular Carolzinha. Me deixe falar com minha mulher que eu já tô só saudade. 

— Tu acabou de chegar e já está assim?! Eita que esses dois meses serão de tortura viu. - Me entregou o celular. 

• Mensagem via WhatsApp •

Carol: Oi dengo, sou eu. Meu celular tá carregando, me desculpa te deixei preocupada.

A bichinha tava online doida mandando mensagens.

Lauren: Tudo bem, meu amor. Fez uma boa viagem? Está tudo bem por aí?

Carol: Ah, fiquei agoniada a viagem toda. Estou um pouco perdida sem tu, acho que estou é mal-acostumada. Está tudo em ordem, mãe ainda não voltou pra casa... Mas vou lá na cidade vizinha na casa de tia conversar com ela. 

Lauren: Carol vai ficar aí contigo, tá?

Carol: Tem necessidade disso não, Lauren. Oxi. Meu celular já ligou, te mando mensagem por lá.

Entreguei o celular pra Carol. 

— Tua irmã ainda nem se casou e já acha que manda. Vê se pode um negócio desses?! Tem condição nenhuma de vocês pararem a vida pra vir morar aqui comigo só porque Lauren quer. HA HA HA

Neguei com a cabeça.
Não mesmo.

— Ela só não confia em Pedro, mulhê. Deixe de ser bruta, Mila. - Disse Carol. 

– E quem confia?! Conheço a praga do seu irmão desde pequena e ele nunca foi doido de querer se meter comigo. Ele sempre fez gracinha e eu os corte, não é doido de fazer algo além disso.

– Tem razão, ele tem é medo da sua brutice. - Carol negou com a cabeça ao se lembrar de algo. - Ele vivia falando que tu era difícil de domar.

– Agora pronto, preciso ser domada. - Achei um absurdo aquela frase. 

– Imagina se esse macho descobre que esse brilhante aí no seu dedo é da Pearl Jewelery. Ô bicho endoida! E que fique aqui o meu conselho, espere Lauren tá aqui pra tu fala desse casório. - Falou Vitória.

– Vitórinha tem razão, Mila. É melhor evitar confronto, já não basta Simone. Sabe se Deus qual será a reação de sua mãe, talvez é bom esperar Lauren pra isso também. 

– Ah minha gente, agora deu. Vou ter que me esconder de tudo até Lauren chegar?! Vocês num sabe não que não fará diferença ela estando aqui ou não?! É até pior ela vê de perto o rebuliço, vai se lembrar de coisa ruim do passado e estragar é tudo de novo. Nãã! Eu não vou correr o risco de ter a minha esposa triste no dia do nosso casamento, por conta desse povo véi bobo. Já aguentei muita coisa por causa dessa cidade preconceituosa, quase perdi Lauren por conta disso e dessa vez todo mundo terá que aceitar tudo bem caladinho.

Silêncio;
Carol e Vitória não tiveram nem reação depois desse meu desabafo. 

– Pois quer saber de um negócio?! Tu cresceu tanto Mila, conte com a gente viu?! Estamos do seu lado pro que tu decidir. Agora vamos dormir, porque tô toda lascada daquela viagem do aeroporto até esse fim de mundo véi bom. - Falou Carol. - E vá falar com Lauren, ela já mandou mil mensagens dizendo que tu não responde. Ô tu pagando essa tua língua com esse grude sem fim de Lauren. - Beijou meu rosto. - Boa noite Mila. 

– Dorme bem, viu cunhada?! - Disse Vitória ao acompanhar Carol.

Tirei o celular do carregador pra atender a ligação de minha noiva. 

– Oi amor! Estava conversando com as meninas.

– Você tinha dito que iria me mandar mensagem, pô!

– Pô! - A imitei. - A senhora tá mandona demais acha não?

Dei risada do jeito desesperado de Lauren.

– Credo, depois ainda fala que tá mal-acostumada. Nem liga de ficar longe.

– Misericórdia, Lauren. Tu vai fazer manha por telefone é? Não tô acreditando num negócio desses não. 

Agora meu riso era por achar aquilo tudo muito fofo. 

– Vou me preparar pra dormir, meu amor. Estou quebrada da viagem. Te mando mensagem de boa noite tá? Tu tá bem? - Perguntei ao ir para o quarto de minha mãe.

– Estou com saudades. Não sei dizer, desde o instante que você entrou naquela sala de embarque fiquei com um aperto no peito fodido.

– Eu sei, meu dengo. Também estou com esse aperto chato no peito, mas é normal amor. Daqui a um pouquinho tu tá aqui comigo.

– Eu te amo Camila, se cuida direitinho tá? - Pediu num tom de voz baixo. 

– Está certo, meu dengo. Eu também te amo e me cuido sim. Você também se cuide, viu?! Jajá mando mensagem. Beijo.

Eu me lembro da última vez em que dormi nesse quarto;
Foi na morte de pai. 

– Ai dona Simone. - Suspirei ao pegar um porta retrato com uma foto de minha mãe comigo. - Espero que a senhora me entenda e que não nós machuquemos mais. 

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