Continuação do anterior....
Pego a minha chávena de café e sigo para a varanda. O meu lugar preferido desde que entrei nesse apartamento. A vista, a paz e o silêncio as vezes fazem-me esquecer dele. Faz 21 dias que estou em Paris, mas a sensação é de ser uma eternidade.
Elisabeth: Vai dormir...
Viro-me e vejo Elisabeth.
Eu: Não consigo.
Elisabeth: Maitê, daqui a pouco vai para o restaurante trabalhar e precisa estar descansada.
Eu: Estou bem.
Elisabeth aproxima-se e senta-se ao meu lado.
Elisabeth: Conta-me.
Eu: Contar o que?
Elisabeth: O motivo de passar todas as tardes chorando no seu quarto antes de ir trabalhar.
Encaro a chávena na minha mão.
Elisabeth: O motivo que te faz não ter fome e sono.
Eu: Não quero falar sobre isso.
Ela respira fundo e levanta-se. Antes de sair da varanda sussurra.
Elisabeth: Quando quiser contar, estarei aqui.
Olho a vista e o céu perfeito de Paris. Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Como se eu realmente não fosse nada. É isso que mais me dói. Algo em mim grita enlouquecidamente que tem algo errado. Que depois do que vivemos isso seria impossível. A outra parte de mim ainda está no chão, buscando forças para se erguer. Pego o meu telemóvel e abro as nossas últimas mensagens. O meu dedo coça sobre o botão de responder. A minha vontade na verdade era de ligar e dizer a ele que é um filho da puta por me fazer ficar apaixonada por ele e depois me dispensar. Talvez seja esse o motivo de não conseguir superar. O fato dele me fazer sentir tudo isso e depois me descartar. É isso!!! Levanto-me e corro para dentro do apartamento.
Elisabeth: O que foi?
Elisabeth corre atrás de mim.
Elisabeth: Maitê o que houve?
Pego a minha mala.
Eu: Estou indo para o México.
Saio do aeroporto e enfio-me num táxi.
Taxista: Para onde?
Olho o meu relógio. Ele deve estar na empresa. Dou o endereço da empresa para o taxista que já segue para fora do aeroporto. O caminho todo tento conter as lágrimas. Não quero chorar na frente dele. Vou dizer o que tenho para dizer, soltar tudo o que sinto e ir embora. Sem chorar. O taxista para em frente à empresa e assim que pago, sigo para dentro. Passo correndo pelas pessoas e entro no elevador. Evito olhar as pessoas que estão comigo. Estou tentando de todas as formas me segurar emocionalmente. As portas abrem e eu saio dando de cara com a secretaria. Ela olha-me e abre um enorme sorriso. Afasta-se como se estivesse dando-me acesso livre a ele. Ando até à sua porta e assim que seguro a maçaneta, os meus olhos se enchem de lágrimas. Respiro fundo engolindo a dor. Abro a porta e vejo ele olhando para o computador. A saudade misturada à raiva sufoca-me. Fecho a porta e ele nem sequer olha.
William: Disse para não me incomodarem.
Com raiva, pego o vaso e arremesso em direção a ele. O vaso bate na parede atrás dele e cai no chão em pedaços. Os seus olhos finalmente se viram para mim.
William: Maitê...
O meu corpo treme e percebo que estou chorando.
Eu: Porque você disse que eu não servia para você? Porque você disse para o meu pai me manter longe de você?
Não consigo parar de chorar e a dor só aumenta. Ele levanta-se me encarando.
Eu: Porque disse tudo isso depois de me fazer ficar completamente apaixonada por você?
Está doendo mais do que quando fui embora.
Eu: Eu te odeio por me fazer te amar e depois me descartar.
Assusto-me quando ele vem na minha direção. As suas mãos envolvem o meu rosto e ele puxa-me para a sua boca. O seu beijo faz-me amolecer. Eu senti falta dele. Senti falta do seu corpo no meu e da sua boca na minha. Mas eu não quero isso. Eu não mereço isso. Não sou um objeto que ele usa a hora que quer. Espalmo as minhas mãos no seu peito e o empurro para longe de mim. Ele olha para mim assustado. Tenta dar um passo na minha direção.
Eu: Para...
Eu: Eu não quero... Não quero...
Continua...
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Submissa
Roman d'amourWilliam é um belo homem de 30 anos que aproveita muito bem a vida de milionário. Gosta de curtir a vida com belas mulheres. Maitê é uma jovem mulher de 22 anos que acaba de se formar e busca um emprego na sua área. Os dois poderiam claramente se env...