Capítulo 40 :

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Quando voltei para a praia, me sentia pior do que antes. Pela primeira vez desde que iniciei a vida na cafajestagem, me senti culpado pela atitude, mesmo que eu nem tenha chegado às vias de fato.

E o pior de tudo é que senti o que jamais poderia ter sentido, sendo o cafajeste que era: a porra do arrependimento.

Carla me mandou uma mensagem minutos depois que parei no quiosque, avisando que também estava na praia e me deu as coordenadas para encontrá-la.

Avistei-a de longe, sentada debaixo de um guarda-sol. Linda...

A culpa me atingia como um tapa na cara a cada passo que eu dava e, como se não bastasse estar arrependido pelo que quase fiz, me senti sujo até a alma, como pau de galinheiro.

Fui presenteado com o sorriso mais lindo do mundo.

Foi aí que esqueci de todo o resto e aproveitei o restinho do tempo que nos restava. Depois da minha atitude ao concordar em ver a Anna, a segunda opção era a única que me cabia, além do fato de ter ficado claro que eu não tinha mais o controle de mim mesmo.

Carla Diaz

Como eu já esperava que fosse acontecer, depois da viagem incrível a Cabo Frio, Arthur tomou chá de sumiço, como já vinha fazendo nas últimas vezes em que ficávamos juntos.

Vez ou outra eu pensava que seu o sumiço era para me dar um toque, do tipo: "Olha, não se iluda comigo".

"Não espere nada sério de mim".

"Eu não namoro".

Sabia que ele não prestava quando me envolvi, e que nunca levava alguém a sério.

Então, como a adulta que eu deveria ser e sabendo onde tinha amarrado o meu bode, eu fingia uma maturidade que estava longe de ter e encarava numa boa.

Afinal, são 28 anos, sou atriz, sei camuflar meus sentimentos. Entretanto, por dentro, meu coração implorava por ele.

Em contrapartida, às vezes sentia que o sentimento era recíproco.

Só que, quando isso ficava nítido demais, o Arthur sempre se esquivava, e isso ultimamente estava sendo frequente. Essa confusão toda em torno dos sentimentos que o cafajeste pudesse ter ou não por mim me deixava maluca.

Eu tinha absoluta certeza da minha paixonite, mas ele... Era impossível saber o que se passava naquela cabecinha loira e linda.

No entanto, gostava de imaginar que havia uma luta constante dentro dela, para decidir se ia embora ou se ficava de vez.

A minha vida ultimamente estava resumida a letras de música sertaneja.

Parecia que todas haviam sido feitas para mim e, foi ouvindo um vasto repertório de sofrência, que adicionei mais uma a minha coleção.

"Ainda não decidiu se você vai ou fica.

Mesmo assim, te incluí de vez da minha vida.

De uma coisa, eu sei

O que me faz falta é o seu amor."

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Cantei a pleno pulmões caminhando pela orla do Recreio, enquanto aguardava meu amigo, João.

Quando ele chegou ao calçadão, meu objetivo estava longe de ser me exercitar, e sim pedir conselhos, já que com a Pocah eu nem ousava mencionar o que estava acontecendo.

João: Esse cara não quer nada contigo, Carlinha — Ele sentenciou, depois que desabafei. — Pelo menos, nada sério.

Sabia que poderia ser verdade, mas já estava perdendo minhas esperanças sozinha, não precisava de ninguém me dizendo o óbvio.

Carla: É... — concordei, sem emoção.

João: Ele é um otário. Como alguém pode não querer ficar contigo?

Carla: Ai João.

João: — O fato é que, por mais que doa, a melhor coisa a se fazer, Carlinha, é tirar seu time de campo e sair com dignidade, antes que não lhe sobre nem isso.

Carla: Eu não posso tirar meu time de campo se ele nem entrou, João — eu disse o óbvio.

João: Ótimo, melhor ainda... Só fica na sua, então. — Concordei, pois ele estava certo. Ficar esperando o Arthur me procurar era angustiante demais.

Passávamos perto de um pessoal jogando vôlei na areia, quando o avistamos.

Arthur fazia dupla com uma morena sarada, enquanto a outra dupla era composta por homens.

Eu quis morrer. Ele nem estava fazendo nada demais, sequer estava próximo da garota, mesmo assim, meu alarme soou, afinal, era o Arthur. Quando tentei puxar o João para sair à francesa, ele nos avistou e acenou.

João: Agora não dá mais para correr. — Meu amigo acenou de volta.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora