Arthur
Vê-la parada na porta do meu apartamento, limpando as lágrimas, reduziu minha resistência a quase zero.
Que porra ela estava fazendo ali? Será que aparecera para me xingar ou me estapear, coisa que deveria ter feito quando abri a porta para ela dois dias atrás?
Estava chorando. Não parecia estar com raiva, apenas triste, e sua tristeza era como um punhal cravado no meu peito.
Cogitei acionar o botão do elevador novamente e fugir o mais rápido possível dali.
Meu apartamento era no final do corredor, talvez ela não me visse, mas eu não podia fazer aquilo, tinha feito a minha escolha de mantê-la longe. Pelo visto, havia fracassado.
Respirei fundo e caminhei até ela. Apesar de estar demonstrando calma e frieza, por dentro meu coração batia descompassado. Que merda!
Por que era tão difícil conseguir me desligar daquela Pitica? Por que ela me deixava daquele jeito? Curtindo fossa, bebendo e assistindo filmes o dia inteiro?
Arthur: Carla? — chamei-a. Ela engoliu seco ao me ver, mas depois sorriu. Que porra! Por que estava sorrindo para mim? Deveria estar me odiando, isso sim. — O que está fazendo aqui? — perguntei, friamente. Encarou-me, visivelmente constrangida pelo tom da minha voz.
Carla: Posso entrar um instante? — Sua voz soou hesitante.
Arthur: Tenho um compromisso agora, só vim tomar um banho rápido. Já estou atrasado.
Carla: Não vou demorar — insistiu. Respirei fundo e abri a porta, dando passagem para que entrasse.
Segui logo atrás dela, fechando a porta em seguida. Não a convidei para sentar, nem ofereci um refresco como um bom anfitrião faria.
Apenas a encarei de forma intimidante, esperando que falasse.
Arthur: O que a traz aqui? — Como continuou muda, resolvi perguntar
Carla: Quero conversar sobre o que aconteceu... — começou, mas logo a interrompi.
Arthur: Não tem o que conversar, você viu o que viu.
Carla: Quero uma explicação. — Sua expressão triste me feriu. — Mereço saber por que esfregou aquela mulher na minha cara, por que me deixou esperando em casa para se deitar com qualquer uma...
Arthur: Carla... — suspirei, tentando parecer entediado. — Não te devo explicações. Nem sou seu namorado. Sou livre pra ficar com quem eu quiser e, naquela noite, era aquela garota. — Os olhos dela encheram de lágrimas ao mesmo tempo em que me encarava estupefata, mas continuei antes que dissesse algo que pudesse me fazer fraquejar: — Qual é? Não me olha assim, você já devia saber. Seu amigo Ronan deve ter lhe falado sobre a minha maneira de viver, que não me relaciono, que sequer repito mulheres. Você foi uma exceção, uma deliciosa exceção. Nos divertimos juntos, tem que concordar, mas precisamos seguir em frente. — Sorri forçadamente, concluindo a maldita frase.
O desprezo com o qual me olhou me deixou desconcertado. Carla sacudiu a cabeça em silêncio, comprimindo os lábios, antes de sorrir com sarcasmo.
Limpando as lágrimas, se aproximou.
Carla: Sabe, Arthur... Eu sinto pena. Você fica aí com essa pose de homem impenetrável, mas tudo o que quer é disfarçar o quanto é medroso e covarde, o quanto tem medo de amar e não ser amado de volta. Está claro pra mim que você tem é medo de se entregar e se magoar, não é isso?
Do que ela estava falando? Será que sabia da Larissa? O Ronan teria contado? O filho da puta teria me traído daquela forma, revelando meu pior pesadelo?
Arthur: Isso é o que você pensa. Não posso e nem quero mudar sua opinião sobre mim porque é indiferente. Eu sou assim, é o meu jeito de ser e ninguém vai mudar isso, nem mesmo você.
Carla: Você é um idiota, Arthur. — Ergueu a cabeça de forma desafiadora.
Arthur: É o que dizem, já nem me importo. — Caralho, doía ter que falar com ela daquela maneira, mas precisava fazê-la entender de uma vez por todas o babaca que eu era.
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O Crossfiteiro Irresistível.
RomanceSinopse: Carla Diaz, nunca pensou que conheceria o homem da sua vida na festa de aniversário de sua afilhada, muito menos que ele seria um cafajeste. Já Arthur Picoli, assim que colocou os olhos na madrinha da filha de seu melhor amigo, de cara, qui...