Capítulo 83 :

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Sem pensar muito, segurei a mão pequena de Carlinha e a apertei com força.

Ela apertou a minha de volta e, quando o barulho de um coraçãozinho batendo acelerado começou a ecoar pela sala, eu pensei que fosse desmaiar.

Foi indescritível a sensação que senti. Alegria, euforia, felicidade, amor: tudo enrolado num mesmo pacotinho.

Chorei, claro que chorei, não seria eu se não tivesse chorado.

Chorei contido, segurando a mão dela, que chorava também.

Arthur: Nosso filho... — murmurei, pertinho do ouvido dela.

Saímos do consultório, totalmente absortos em nossos pensamentos.

Carla: Bem, eu já vou... — Ela despediu-se, evitando me encarar.

Arthur: Carla... quero te ajudar nas despesas. Sei que você tem plano de saúde, mas ouvi aquela grávida dizer algo sobre o plano não cobrir a anestesia e tals... Sei que talvez sua condição financeira seja melhor que a minha, mas quero ajudar.

Carla: Verei isso certinho com o plano. De qualquer forma, se não cobrirem, eles reembolsam depois. Não se preocupe. Ainda nem sei também se quero fazer uma cesariana.

Arthur:  Quer parto normal? — Assustei, não duvidava que ela conseguiria, mas ela era pequena demais, nada haver, paranoia.

Carla: Ainda estou pensando.

Arthur: Entendo. Mas e os remédios? O berço, enxoval?

Carla: Arthur, não se preocupe com isso. É sério. — Segurei a sua mão, de repente.

Arthur: Não me peça isso, Pitica. O que eu vi ali dentro, o que presenciei, foi a melhor coisa que eu já fiz. Nunca tive tanta certeza de ter feito algo bom na minha vida até olhar para aquele monitor. Então, por favor, não me diga para não me preocupar.

Carla: Tudo bem. Quando precisar comprar alguma coisa, eu te aviso. Está bem?

Arthur: Obrigado. — Ela sorriu, soltando a minha mão.

Carla: Preciso ir. Tenho reunião com o meu assessor, com certeza vou perder alguns trabalhos por conta da gravidez.

Arthur: Eu sinto muito.

Carla: Não sinta – Se prontificou – Essa foi a melhor coisa que me aconteceu.

Arthur: A mim também. — sorrimos.

Carla: Preciso ir agora.

Arthur: Ok. — Ela me encarou parecendo confusa, mas nada disse. Tive a impressão de que esperava que eu dissesse algo mais.

Carla: Tchau, Arthur.

Arthur: Até mais... — Foi em direção a sei lá onde estava o carro dela.

Já eu, fui atrás de ajuda, estava passando da hora de tentar resolver nossa situação.

Quando parei de insistir para que me aceitasse de volta, não era porque estava desistindo de nós. Só percebi que não adiantaria forçá-la a me aceitar.

O que eu precisava fazer era algo que conseguisse quebrar a resistência dela, de uma vez por todas.

Foi por isso que, às quatro da tarde, no mesmo café de sempre, eu aguardava meu melhor amigo, Ronan.

E, àquela altura do campeonato, ele já tinha voltado ao posto.

Ronan: Não posso te ajudar — disse, antes de dar uma mordida no pão de queijo.

Arthur: Que porra! Então por que você disse para eu te procurar quando quisesse consertar a merda?

Ronan: Isso foi antes de eu saber da gravidez. As coisas mudaram, se quer realmente ajuda, peça a Pocah.

Primeiro, eu o chamei de louco, depois, de filho da mãe.

Por último, antes de bater na porta do apartamento dele, atrás da sua esposa megera, o chamei de melhor amigo da onça.

Pocah: O que você quer aqui? O Ronan não está. — Mal abriu e já ia batendo a porta na minha cara. Só que fui rápido e coloquei o pé, impedindo.

Arthur: É com você mesmo que eu quero falar. Preciso da sua ajuda. — Pronto, tinha ganhado sua atenção.

Pocah: E o que te faz pensar que eu o ajudaria em alguma coisa? — Tudo bem, eu tinha ganhado a atenção dela, não significava que ganharia ajuda também, ainda.

Arthur: Pocah... Sei que não mereço ajuda e nada do que eu disser vai redimir toda a merda que fiz, mas eu amo a Carlinha e ela me ama. Quero consertar a merda que fiz.

A megera arregalou os olhos e, por um momento, pensei que tinha se solidarizado com a minha situação.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora