Capítulo 62 :

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Arthur

Correndo na areia da praia da Barra, eu refletia pela milésima vez sobre a minha vida medíocre. Era isso o que vinha fazendo desde que afastei Carla de mim.

A certeza de que havia feito a maior-burrada-da-minha-medíocre-vida-inteira ficava cada vez mais clara.

Deixei-a para proteger meu coração e, claro, a liberdade que o novo Arthur — o homem depois da Larissa — havia conquistado.

Só que, desde que a afastei, mal tinha conseguido aproveitar essa tal liberdade.

O Arthur depois da Larissa era um verdadeiro babaca. Usava as mulheres apenas para seu bel prazer, sem se importar com os sentimentos delas.

Foi esse Arthur, covarde e idiota, que deixou a mulher mais linda do mundo partir.

Mesmo que eu evitasse a todo custo saber sobre seu paradeiro, o meu ex-melhor amigo, Ronan, fazia questão de me atualizar sobre todos os seus passos.

Na última vez que nos encontramos, por exemplo, fez questão de esfregar o tal primo na minha cara.

Ronan: Ouviu o que eu disse, Arthur? — insistiu em cutucar a ferida. — A sua Pitica está beijando outro cara.

Arthur: Ela não é mais minha e nem é da minha conta, Ronan. A garota é livre, deixe-a se divertir. — Se não consegui convencer nem a mim com meu discurso indiferente, imagina ele.

A minha Pitica estava trocando saliva com outro cara. Caralho!

Senti o estalo do último pedaço que ainda estava inteiro do meu coração se quebrar, se espatifar de vez, enquanto o Ronan me encarava minuciosamente, tentando decifrar minha expressão.

Ronan: Não vai fazer nada?

Arthur: Que porra quer que eu faça, cacete?!

Ronan: Pode começar assumindo que a ama e que está sofrendo, por exemplo.

Arthur: Mas que merda, Ronan! Ok, você venceu! Eu a amo, porra! Estou sofrendo igual burro de carga por estar longe dela, satisfeito? Eu não durmo, não como direito, muito menos pego mulher! Só penso nela o dia todo, no quanto a minha vida está medíocre e vazia sem ela. E estou me segurando aqui pra não chorar na sua frente por causa dessa notícia de que ela está com um cara de merda e pinto pequeno! Era isso o que queria ouvir? Tá satisfeito, caralho?!

Ronan: Ficarei quando você for atrás dela e consertar a merda que fez, se é que ainda tem conserto.

Arthur: Cara, uma coisa é assumir que a amo e que estou sofrendo, mas isso não significa que quero consertar.

Ronan: Arthur, você é um filho da puta do caralho! — Foi a vez de ele gritar comigo. — Não sei por que eu ainda insisto!

As pessoas a nossa volta começaram a nos encarar, já esperando a gente sair na porrada, vou confessar que estava me segurando muito para não partir pra cima dele.

Ronan: Ela andou desconfiada de que estava grávida, sabe? — Ele soltou, na maior naturalidade.

Praticamente cuspi o gole do café na cara dele.

Grávida? De mim ou do cara de merda? Não, não podia ser dele. O idiota estava na cidade há apenas uma semana, de acordo com Ronan.

Foi então que me lembrei de que transamos sem camisinha.

Arthur: Espera aí... Está dizendo que ela não está grávida?

Ronan: Pra sorte dela, não, foi alarme falso. Ainda bem, né? Seria muito azar da minha amiga ficar grávida do cafajeste aí. — Apontou para minha pessoa. — Agora, me admira você, hein, Arthur? Se diz o esperto, mas foi transar com a garota sem proteção. Pra quem corre de responsabilidade, deveria saber que filho é uma responsabilidade do caralho.

Ainda tive que ouvir aquilo... Mas a minha cabeça estava dando tanta volta, que nem me dei ao trabalho de responder.

Não sei definir em palavras o que a informação me fez sentir.

Eu tinha ficado aliviado por ela não estar grávida, e, ao mesmo tempo, triste. Sabia que filho não segura ninguém, mas liga duas pessoas, para sempre. Se a Carla estivesse mesmo grávida, estaríamos ligados.

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O Crossfiteiro Irresistível.Onde histórias criam vida. Descubra agora