Capítulo 23 Parte II continuação

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Continuação do anterior....

Pego a minha chávena de café e sigo para a varanda. O meu lugar preferido desde que entrei nesse apartamento. A vista, a paz e o silêncio as vezes fazem-me esquecer dele. Faz 21 dias que estou em Paris, mas a sensação é de ser uma eternidade. 

Elisabeth: Vai dormir... 

Viro-me e vejo Elisabeth. 

Eu: Não consigo. 

Elisabeth: Maitê, daqui a pouco vai para o restaurante trabalhar e precisa estar descansada.

Eu: Estou bem. 

Elisabeth aproxima-se e senta-se ao meu lado. 

Elisabeth: Conta-me. 

Eu: Contar o que? 

Elisabeth: O motivo de passar todas as tardes chorando no seu quarto antes de ir trabalhar.

Encaro a chávena na minha mão. 

Elisabeth: O motivo que te faz não ter fome e sono. 

Eu: Não quero falar sobre isso. 

Ela respira fundo e levanta-se. Antes de sair da varanda sussurra. 

Elisabeth: Quando quiser contar, estarei aqui. 

Olho a vista e o céu perfeito de Paris. Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Como se eu realmente não fosse nada. É isso que mais me dói. Algo em mim grita enlouquecidamente que tem algo errado. Que depois do que vivemos isso seria impossível. A outra parte de mim ainda está no chão, buscando forças para se erguer. Pego o meu telemóvel e abro as nossas últimas mensagens. O meu dedo coça sobre o botão de responder. A minha vontade na verdade era de ligar e dizer a ele que é um filho da puta por me fazer ficar apaixonada por ele e depois me dispensar. Talvez seja esse o motivo de não conseguir superar. O fato dele me fazer sentir tudo isso e depois me descartar. É isso!!! Levanto-me e corro para dentro do apartamento. 

Elisabeth: O que foi?

Elisabeth corre atrás de mim. 

Elisabeth: Maitê o que houve? 

Pego a minha mala.

Eu: Estou indo para o México. 

Saio do aeroporto e enfio-me num táxi. 

Taxista: Para onde? 

Olho o meu relógio. Ele deve estar na empresa. Dou o endereço da empresa para o taxista que já segue para fora do aeroporto. O caminho todo tento conter as lágrimas. Não quero chorar na frente dele. Vou dizer o que tenho para dizer, soltar tudo o que sinto e ir embora. Sem chorar. O taxista para em frente à empresa e assim que pago, sigo para dentro. Passo correndo pelas pessoas e entro no elevador. Evito olhar as pessoas que estão comigo. Estou tentando de todas as formas me segurar emocionalmente. As portas abrem e eu saio dando de cara com a secretaria. Ela olha-me e abre um enorme sorriso. Afasta-se como se estivesse dando-me acesso livre a ele. Ando até à sua porta e assim que seguro a maçaneta, os meus olhos se enchem de lágrimas. Respiro fundo engolindo a dor. Abro a porta e vejo ele olhando para o computador. A saudade misturada à raiva sufoca-me. Fecho a porta e ele nem sequer olha. 

William: Disse para não me incomodarem. 

Com raiva, pego o vaso e arremesso em direção a ele. O vaso bate na parede atrás dele e cai no chão em pedaços. Os seus olhos finalmente se viram para mim.

William: Maitê... 

O meu corpo treme e percebo que estou chorando. 

Eu: Porque você disse que eu não servia para você? Porque você disse para o meu pai me manter longe de você? 

Não consigo parar de chorar e a dor só aumenta. Ele levanta-se me encarando.

Eu: Porque disse tudo isso depois de me fazer ficar completamente apaixonada por você? 

Está doendo mais do que quando fui embora. 

Eu: Eu te odeio por me fazer te amar e depois me descartar. 

Assusto-me quando ele vem na minha direção. As suas mãos envolvem o meu rosto e ele puxa-me para a sua boca. O seu beijo faz-me amolecer. Eu senti falta dele. Senti falta do seu corpo no meu e da sua boca na minha. Mas eu não quero isso. Eu não mereço isso. Não sou um objeto que ele usa a hora que quer. Espalmo as minhas mãos no seu peito e o empurro para longe de mim. Ele olha para mim assustado. Tenta dar um passo na minha direção. 

Eu: Para... 

Eu: Eu não quero... Não quero...


Continua...

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