Capítulo 63 :

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Se eu gostei daquilo? Caralho, sim e... não. Também não gostei da forma de como o Ronan parecia aliviado por ela não estar grávida de mim.

Arthur: Quem é esse Cara?

Ronan: É um primo distante. Veio conhecer o pai.

Arthur: Então ele não vive aqui no Rio?

Ronan: Não, mas... talvez ele resolva ficar, devido às circunstâncias...

Arthur: Que circunstâncias?

Ronan: Que você é um covarde! É melhor mesmo que ele fique e consiga fazer a  Carla feliz. Ela merece! Vou nessa!

O idiota metido a cupido fracassado saiu logo em seguida, me deixando ali, sozinho, com a cabeça fervilhando. E desde esse dia, nunca mais tive notícias dela.

Sentado na areia, encarando o mar a minha frente, depois de mais de quarenta minutos correndo para extravasar, minha cabeça doente projetava imagens dela com o tal Cara que eu sequer havia visto.

As mulheres da minha vida tinham problemas com pinto pequeno?

Primeiro, foi a Larissa. Foi me trair com aquele paraguaio mineiro de pinto pequeno. Depois, a Carla.

Não que ela tivesse me traído ou me trocado, visto que fui eu que a rejeitei. O fato era que ela também estava com um cara de pinto pequeno.

Não me julguem, não vi o pinto dele, e nem queria ver. Deduzi.

Tudo isso me levava a crer que, na verdade, as mulheres da minha vida medíocre — eu já disse que a minha vida era medíocre? — deveriam ter problemas era com pau grande. No caso, o meu.

Que merda.

A coerência já não era mais minha companheira e eu passava meu tempo pensando em cada besteira... como, por exemplo, a Carla usando aquelas fantasias com o tal cara, pagando um boquete dos deuses para ele.

Eu não estava no meu juízo perfeito. Tinha virado um completo maluco paranoico.

Era nessas horas que sentia falta de ter um emprego fixo, de carteira assinada e com um chefe pé no saco para me chamar a atenção quando eu divagasse.

Precisava transar, e rápido.

Respirei fundo e me levantei, tirando o excesso de areia da minha bermuda.

A ideia era ir para casa, tomar um banho e ligar para alguma garota.

A seca com certeza me ajudaria a levantar o meu amiguinho.

Só que, quando cheguei em casa, não tomei o meu banho, não liguei para nenhuma garota e, muito menos descabelei o palhaço debaixo do chuveiro, pois eu não contava que um fantasma do passado bateria a minha porta.

Carla Diaz

A primeira vez que o meu primo gato me beijou, confesso que ainda estava despreparada.

Aconteceu em uma de nossas paradas, enquanto voltávamos de São Paulo, cidade em que o pai dele estava.

Desde que o Bil tinha chegado ao Rio de Janeiro, não nos desgrudamos mais.

Ele era um cara muito alto astral, além de lindo e fofo, é claro. Não tão lindo quanto o cafajeste do Arthur, nem tão alto quanto ele, mas não ficava muito atrás, não.

Eu o levei para conhecer a cidade e os meus amigos que o adoraram.

Minha amiga, Pocah, já estava até prevendo sobrinhos de dentinhos coisadinhos — palavras da louca.

Mas eu ainda estava saudosa do bebê que não teria com o Arthur.

Na noite em que saímos para beber, meu primo, que também gostava de entornar os canecos, me convidou para ir com ele conhecer o pai. Fiquei lisonjeada e sem graça com o pedido, afinal, mal nos conhecíamos. Mas aceitei, claro.

Ele estava uma pilha de nervos por causa daquele encontro, e também precisava de uma tradutora, já que não falava Ingles e não tinha informação de que o pai ou os irmãos falavam Portugues.

Na verdade, ele quase nada sabia sobre a família americana. Sua mãe só havia lhe contado a pouco tempo da existência deles.

E detalhe: o dito cujo do pai também sequer sonhava com a existência do filho brasileiro.

O pai do Bil, seu Dylan, era um coroa muito bacana, a esposa dele também. E o Bil, de quebra, ainda ganhou mais dois irmãos.

Foi emocionante de ver, apesar de o primo ser muito reservado.

Voltando ao nosso beijo, depois que almoçamos, saímos do restaurante para dar uma esticadinha nas pernas antes de seguir viagem.

Sentados no banco do lado de fora do restaurante, meu primo segurou a minha mão de repente. Eu, que chupava um picolé de fruta, me assustei com seu toque.

Travei como medo de algum paparazzi aparecer.

Bil: Obrigado por ter aceitado vir comigo — agradeceu.

Carla: Não precisa me agradecer. — Sorri, cordialmente. — Eu fico feliz por ter ajudado. –  Ainda estava com um sorriso idiota na cara quando ele se aproximou de repente e arriscou um selinho.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora