Capítulo 52 :

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Arthur

Vê-la parada na porta do meu apartamento, limpando as lágrimas, reduziu minha resistência a quase zero.

Que porra ela estava fazendo ali? Será que aparecera para me xingar ou me estapear, coisa que deveria ter feito quando abri a porta para ela dois dias atrás?

Estava chorando. Não parecia estar com raiva, apenas triste, e sua tristeza era como um punhal cravado no meu peito.

Cogitei acionar o botão do elevador novamente e fugir o mais rápido possível dali.

Meu apartamento era no final do corredor, talvez ela não me visse, mas eu não podia fazer aquilo, tinha feito a minha escolha de mantê-la longe. Pelo visto, havia fracassado.

Respirei fundo e caminhei até ela. Apesar de estar demonstrando calma e frieza, por dentro meu coração batia descompassado. Que merda!

Por que era tão difícil conseguir me desligar daquela Pitica? Por que ela me deixava daquele jeito? Curtindo fossa, bebendo e assistindo filmes o dia inteiro?

Arthur: Carla? — chamei-a. Ela engoliu seco ao me ver, mas depois sorriu. Que porra! Por que estava sorrindo para mim? Deveria estar me odiando, isso sim. — O que está fazendo aqui? — perguntei, friamente. Encarou-me, visivelmente constrangida pelo tom da minha voz.

Carla: Posso entrar um instante? — Sua voz soou hesitante.

Arthur: Tenho um compromisso agora, só vim tomar um banho rápido. Já estou atrasado.

Carla: Não vou demorar — insistiu. Respirei fundo e abri a porta, dando passagem para que entrasse.

Segui logo atrás dela, fechando a porta em seguida. Não a convidei para sentar, nem ofereci um refresco como um bom anfitrião faria.

Apenas a encarei de forma intimidante, esperando que falasse.

Arthur: O que a traz aqui? — Como continuou muda, resolvi perguntar

Carla: Quero conversar sobre o que aconteceu... — começou, mas logo a interrompi.

Arthur: Não tem o que conversar, você viu o que viu.

Carla: Quero uma explicação. — Sua expressão triste me feriu. — Mereço saber por que esfregou aquela mulher na minha cara, por que me deixou esperando em casa para se deitar com qualquer uma...

Arthur: Carla... — suspirei, tentando parecer entediado. — Não te devo explicações. Nem sou seu namorado. Sou livre pra ficar com quem eu quiser e, naquela noite, era aquela garota. — Os olhos dela encheram de lágrimas ao mesmo tempo em que me encarava estupefata, mas continuei antes que dissesse algo que pudesse me fazer fraquejar: — Qual é? Não me olha assim, você já devia saber. Seu amigo Ronan deve ter lhe falado sobre a minha maneira de viver, que não me relaciono, que sequer repito mulheres. Você foi uma exceção, uma deliciosa exceção. Nos divertimos juntos, tem que concordar, mas precisamos seguir em frente. — Sorri forçadamente, concluindo a maldita frase.

O desprezo com o qual me olhou me deixou desconcertado. Carla sacudiu a cabeça em silêncio, comprimindo os lábios, antes de sorrir com sarcasmo.

Limpando as lágrimas, se aproximou.

Carla: Sabe, Arthur... Eu sinto pena. Você fica aí com essa pose de homem impenetrável, mas tudo o que quer é disfarçar o quanto é medroso e covarde, o quanto tem medo de amar e não ser amado de volta. Está claro pra mim que você tem é medo de se entregar e se magoar, não é isso?

Do que ela estava falando? Será que sabia da Larissa? O Ronan teria contado? O filho da puta teria me traído daquela forma, revelando meu pior pesadelo?

Arthur: Isso é o que você pensa. Não posso e nem quero mudar sua opinião sobre mim porque é indiferente. Eu sou assim, é o meu jeito de ser e ninguém vai mudar isso, nem mesmo você.

Carla: Você é um idiota, Arthur. — Ergueu a cabeça de forma desafiadora.

Arthur: É o que dizem, já nem me importo. — Caralho, doía ter que falar com ela daquela maneira, mas precisava fazê-la entender de uma vez por todas o babaca que eu era.

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