• izuna •

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S/N:

    

    A atmosfera entre nós dois é pesada e sufocante. Não consigo olhar em seus olhos, por mais que eu queira. Gostaria de poder sumir daqui em um piscar de olhos e fugir desta situação. A única coisa que eu tenho feito ultimamente é fugir, porque não consigo assumir que ele está certo em tudo o que disse.

    Eu amo a minha irmã e por muito tempo ela foi tudo o que eu tinha, mas não é mais só ela. Agora eu tenho a Mito, a neném que está para nascer, o Izuna, o shodaime, todos eles. Qual seria o nível do meu egoísmo se partisse e deixasse todos para trás sem uma justificativa?

    Eu não me considero especial, mas eles me consideram. Eu só pensei em deixar boas lembranças, mas como eu me sentiria longe deles? Eu acho que não pensei nessa parte. Sinto como se uma venda invisível tivesse sido removida dos meus olhos.

— Vai ir comigo ou não, garota? -Izuna retornou para a cozinha, vestindo seu traje de treino.

— Ela não vai. -Madara respondeu por mim.

— Oi? -arqueei as sobrancelhas. incrédula. — Você pode ter me dito todas aquelas coisas, mas isso não te torna meu porta-voz.

    Minha resposta saiu áspera, algo que eu não pretendia, mas aconteceu. Estou acostumada, afinal, nunca tive muito freio na minha língua mesmo.

S/n! -Izuna repreendeu, com voz baixa e apavorado.

— Se é assim... -Madara riu contido. — Irmão, você sabia que a S/n estava planejando ir embora da aldeia?

    Meu coração parou por um segundo.

— Madara! -repreendi, sentindo minhas bochechas esquentarem e meus batimentos cardíacos dispararem ao mesmo tempo.

— Ir embora? -o mais novo me olhou, cerrando as sobrancelhas.

— Isso aí. -o líder riu irônico. — Ela me falou como uma suposição, mas queria ir mesmo. E não ia nem se despedir.

— É mentira! -protestei.

— Deixa ela sonhar. -Izuna gargalhou, também com ironia. — Só nos sonhos dela isso aconteceria. Espero que tenha sido só uma suposição, se não for, estará sendo idiota.

    Madara me olha com uma expressão descarada de vitória. Sinceramente, não sei o que ele está pensando, mas se eu decidir ir com a minha irmã, não vai ser esse discursinho que vai me impedir.

— Vamos ou não? -Izuna repetiu a pergunta, já impaciente.

— Vamos! -levantei e me aproximei dele.

    Não olhei para o líder novamente, estou irritada. Sigo o irmão mais novo para fora da cozinha enquanto o olhar de Madara pesa sobre mim. Ignoro, pois se eu der atenção ele vai tentar me seduzir e eu sei que vai conseguir, e eu não quero dar esse gostinho a ele.

    Saio da casa principal ao lado de Izuna enquanto ele arruma algumas coisas na sua mochila de perna. Eu já estou pronta, por mais que não tenha vindo com o traje de treino e nem qualquer arma.

— É verdade? -ele perguntou de repente, enquanto caminhava.

— O quê?

— Tudo o que o meu irmão falou. -desviou o olhar.

— Você pareceu ter acreditado nele. -ri.

— Ele não gosta de ser contrariado, mas não vou acreditar a menos que você me diga.

    Respirei fundo e pensei um pouco antes de responder. Eu quero conhecer o meu sobrinho Koji, mas não tenho mais vontade de ir embora definitivamente com a minha irmã.

    Eu deveria dizer à ele, mas com certeza todos iriam atrás de Amaya e eu não quero isso.

— Confesso que eu andei pensando em tirar uns dias de folga longe daqui. -falei, sentindo Izuna me olhar finalmente.

— Por quê? -indagou.

— Nós temos quase a mesma idade, mas as nossas vidas são muito diferentes. -revirei os olhos. — Eu quero conhecer o mundo, quero fazer novos amigos, ver a vida com outros olhos e quero fazer isso sozinha.

— Mas você já andou por muitos lugares, S/n.

— Sempre acompanhada por alguém. -bufei. — Sabe, eu quero me apaixonar, sentir como é sofrer por amor. -brinquei, soltando um riso fraco. — Quero ser livre para ir e vir, conhecer a vida à minha maneira.

— E não acha que isso pode acontecer aqui na aldeia? -perguntou. Olhei para o seu rosto e percebi uma das suas sobrancelhas levemente arqueada.

— Não. -respondi decidida.

— Você é idiota. -ele riu com ironia, visivelmente disfarçando uma certa irritação.

— Por quê?

— Bom, eu apóio você porque sou seu amigo. -me olhou. — Se você quer ir embora, se apaixonar, sofrer e se aventurar, o problema é seu. Desde que você volte logo. -deu de ombros. — Mesmo que eu ache isso muito egoísta, não vai adiantar nada eu citar diversos motivos para você ficar. Você vai ir de qualquer jeito.

    Baixo o olhar e encaro meus pés enquanto caminho. Izuna está certo, mas eu ainda não decidi sobre o que farei com a minha vida. De repente, tudo ficou tão confuso que faz a minha cabeça doer.

— Poderia não dizer isso à ninguém? -perguntei, receosa.

— Você não quer que eu fale para o meu irmão, não é? -rebateu, me olhando com o canto dos olhos e o maxilar levemente erguido.

— Isso. -murmurei.

— Por que não quer que ele saiba?

— Ele disse que vai ir atrás de mim se eu for embora. -cerrei os punhos, nervosa só de pensar nisso.

— E eu suponho que você saiba o motivo.

— Não quero ouvir. -deixei claro rapidamente. — Só não conte nada. Nem a ele, e nem a qualquer pessoa.

— Como quiser. -finalizou, dando início a um longo silêncio.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora