Capítulo 58 :

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Assim que cheguei, me encarou com aquele jeito de mãe, que sabe das coisas. Aquele jeito que sabe que o filho não está bem. A princípio, ela evitou a conversa.

Só que, na hora em que estávamos os quatro na mesa, o assunto Carla — meu mais novo tabu — veio à mesa.

Beatriz: Filho... O aniversário do seu pai está chegando. Vamos fazer uma recepção íntima, somente alguns clientes e alguns amigos. Traga a Carla também. Para ela conhecer Conduru.

Arthur: Mãe, acho que não vai rolar. — Engoli seco com o olhar mortal que ela me deu.

Beatriz: Por quê? Vocês terminaram?

Arthur: Nunca estivemos juntos.

Beatriz: Escritório, agora! — Levantou-se, irritada. Olhei para o meu pai, que apenas deu de ombros, e não tive outra opção senão segui-la. Fechei a porta atrás de mim e me encostei nela.

Beatriz: Você a dispensou?

Arthur: Mãe, eu já disse...

Beatriz:  Foi ela quem saiu fora?

Arthur: Não. — Caminhei até o sofá e desabei nele. Minha mãe suavizou a expressão e sentou-se ao meu lado.

Beatriz: Essa garota é a primeira depois da Larissa que conseguiu penetrar aqui. — Tocou meu peito.

Arthur: Está exagerando — respondi, de cabeça baixa.

Beatriz:  Eu te conheço. Está na sua cara que gosta dela. Olha pra você, tentando parecer indiferente, mas sei que aqui dentro está uma bagunça. Por que não se dá uma chance?

Arthur: Não posso! — Levantei-me bruscamente. — Mãe, a Carla tem o dom de me quebrar. Se ela fizer isso, não me levanto mais.

Beatriz: Não a conheço direito, mas ela parece gostar de você de verdade. Mesmo sabendo como você é, preferiu arriscar porque te ama, porque acreditou poder te fazer amá-la de volta.

Arthur: Como sabe essas coisas? – Olhei para ela, embasbacado.

Beatriz: Encontrei com o Ronan por acaso. Ele me contou tudo, inclusive as cafajestagens que fez com ela. — Ronan, claro. Aquele idiota estava disposto a atrapalhar minha vida.

Arthur: Só porque a vida dele é uma merda, o idiota acha que pode fazer o mesmo com a minha. — Bufei, cego de raiva.

Beatriz: Eu acho que a vida dele é muito boa. Ele tem uma esposa que o ama e uma filhinha que é uma fofura. A sua também pode ser...

Arthur: Esse almoço não era para falar da festa, né? A intenção era questionar meu modo de vida?

Beatriz: Eu só queria que se abrisse comigo.

Arthur: Eu a amo — confessei. — Mas e daí?

Beatriz: Admitir isso em voz alta já é um grande passo...

Arthur: Não é — interrompi. — Porque isso não muda nada. Não a procurarei, independentemente de amá-la.

Beatriz: Por quê?

Arthur: Porque não sou bom o suficiente pra ela! — gritei, e lá estavam as  lágrimas novamente. — Estou quebrado, mãe. Carla merece alguém melhor do que eu.

Beatriz: Está errado! Criei vocês para o mundo, mas me recuso a deixar que o mundo os corrompa! A essência de vocês deve permanecer e sei que a sua está aí, perdida em algum lugar. — Apontou para mim. — Sei que é um homem bom e que tem a capacidade de fazer qualquer mulher feliz, inclusive a Carla. Então seja o homem que te eduquei pra ser e corra atrás do prejuízo!

Arthur: A Carlinha não quer saber de mim. Eu a magoei, a humilhei, nem tenho cara para procurá-la.

Beatriz: Se ela o ama de verdade, vai perdoá-lo. Basta que você seja sincero.

Sorri fraco. Duvidava muito, mas apenas concordei com a cabeça para encerrar o assunto.

Saí de lá, de cabeça quente, e com muita raiva de mim, no entanto, direcionei um pouco dela para o Ronan.

Quem ele pensava que era para se intrometer daquele jeito na minha vida? Envolver a minha mãe? O babaca veria só.

Dirigi até o estúdio, cego de raiva, ele ouviria algumas verdades. Sabia que a Pocah estava lá, já que era a dona, mas eu estava muito puto para deixar para depois. Entrei no estabelecimento e fui pulando a catraca, sem ao menos falar com a recepcionista.

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