Carla: Não acredito que me ligou a essa hora pra falar do Arthur.
Pocah: Responda a pergunta.
Carla: Lembro, mas...
Pocah: Então sai na sacada — interrompeu-me e desligou o telefone na minha cara.
Sai na sacada? O que a maluca estava aprontando?
Demorei ainda alguns minutos sentada na cama com o telefone na mão, sem ânimo para ir até lá.
Algo me dizia que aquilo envolvia certo Arthur Picoli de Conduru. Adora chama-lo assim.
Respirei fundo e caminhei hesitante.
Abri a porta de correr que dava acesso a pequena sacada do meu quarto e congelei com a imagem que vi lá embaixo.
Juro que senti uma leve vertigem e tive que me encostar na grade.
O Arthur estava parado, olhando para cima, acompanhado de Pocah, que segurava um violão nas mãos.
Serenata.
Foi a primeira coisa que me veio à mente. Ele iria fazer uma serenata?
Desde quando aqueles dois conspiravam juntos?
Arthur: Essa é pra você, CARLA! — o doido gritou.
A mulher que estava ao lado dele — porque aquela nunca poderia ser a minha amiga — começou a tocar seu violão, enquanto um Arthur muito concentrado aguardava a hora de começar a cantar. E ele cantou.
Céus, ele cantou!
Minha Nossa Senhora Protetora das Grávidas, Carentes e na Seca, quase tive um orgasmo acompanhado de um infarto quando ouvi a voz dele dando vida à melodia.
Nunca vou esquecer daquela música.
Enquanto Arthur cantava, eu chorava escondida no escuro da sacada, tentando entender o que ele queria dizer através daquela letra.
Quando a música chegou ao refrão, já me debulhava em lágrimas.
"Eu só sei que o mundo parou outra vez. Em sonho, você me salvou, me fez entender. Que estou cego perante o amor.
Já não sei viver mais sem o seu calor, pra me aquecer..."
Eu o havia salvado? Meu cafajeste estava finalmente pronto para me amar sem medo?
Minha cabeça fervilhava de hipóteses e meu coração batia descompassado a cada estrofe da música.
Sorri vendo-o lá todo empenhado, cantando a plenos pulmões.
Desafinando em algumas partes.
Pocah tocava, o encorajando, e aquilo, para mim, significou mais até do que a própria serenata.
Minha melhor amiga e o homem da minha vida, unidos por mim.
Arthur estava me ganhando com aquela canção, derrubando minhas barreiras e toda a minha resistência.
Pocah sabia o que uma serenata significava para mim, aquilo com certeza tinha sido ideia dela. Valia a pena nos acertarmos? Questionei-me, prestando atenção na letra.
Mesmo me desmanchando de amores por causa da serenata, ainda não sabia se queria me acertar com ele.
Meus pensamentos eram uma confusão sem fim, eu estava dividida entre a razão e o coração.
Minha cabeça dizia para ter calma, mas o coração, se pudesse, chutaria a minha bunda até que eu chegasse até ele.
Poxa, teríamos um filho juntos, não é?
Mas, ao mesmo tempo em que pensava isso, pensava também que filho nunca segurou homem, muito menos os do tipo Arthur, cafajestes e galinhas, gostosos e cretinos.
Arthur: Carla, Carla Diaz?! — O ouvi gritar meu nome. — Eu te amo! Volta pra mim!
Gritou tão alto que pude ver luzes de outros apartamentos se acenderem.
Xxx: Volta, Carla! — Olhei na direção da voz e avistei duas vizinhas que moravam no apartamento ao lado, penduradas no parapeito.
Xxx: Se você não quiser, a gente quer.
Ainda tive que ouvir isso.
Fugi para dentro do meu apartamento e fechei a porta, sem saber o que fazer.
Arthur: Carla! — Ele insistiu.
Meu Deus, o que eu faço?
ARTHUR
Quando a Pocah disse que eu teria de fazer uma serenata debaixo da sacada da Carla, eu ri. Continuei rindo até que encarei a carranca de megera dela. Só então me dei conta de que falava sério.
Arthur: Está brincando, né?
Pocah: Estou falando muito sério, idiota! É a única maneira de balançar o coração da minha amiga. Acredite, eu sei. Aceite o desafio ou meta o pé. — Apontou para a porta.
Arthur: Mas eu nem sei cantar, criatura!
Pocah: Sabe falar e fazer merda, então vai servir. — Bufei indignado.
Com certeza a maluca estava se divertindo às minhas custas, mas se pensava que me faria desistir, estava enganada.
Arthur: Tudo bem... E vou cantar no gogó?
Pocah: Eu vou tocar violão pra você. Tem alguma música em mente?
Arthur: Claro que não — respondi o óbvio. Que louca.
Pocah: Então trate de descobrir uma música que expresse todo o seu sentimento. — Ela saiu da sala e voltou com um notebook e fones de ouvido. — Toma. — Despejou-os em minhas mãos. — Procura e rápido.
Juro que quis mandá-la ir se ferrar, porque eu nunca me imaginei pagando um mico daqueles, mas a única coisa que fiz foi sentar no sofá e fazer exatamente o que ela disse.
As vezes eu postava no instagram alguns vídeos cantando, mas nunca imaginei cantar assim.
A doida saiu de casa, sem olhar para trás, me deixando ali, com a tarefa de procurar uma letra de música que expressasse tudo o que eu sentia.
Depois de ouvir mais de uma centena de músicas, encontrei a que expressava exatamente a minha redenção.
A Pocah entrou no apartamento no momento em que eu a ouvia pela quinta vez. Trazia sua filhinha nos braços e algumas sacolas de compras.
Pocah: E aí? — Colocou a criança no chão e foi em direção à cozinha.
Arthur: Acho que encontrei. — Distraí-me com a garotinha, que tentava puxar os fones de ouvido da minha mão.
Pocah: Sério? Deixe-me ouvir. — Entreguei os fones a ela.
Ela ouviu a música em silêncio, me deixando bastante ansioso. Fazia algumas expressões, que tentei decifrar em vão.
Arthur: Não gostou?
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O Crossfiteiro Irresistível.
RomanceSinopse: Carla Diaz, nunca pensou que conheceria o homem da sua vida na festa de aniversário de sua afilhada, muito menos que ele seria um cafajeste. Já Arthur Picoli, assim que colocou os olhos na madrinha da filha de seu melhor amigo, de cara, qui...