Capítulo 48 :

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Arthur

Eu disse que ferraria com tudo, não disse? Pois é, o grande dia havia chegado.

Naquela manhã, acordei decidido a dar um basta na situação.

Já tinha me envolvido demais, ultrapassado todos os limites, estava preso até o último fio de cabelo.

Àquela altura do campeonato, já nem sabia mais se o que eu sentia era medo de ter meu o coração quebrado ou receio de não ser o suficiente para ela. Na verdade, sabia sim.

A Carla era uma garota decente, nunca faria comigo o que a Larissa fez. A realidade era que eu não a merecia.

Por isso, eu precisava protegê-la de mim mesmo, pois sabia que, mais cedo ou mais tarde, nossa realidade se chocaria e o meu passado não me deixaria seguir em frente, como nunca deixou.

Ela merecia mais, merecia um cara bacana que quisesse um futuro ao lado dela, que desejasse envelhecer ao seu lado. Eu nunca seria esse cara.

O arrependimento e a culpa vinham caminhando comigo desde as palavras do meu pai, seguidas pelas do Ronan e as do tal amigo, João.

Mesmo assim, continuei tapando o sol com a peneira, deixando-a se envolver cada vez mais e me envolvendo também, assumo.

Sim, eu estava muito mexido pela Carla, minha vida saíra totalmente dos eixos estando com ela. Mas, por um tempo, ela fez com que eu me esquecesse do quanto eu estava fodido.

Infelizmente, eu me lembrei, mesmo que um pouco tarde, e junto com a lembrança, veio o remorso por ter sido tão babaca, mesmo gostando dela. Mas aquele era eu, não era? O cara que tinha a garota perfeita e mesmo assim saia com outras mulheres.

Tudo o que aconteceu naquele dia foi minimamente planejado.

Convidei-a para ir ao cinema e a deixei esperando enquanto fui para um bar. Fiquei lá, esperando o momento certo de abordar qualquer mulher.

Só sairia acompanhado, e saí. Segui com a minha acompanhante para a boate, onde dançamos nos esfregando um no outro e, depois de ter circulado o suficiente pela boate, levei-a comigo para casa.

E lá rolou de tudo, porque eu precisava ser o cafajeste que sempre fui para que a Carla entendesse de uma vez por todas que o Arthur Picoli não prestava e desaparecesse para sempre.

Ela continuou me ligando até as quatro da manhã. Foi quando as ligações cessaram.

Pensei que apareceria durante a noite, já tinha perdido a esperança de que me pegaria no flagra, quando a minha campainha tocou de manhã.

Quando a vi pelo olho mágico, meu coração disparou, dando solavancos no meu peito.

Ao abrir a porta, o arrependimento me recebeu dando um tapa na minha cara. A carinha aflita de preocupação, se misturando à confusão e mágoa no momento em que ela viu a minha acompanhante, partiram meu coração em mil pedaços.

Sabia que ela estava sofrendo, mas porra, eu também estava. E em mim doía o dobro. Eu estava sofrendo e era a razão do sofrimento dela.

Quando saiu correndo, tive que me segurar para não correr atrás dela, foi a coisa mais difícil que já fiz.

No entanto, me mantive firme, afinal, mesmo se fosse atrás dela, sei que jamais me perdoaria e a intenção era essa, né?

Nem fechei a porta e já me virei para a garota e a pedi para ir embora.

Xxx: Problemas no paraíso? — A minha acompanhante, cujo nem me lembrava do nome, perguntou.

Arthur: Não. Só preciso que vá embora. — Fui extremamente rude, eu sei, mas eu era um babaca, lembram?

Foi ali, naquele momento, que percebi que a Larissa nunca quebrara meu coração. Ele esteve inteiro o tempo todo e só se quebrou ali, quando abri aquela porta.

Por canalhice, acabei fazendo com a Carla a mesma coisa que a Larissa fez comigo.

Mesmo com meu coração em frangalhos e amaldiçoando a mim mesmo por gerações, estava feito. Ela, com certeza, ficaria melhor sem mim.

Xxx: Tem certeza que não quer repetir a dose antes? — A voz da garota me trouxe de volta a razão.

Arthur: Fecha a porta quando sair. — Passei por ela em direção ao meu quarto.

Ainda pude ouvi-la me chamando de babaca antes de bater a porta.

Me conta uma novidade... — pensei alto, me jogando na cama.

A sensação de vazio e de arrependimento foi inevitável.

Caralho! O que tinha feito? Como tive coragem de expulsar a mulher mais incrível que já conheci na vida, sem dó nem piedade?

Um desespero inédito tomou conta de mim, e cheguei a reconsiderar ir atrás dela. Contudo, não podia. Ao mesmo tempo em que o arrependimento tomava conta de mim, o pânico me aterrorizava.

Fiz-me refém dos sentimentos que estava nutrindo por aquela cosinha de 1,53, me negava a continuar assim. Finalmente eu tinha a minha liberdade de volta.

O próximo passo era correr atrás do tempo perdido e cair na gandaia de vez.

Aquele era eu, o cafajeste. Você consegue, pensei, sem o menor ânimo.

Cansado de me martirizar por horas, esperando o sono, me levantei e fui até a cozinha.

Ainda era de manhã, nem café tinha tomado, mas lá estava eu, abrindo uma garrafa de cerveja. Quando estava abrindo a sexta garrafa, a campainha soou.

Levantei-me desanimado e fui atender, era o Ronan. Do olho mágico dava para ver a fúria nos olhos dele.

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