Cap 69

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•Maya•

Assim que ouço a porta da sala bater, desço. Vou pra cozinha e encaro eles de braços cruzados.

- vocês sabiam que ela viria aqui? - pergunto pros meus avós.

- ela tem vindo uma vez na semana, já fazem alguns meses - minha avó se vira pondo o café na mesa - ela quer concertar as coisas Maya, da uma chance - nego

Coloco as meninas sentadas na caminha que eu fiz no chão e pego um pouco de café. Fico intercalando o olhar entre elas no chão e eles na mesa.

- muito tarde pra isso - falo e bebo.

- pra ela é tarde mesmo - fala e eu a encaro.

- como assim?

- ela tá doente, por isso voltou. Quer acertar as coisas - fala.

- ela só tá colhendo oque plantou - dou de ombros.

- Maya! - meu avô se exalta - ainda é da nossa filha que estamos falando.

- também é a mulher que me pariu, e foi embora sem nem olhar pra trás. Ela nem se deu o trabalho de avisar a vocês de pra onde estava indo - falo - se quiserem ter uma relação com ela depois disso, a escolha é de vocês. Mas não me obriguem a aceitá-la porque eu não vou.

- tenta pelo menos conversar, entender o lado dela - minha vó tenta me convencer.

- eu já sei o lado dela, na época ela não me queria. Simples.

- ela tem câncer Maya - meu avô fala sem paciência - ela tá doente e nem um pouco de empatia você tem por ela. Vê se amadurece - fala saindo da cozinha.

- oque deu nele?

- ele é oque mais ficou mexido com a volta dela - fala e eu assinto - Maya eu quero recuperar oque eu perdi com ela, seu avô também. Se você não quer, tudo bem. Mas não fica falando essas coisas perto dele.

- tudo bem - falo e ela sai da cozinha indo atrás dele.

- você pegou pesado - Melissa comenta e eu a encaro com uma sobrancelha erguida - não com ela, eu acho que ela merecia, mas na frente deles foi vacilo.

- eu sei, mas ela me tira do sério. Ela acha que ainda tem direito a alguma coisa. Foram 25 anos Mel - falo me sentando.

- eu sei, acho que tem todo direto de não querer nada. Só da uma maneirada no desprezo, você exagera. Vira outra pessoa, e nem eu nem eles gostamos de você assim.

- foi mal - falo e suspiro - eu vim pra cá pra relaxar e tudo que eu consigo é mais estresse. E é só o primeiro dia.

- sua vida é puxada - fala e eu assinto concordando.

- muito - falo e começamos a tomar nosso cafe em silêncio.

Depois do café meu avô me chamou lá pra fora, dizendo que queria conversar.

Ponho meu casaco, a toca, os sapatos e saio.

- pode falar vô - falo quando chegamos no jardim.

- desculpa por ter gritado, eu só...

- ficou mexido com a volta dela - falo e ele assente torcendo os lábios - eu também não devia ter falado daquele jeito. Apesar de tudo ela é filha de vocês - falo me sentando num banquinho ali no canto do quintal.

- isso não muda oque ela fez eu sei, mas eu não quero deixar ela viver o resto da vida dela sozinha. Não posso.

- eu entendo - falo comprensiva.

Abre a porta - L7nnonOnde histórias criam vida. Descubra agora