Capítulo 85 :

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Carla Diaz

Era madrugada e eu ainda rolava de um lado para o outro na cama.

Meus pensamentos e coração estavam a mil. Para completar, Arthur não ajudava em nada sendo fofo e atencioso daquele jeito.

Eu fechava os olhos e as imagens dele todo preocupado, perguntando coisas da gravidez, e, principalmente, a imagem dele emocionado ao ver nosso bebê, me faziam querer pular da cama e bater em sua porta de madrugada.

Só que eu me recusava a me deixar levar por meia dúzia de gestos e palavras bonitas. Mesmo assim, elas não saiam da minha cabeça.

"Não me peça isso, pitica". O que eu vi ali dentro, o que presenciei, foi a melhor coisa que eu já fiz.

Nunca tive tanta certeza de ter feito algo bom na minha vida até olhar para aquele monitor.

Então, por favor, não me diga para não me preocupar."

Como não ficar tentada e dividida com tais palavras?

Jamais imaginaria um Arthur tão dedicado a ser pai, tão preocupado com o bem-estar de alguém que não fosse ele.

Quando saí da clínica, fiquei decepcionada por ele não ter insistido para conversarmos sobre a gente. Quase nos beijamos no consultório e, depois de ver nosso bebê juntos, tudo o que eu queria era que tentasse me beijar de novo, ali mesmo. 

Eu queria que Arthur me puxasse pelo braço e me levasse até o carro mais próximo — o meu ou o dele — e me jogasse lá dentro.

Que me despisse e me beijasse toda, beijasse minha barriga de grávida e sugasse meus mamilos doloridos, meus seios inchados.

Só queria que ele tirasse todo aquele tesão louco e aquela saudade que eu estava sentindo dele. Mas o cretino só soube falar de anestesia e remédios.

Fui até a casa da minha mãe depois, para mostrar as imagens para ela, dizer que estava tudo bem com o bebê. Mas só fiz chorar.

Mara: Filha, você disse que tem medo de voltar pra ele e sofrer novamente, mas olha só, está sofrendo do mesmo jeito. Você o ama. Por que não dá uma chance? Não a ele, mas a você.

Carla: Dar uma chance a mim? Não entendi, mãe.

Mara: Sim, se dar uma chance. Você é linda, inteligente, independente, divertida, irradia alegria... Deixe-o se contagiar com a sua luz.

E foi aí que abri o berreiro mesmo, andava emotiva ao extremo. Minha  mãe tinha razão, eu precisava confiar no meu taco.

Só que não estava lidando com um cara qualquer, era o Arthur Picoli, um cafajeste de marca maior, machucado sei lá por qual motivo ou por quem, que me enfiou uma periguete goela abaixo, me humilhou...

Mara: Precisa colocar na cabeça que sua felicidade depende exclusivamente de você. — Minha mãe continuou filosofando, na esperança de colocar um pouco de confiança na minha pessoa.

Carla: Não depende só de mim, depende dele também — tentei argumentar.

Mara: Ele está querendo consertar a merda. Deixe de ser medrosa e se joga!

Fiquei até surpresa com minha mãe, tão reservada e correta, me empurrando para a toca do lobo.

Nesta hora Chaplin latiu, come se concordasse com oque Dona Mara dizia.

Carla: A senhora acredita mesmo que ele possa ter mudado?

Mara: Não acredito e nem desacredito. O que sei é que está infeliz longe dele e que ele está querendo se redimir.

Carla: É... — suspirei sem saber mais o que dizer. — Talvez a senhora tenha razão. Vou pra casa. Preciso pensar e descansar. Foi um dia intenso.

Estou eufórica e muito acelerada por causa do exame e tudo que vem acontecendo.

Despedi-me de minha mãe e fui para casa. Tomei um banho e fiz meu chá preferido. Tentei ler um livro, o que foi impossível.

Eu só conseguia pensar no Arthur, na atitude fofa dele na consulta. Se o nosso filho se pareceria com ele.

Pensava naqueles lábios vermelhos se aproximando dos meus, das linhas de expressão ao redor do sorriso lindo.

Acabei desistindo do livro e indo para a cama.

Só que, claro, não consegui pregar o olho. Meu celular vibrou na mesa de cabeceira, me tirando dos meus devaneios. Era Pocah. O que ela queria? Será que tinha acontecido alguma coisa com a Vitoria?

Pocah: Fica calma, Carlinha, a Totoya está bem. — Já atendi perguntando pelo meu afilhado

Carla: Então, o que aconteceu pra me ligar a essa hora, mulher? Brigou com o Ronan?

Pocah: Não é nada disso. Lembra-se de quando falei que, se houvesse alguma chance de o idiota do Arthur fazê-la feliz, eu seria a primeira a apoiar?

Fiquei muda. Não entendi o motivo daquela ligação no meio da madrugada para falar do Arthur.

Já era difícil o suficiente tentar não pensar nele sem ajuda.

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