Capítulo 80 :

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Arthur: Podemos conversar?

Ok, por mais que eu não quisesse nada com ele, o Arthur era o pai do meu filho. Se fosse sobre a criança, iria ouvi-lo.

Carla: Não posso demorar.

Arthur: Serei breve. — Assenti, dando espaço para que entrasse. — Desculpe ter pensado que, bem... Que estivesse grávida de outro... — começou indo direto ao ponto.

Carla: Tudo bem, Arthur. Teve seus motivos pra pensar assim.

Ficamos em silêncio novamente. Arthur me encarava tão profundamente, me deixando desconfortável.

Ele deve ter percebido, pois desviou a atenção, mas para a minha barriga, de um pouco mais de dois meses. Que situação.

Ainda era impossível saber que havia um bebê dentro dela só olhando, mas foi como se ele o enxergasse.

Arthur: Você está bem? Está se sentindo bem? Já foi ao médico? — Fez uma pergunta atrás da outra.

Desejei não ter achado fofa a preocupação dele, mas foi inevitável.

Carla: Já sim, estamos bem. — Alisei a barriga. Um gesto involuntário que Arthur acompanhou com o olhar.

Arthur: Carla, Dona Carla... Eu vim aqui pra dizer que assumirei a responsabilidade. Meu pai foi um ótimo pai e me deu uma educação excelente, espero ser pelo menos um terço do que ele foi para mim. Vou ampará-la.

Claro que estava longe de aceitá-lo de volta, mas vendo-o ali, falando apenas da paternidade e me excluindo de todo o resto, doeu um pouquinho.

Pensei que me procuraria — apesar de ter aceitado ouvi-lo só se fosse para falar sobre a paternidade — para reafirmar que me amava. Esperava até que implorasse.

Não queria perdoá-lo, mas pensei que insistiria mais.

Arthur: Carla... — Aproximou-se, espantando meus pensamentos. — Quero criar esse filho junto com você. Quero que ele tenha uma família.

Junto comigo?

Carla: Jamais aceitaria ficar com você só porque estou grávida. Filho não segura ninguém, nem muda o fato de que a gente acabou.

Diaz com Z entrou em ação, por um segundo, eu quase me joguei nos seus braço, ai foi o momenta de Carla Diaz a atriz aparecer, ou acabaria realmente me jogando naquele peitoral gostoso.

Foco, Carla!

Arthur: O fato é que eu te amo! — Foi impossível conter o reboliço interno que se apossou de mim. Arthur se aproximou mais um pouco, me encurralando no encosto do sofá. — Não estou querendo voltar por causa de filho. Ontem, quando te procurei, nem sabia da existência dele. Quero voltar porque não sei mais viver longe de você, não consigo.

Fiquei totalmente sem ação diante da declaração.

Arthur segurou meu rosto e cadê a força para me esquivar? Fiquei paralisada, perdida na imensidão daqueles olhos claros.

Arthur: Deixe-me cuidar de você? De vocês... — pediu, colocando a mão na minha barriga.

E lá se foi o restinho de mágoa ou raiva que eu ainda insistia em guardar.

As lágrimas brotaram dos meus olhos, descendo desobedientes pelo meu rosto. Ele as limpou com os dois polegares e segurou o meu rosto.

Carla: Não quero me deixar levar por palavras. Os seus atos me machucaram demais. Me recuso passar por isso de novo, ainda mais grávida. Preciso passar tranquilidade ao bebê. Eles sentem as coisas, sabia? Não quero sofrer...

Arthur: Jamais a faria sofrer...

Carla: Você já fez, Arthur! Eu preciso ir. — Desvencilhei-me.

Arthur: Carlinha, não faz isso. Sei que mereço seu desprezo, mas acredite quando eu digo que te amo. Minha vida está uma merda desde que a afastei. — Ele respirou fundo antes de continuar: — Você é a minha cura, a minha redenção. Pode duvidar, mas sou outro homem depois de você e serei grato pelo resto da minha vida. Te quero ao meu lado, iluminando os meus dias, trazendo ordem pra toda a minha bagunça. Me perdoa, volta pra mim, por favor. Eu te amo, juro que eu não queria, mas eu me apaixonei por você!

Carla: E por que você não queria? — Já estava me debulhando em lágrimas.

Arthur: Porque eu não queria, não queria que fosse dessa forma, da forma como aconteceu.

Carla: Vá embora. — As lagrimas teimavam em cair.

Arthur: Deixa eu te provar que mudei?

Carla: Ninguém muda assim de uma hora para outra, Arthur. Não posso me dar ao luxo de acreditar e amanhã ser apunhalada pelas costas novamente. Por mais que a minha vida seja uma ficção, isso aqui não e.  — Pensei que continuaria insistindo, mas ele me surpreendeu assentindo.

O que significava aquilo? Desistira tão fácil assim?

Arthur: É sua última palavra? — Senti-me péssima pela tristeza em seus olhos. Não deveria, eu sei, afinal, ele tinha feito muito pior comigo, mas sei lá, ele parecia tão sincero.

Carla: Não sei... Estou muito confusa. — Ele aproveitou minha guarda baixa e entrelaçou nossos dedos.

Arthur: Vai me deixar pelo menos participar da vida do meu filho?

Carla: Claro que sim, mas ele ainda nem nasceu...

Arthur: Quero estar presente na gestação também, por favor, não me prive disso. Já quer me privar da sua companhia, não me priva de ver meu filho crescer mesmo que no ventre.

Carla: Tudo bem. — Como negar um pedido daquele? — Amanhã tenho consulta. Vou fazer uma ultra para ver se está tudo bem com o bebê. Pode ir comigo se quiser.

Arthur: Claro que eu quero. — Aquele sorriso enfeitado pelas linhas de expressão, que eu tanto amava, brotou na face dele.

Carla: Combinado. É amanhã às nove da manhã. Te mando uma mensagem com o endereço da clínica. Agora você precisa ir, tenho que trabalhar.

Arthur: Ok. — Ele me encarou por mais alguns instantes. Um olhar triste substituiu o sorriso perfeito, me deixando com uma peninha dele.

Mesmo assim, não estava pronta para perdoá-lo. Ele precisava ir embora logo, antes que acabasse me fazendo mudar de ideia.

Ele sorriu de novo, mas, dessa vez, seu sorriso não alcançou os olhos.

Caminhou até a porta e a abriu. Antes de partir, se virou na minha direção.

Arthur: Carla... você me ama?

Carla: Sim — respondi, sem pestanejar. Mesmo que eu quisesse, não conseguiria continuar negando.

Com mais um meio sorriso, ele partiu, me deixando paralisada na sala. E os enjoos, que tanto tentei evitar antes de sair de casa, vieram com força total.

Lá estava eu novamente abraçada com o vaso sanitário, colocando todo o café da manhã para fora e chorando feito criança que perdeu o brinquedo preferido.

Malditos hormônios.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora