Capítulo 57 :

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Pocah: Carla? — A cão de guarda, vulgo Pocah, apareceu no banheiro.

Carla Já estou saindo. — Dei descarga para fingir que realmente tinha usado a privada.

Enxuguei meus olhos na esperança de que ela não percebesse que eu estava chorando. Se percebeu, preferiu ficar calada. Milagre.

Lavei as mãos e seguimos de volta para a mesa. Depois de algum tempo e algumas cervejas, eu já estava mais pra lá do que pra cá.

Meus amigos conversavam animados enquanto permaneci alheia ao assunto. O karaokê tinha ganhado minha atenção. Respirei fundo e me levantei, indo em direção ao pequeno palco improvisado.

Pocah: Carla, o que está fazendo? Volta aqui! — Ela me chamou, mas a ignorei. Era o meu momento. – Você e atriz, a cantora aqui sou eu.

Peguei o microfone e encarei as pessoas presentes.

Carla: Hora do show!

Arthur

Lá estava eu, numa baladinha sertaneja com alguns amigos, quando aquele maldito vídeo chegou.

Rodeado de mulher bonita, na tentativa de parecer interessado em todas elas, a minha noite simplesmente acabou, por causa do infeliz do meu ex-melhor amigo, Ronan.

Assim que identifiquei que era ela, pausei o vídeo e coloquei o celular de volta no meu bolso. Não vou olhar, não vou olhar, disse para mim mesmo.

Xxx: Tudo bem, gatinho? — a morena ao meu lado perguntou. Encarei os peitos dela na esperança que ganhassem meu foco, mas não rolou.

O idiota do Ronan tinha conseguido acabar com a minha chance de tentar tirar aquela Pitica da minha mente.

Pedi licença a minha acompanhante e saí da boate, indo em direção ao meu carro. Já dentro dele, nervoso, peguei o celular.

O que aquele filho da puta estava aprontando? Que vídeo era aquele?

Será que ela estava se pegando com alguém e o babaca filmou só para esfregar na minha cara? Muito maduro, Ronan! Muito maduro!

Respirei fundo, me munindo de coragem, e cliquei novamente no vídeo.

O que vi me destroçou. A minha Pitica, visivelmente bêbada, cantava em um karaokê com a Pocah.

Ela tinha lágrimas nos olhos, uma garrafa de cerveja em uma mão e o microfone na outra.

Mesmo triste e chorando, ela continuava perfeita. E, nossa, como ela cantava bem! E a música parecia que tinha sido escolhida a dedo.

"Te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar.

Te vejo sonhando e isso dá medo

perdido num mundo que não dá pra entrar..."

Sequer consegui ver até o final. Pausei o vídeo e fiquei, sei lá, uns cinco minutos, encarando a imagem dela na tela.

Puta que pariu! Se o idiota do Ronan estava querendo fazer com que eu me sentisse culpado, tinha conseguido.

Nem voltei para a festa, fiquei dividido entre ir para algum bar beber até morrer, ou ir atrás dela e arrancar aquele microfone das suas mãos e beijá-la até que não houvesse mais ar em seus pulmões.

Liguei o carro e meti o pé dali até o boteco mais próximo, era mais seguro.

Fazia uma semana que eu havia sido um escroto com ela, desde então, não me procurou mais.

Melhor assim, né?

NÃO! Estava foda sem ela.

Os dias apenas passavam. Fui me transformando em um mero espectador dos meus próprios dias, bebendo em bares até extasiar a dor, até adormecer meu coração quebrado.

Mulheres? Sequer beijei alguma desde que ela se foi. Transar então?

Muito menos. Só pensava nela, só a queria, só a desejava na minha cama.

Saí do bar meio que cambaleando e fui dirigindo para casa. Imprudente, eu sei, mas aquele era eu. Um cafajeste sem escrúpulos e inconsequente.

No dia seguinte, Dona Beatriz me ligou cedo. O barulho do celular tocando quase explodiu meu cérebro.

Pensei em ignorar, mas já estava fazendo isso há uma semana. Capaz dela vim de Conduru bater na minha porta e veria o estado lastimável em que eu me encontrava.

Como previ, Ela estava no Rio com a minha família e  fui intimado a comparecer à casa de Tia Julia para almoçar.

Nem tive como negar, então coloquei a minha máscara — de cafajeste que não liga para nada e nem ninguém — e segui para lá.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora