Fiquei lá, parado no meio do estacionamento, sem conseguir me mover. Até um imbecil avançar o carro para cima de mim.Xxx: Sai da frente, idiota! — Subi na calçada meio atordoado, o coração doendo, o peito apertado, e as lágrimas, a porra das lágrimas descendo.
Encostei-me em um dos carros e fiquei lá, inerte, colocando toda aquela merda para fora. Toda a dor que eu estava sentindo transbordava feito cachoeira dos meus olhos.
Só que mesmo que eu chorasse o Rio Negro inteiro e até o Solimões, sabia que a dor continuaria intacta no meu coração. Ela nunca me deixaria se a Carla não me perdoasse. Eu sabia.
Carla Diaz
Depois que o Arthur apareceu na boate, perdi toda e qualquer vontade, ou coragem, de transar com meu primo lindo.
Vê-lo na minha frente, com aquele olhar acusatório, como se tivesse o direito de me julgar, me fez sentir ódio dele.
Quem ele pensava que era para me olhar daquele jeito? Logo ele? Fiquei possessa.
Como se não bastasse jogar um balde de água fria na minha empolgação, ainda saiu me arrastando pela boate como se fosse um namorado ciumento e traído.
Fala sério! Dar piti àquela altura do campeonato?
Eu ainda estava tentando assimilar o que tinha acontecido, quando meu primo Bil chamou minha atenção.
Bil: Carlinha? Está se sentindo melhor? — perguntou.
Já sem o menor clima para voltarmos à boate, fomos embora, mas, no caminho, sugeri que parássemos na praia. Precisava caminhar um pouco e tentar digerir a atitude inusitada daquele crossfiteiro.
Carla: Não sei, Bil, me desculpe por tê-lo deixado sozinho na pista. Eu...
Bil: Não precisa explicar nada. Sua amiga me contou que o cara é seu ex-namorado.
Ex-namorado, pensei comigo. Arthur nunca fora meu namorado, e sempre deixou muito claro que nunca seria.
Carla: Ele não é meu ex-namorado. É, no máximo, um ex-rolo — suspirei com desânimo.
Bil: Mas ele agiu com um ex-namorado. E muito ciumento, por sinal.
Carla: É... — Ainda não conseguia entender a atitude sem noção do Arthur. — Me desculpe por ele ter nos atrapalhado, estávamos nos divertindo tanto. — Sorri, sem graça.
Bil: Tudo bem. Você gosta dele? — Uau, meu primo foi direto ao ponto...
Carla: É complicado.
Bil: Eu tenho uma noiva no Espirito Santo . — Acho que meu queixo quase caiu no chão depois da informação.
Carla: Noiva? – Noiva? Como assim, gente? Que cara safado!
Bil: Ex-noiva, melhor dizendo.
Carla: O que aconteceu?
Bil: É complicado... Pra resumir: nossas famílias são rivais nos negócios, e isso acabou interferindo na nossa relação.
Carla: Nossa, que chato... — Afaguei a mão dele sem saber o que mais poderia dizer.
Bil: É, muito chato... — meu primo repetiu, tão animado quanto eu.
Eu estava tão decidida a dar o troco no Arthur, que sequer me preocupei em conhecê-lo direito. Vendo-o suspirar cansado ao meu lado, poderia jurar que estava sofrendo do mesmo mal que eu. Dor de amor.
Carla: Tem alguma chance de vocês se acertarem? — perguntei e pela hora seguinte, fui apenas uma ouvinte. Bil desabafou e me contou sua vida e toda confusão que envolvia seu relacionamento.
Fiquei com pena. Pensei que o que era necessário para uma relação dar certo eram as duas partes se amarem.
Cheguei à conclusão de que o amor por si só não basta.
Ele é só a cereja do bolo. Se não houver respeito, troca, confiança e persistência, de nada adianta só amar.
Foi o que aconteceu com Bil. Ele e a noiva se amavam, mas, por falta de respeito, confiança e persistência, o amor deles foi minguando e dando espaço para os problemas, como interferência da família.
Carla: Se vocês se amam de verdade, não podem desistir assim tão fácil. — Tentei incentivá-lo.
Bil: Às vezes, tenho minhas dúvidas se ela realmente me ama. Não dá pra amar sozinho.
Carla: Eu sei, sei bem até demais.
Bil: Vem aqui. — Puxou-me para um abraço. — Somos duas almas machucadas. Não acredito que vá conseguir curar a minha dor, e nem eu a sua, mas a gente podia...
Carla: Arcrebiano...
Bil: Vamos com calma. Aceita? — Apenas sorri. Meu primo levantou meu queixo e plantou um beijo em meus lábios.
Eu o beijei de volta. Foi um beijo breve e, depois disso, eu o levei para casa.
Minha casa. Como já estava muito tarde e minha mãe morava longe, achei melhor levá-lo comigo. Felizmente ou infelizmente, nada rolou além de mais alguns beijinhos.
Eu o instalei no quarto de hóspedes e depois que fizemos um lanche na cozinha, me despedi e fui para o meu quarto.
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O Crossfiteiro Irresistível.
RomanceSinopse: Carla Diaz, nunca pensou que conheceria o homem da sua vida na festa de aniversário de sua afilhada, muito menos que ele seria um cafajeste. Já Arthur Picoli, assim que colocou os olhos na madrinha da filha de seu melhor amigo, de cara, qui...