• repentino •

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No dia seguinte:

S/N:

    Acordo quando o relógio marca nove da manhã. Hoje consegui dormir bastante, acho que eles entenderam que preciso de um tempo para descansar.

    Faço minha higiene matinal, tomo um café da manhã reforçado e começo a arrumar essa sujeira toda que é a minha casa. Eu nem lembro quando arrumei isso aqui pela última vez, mas sei que está cheio de poeira e roupas jogadas por todos os cantos.

    Ouço batidas na porta e levo alguns segundos para raciocinar aquilo. Realmente, eles não conseguem me deixar mais de 24 horas quieta. Caminho até lá e atendo, paralisando ao ver a face de Madara Uchiha bem na minha frente.

    Ele está diferente. Está vestindo uma camisa de mangas longas e gola alta, uma calça larga também na cor preta, sandálias e bandagens nos pulsos e tornozelos. Acho que é a roupa padrão do clã dele.

— Oi. -ele disse.

— Oi. -cerrei as sobrancelhas. — O que quer aqui?

— Falar com você.

    Ele passa por mim e simplesmente entra na minha casa, sem nem pedir licença. Respiro fundo, reviro os olhos e bato a porta com força, chamando a atenção do Uchiha para mim.

— Está brava? -ele perguntou.

— Não, imagina. Eu amo quando invadem a minha casa. -ironizei.

— Mas eu não invadi, você me deixou entrar.

— Como vou deixar algo que você nem pediu?

— Você não me impediu. -seus lábios se curvaram em um meio sorriso.

    É a primeira vez que vejo Madara com o cabelo preso, e não posso negar que acho bonito. Mudar faz bem, principalmente no caso dele.

— Está me analisando? -ele perguntou. Por um segundo pensei que ele pudesse ler os meus pensamentos.

— Não. -respondi.

— Seus olhos estão muito atentos em mim.

— Quero saber o que você veio fazer aqui, Uchiha. Fala logo, estou arrumando a casa. -passo por ele e vou até a janela da cozinha, abrindo-a.

— Vim te dizer que gostei de você ter salvo o meu irmão de novo. -disse rapidamente.

— Veio me agradecer. -concluí.

— Não! Eu não preciso te agradecer por nada! -ele parecia indignado por um segundo. Olho para o seu rosto com o canto do olho. — Mas talvez, sim. -finalizou.

— De nada. -sorri forçado. — Só isso?

— Como assim, "só isso"? -seu tom é desacreditado.

— Só veio me falar isso?

— Sim. -deu de ombros.

— Já ouvi.

— Então tá.

— Então o que está fazendo aqui ainda? -bati o pé no chão, impaciente.

— Está bem irritadinha hoje, não é? -revirou os olhos, cruzando os braços e continuando no mesmo lugar.

— Problema meu. -murmurei, recebendo um olhar mortal vindo dele.

    Madara se aproximou de mim em passos lentos, me fazendo recuar. Sustentei o seu olhar enquanto andava para trás, até ser encurralada na parede ao lado da pia. Os seus olhos mudaram lentamente, da cor escura habitual para o vermelho dos seus sharingans. Ele está tentando me intimidar.
    Era o que faltava.

— Veio na minha casa para tentar me diminuir sob esses seus olhos vermelhos, Uchiha? -debochei, mas ele não mudou a sua postura.

    Ativei os meus olhos também, não como se fosse intimidá-lo, mas só para mostrar que eu não tenho medo dele. Madara riu - algo raro - e deu um passo para trás, desativando os seus sharingans e me deixando confusa.

— Só queria ver esses seus olhos de gatinha. -ele disse.

    Desativo o doujutsu e fico o encarando. Cruzo os braços e torço o nariz, batendo a ponta do pé freneticamente no chão, enquanto o Uchiha carrega aquele sorrisinho debochado nos lábios.

— Qual a sua tara com os meus olhos? -reclamei. — E por que você me chama de "gatinha"? Eu sou descendente de um deus dragão. Não tem nada de felino.

— Não acho que você entende. -seus olhos percorreram um caminho diferente do meu corpo, como ele nunca havia feito. — Mas é um fetiche.

    Meu estômago borbulha e aquelas borboletas dão sinal de vida. Madara nunca me pareceu tão malicioso como está sendo agora, e eu sinceramente, não esperava por isso tão de repente.

— Relaxa. -ele disse. — Já vou indo.

— Vai. -foi o que consegui dizer.

    O Uchiha andou até a porta enquanto eu permaneci exatamente no mesmo lugar. Ele abriu a porta, mas se virou novamente na minha direção antes de sair.

— O Izuna quer te ver e conversar sobre tudo. -ele disse. — Se quiser ir lá mais tarde.

— Ok. -finalizei.

    Ele se retirou, me deixando sozinha. Finalmente me descolo dessa parede e caminho até a porta, trancando-a. Vou para o meu quarto e me atiro na cama, de cara no colchão.

    Por que eu não reagi?
    Na verdade, eu fiquei surpresa. Ele é sempre tão distante, e hoje apareceu assim.

    Esses homens de Konoha são tão estranhos. Estou começando a achar que a melhor maneira de me proteger, é mantendo distância.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora