• trégua •

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Quebra de tempo.
















S/N:

    Abro os olhos lentamente, me acostumando com a luz do local. Está chovendo e o meu corpo inteiro está ensopado. Sinto um gosto forte de sangue na minha boca, faço uma careta e cuspo no chão, tentando me livrar daquele sabor ruim.

    Tento me sentar e sinto uma forte dor no abdômen, o que me faz lembrar do que aconteceu. Me coloquei na frente da espada de Tobirama e fui atingida, mas e depois?

— Sabia que aquele golpe não seria o suficiente para deter a minha aluna. -Mito diz, agachada ao meu lado e segurando um guarda-chuva.

    Nem percebi que ela estava aqui.

— O que aconteceu? -perguntei, terminando de me curar com o ninjutsu médico.

— Você foi atravessada por um golpe, mas por sorte, havia concentrado chakra medicinal em todo o seu tronco. -ela explicou. — Você poderia ter morrido.

— Eu nem pensei nisso. -só então lembrei que havia feito aquilo. Foi tudo muito rápido, eu só pensei e logo fiz.

— Mas eu estou orgulhosa de você. -Mito acrescentou.

— Orgulhosa? -torci o nariz.

— Madara e Hashirama aceitaram uma trégua quando souberam que os dois irmãos mais novos estavam brigando e precisavam de ajuda. -explicou. — Não sei por quanto tempo vai durar esse acordo, mas por enquanto, está tudo resolvido.

— Que bom. -sorri largo. — Não sei o motivo de brigarem tanto, são dois clãs de idiotas. Eu e você somos de clãs superiores, não eles. -brinquei.

— Deixe eles pensarem assim. -riu. 

    Fico em silêncio por alguns segundos, tentando entender onde eu estava com a cabeça quando decidi me meter na briga deles. Eu estava tão preocupada com Mito e ela está grávida, não aguentaria perder o marido ou a aldeia nesse momento.

— Mas você é uma sensei bem cuidadosa, não é? -ironizei. — Está aí bem protegida com um guarda-chuva, enquanto eu tomo banho nessa garoa gelada.

— É para você aprender a ser mais racional. -ela me deu um peteleco no nariz, e carinhosa do jeito que é, me fez cair para trás. — Vamos voltar, você passou a noite toda deitada aqui.

— A noite toda? -arregalo os olhos. — Então é por isso que eu estou cheia de fome.

    Mito dá as costas e segue andando lentamente rumo à vila. Me certifico de que consigo levantar, pego minhas armas que estão espalhadas pelo chão e corro para alcançar a minha mestre, partindo de volta para a folha.





• • •




     Após tomar um longo banho quente, coloco uma roupa confortável e vou deitar na minha cama. Mas, como eu não consigo ter um minutinho de paz neste lugar, ouço batidas na porta alguns segundos depois de me aconchegar.

    Não vou atender., pensei, e continuei deitada.
    Mas as batidas não pararam até eu finalmente levantar e ir até lá. Droga!

— O que foi? -pergunto assim que abro a porta. — Eu te conheço, moleque?

— Sou Hiruzen Sarutobi. -respondeu orgulhoso.

— Hum? -murmurei com desdém.

— O Shodaime está chamando você no escritório. É importante.

— Agora? -reclamei. — Agora eu não vou.

— É importante. -insistiu.

— Ai, garoto, eu estou de mau-humor. -rosnei, impaciente. — Some da minha frente, eu já vou lá.

    Ele assentiu e se retirou. Pisando forte no chão, andei pelo quarto procurando minhas sandálias. Me arrumei e saí rumo ao prédio do hokage.

    Bato na porta e sou imediatamente atendida por um idoso. É um dos velhos que me falou sobre a história do meu clã no dia em que dormi na casa do Uchiha. Não sei o nome dele.

— Entre. -ele instruiu.

    Passei por ele e parei dentro do escritório, que está cheio de gente. Mito, Hashirama, Tobirama, Izuna, Madara e três anciãos. Está abafado aqui, me sinto sufocada.

— Me chamou? -perguntei, suspirando pesado.

— Chamei. -disse o hokage. — Quero agradecer você pessoalmente.

— Pelo quê? -coloquei ambas as mãos na cintura.

— Mesmo sem ter envolvimento algum com o nosso conflito, você interviu em nome da paz. -sorriu grandemente. — Se fizemos uma trégua, foi graças à você.

— Eu só fiz aquilo porque sei que, se Izuna tivesse sido morto, o conflito seria muito maior. -respondi, dando de ombros. — Ninguém deveria precisar se meter nas brigas de vocês. Vocês mesmos deveriam ter noção e não ficar brigando entre si.

    Todos se entreolharam e não disseram nada. Fico de pé esperando por mais algum pronunciamento, já ansiosa pela hora que vou poder ir embora e descansar.

— Eu gosto da forma que você pensa. -disse o hokage, sorrindo. — Por isso, quero te propôr uma coisa.

— Que coisa? -torci o nariz.

— Vamos iniciar um conselho de líderes, para tomarmos as decisões sobre a aldeia de forma mais harmônica. -explicou. — Dessa forma, Madara e eu conseguiremos agir como sócios e evitar tantos conflitos.

— E o que eu tenho a ver com isso? -cruzei os braços.

— Queríamos que você representasse a nova linha de kunoichis médicas, S/n. -Mito convidou, sorrindo. — Lembra daquilo que conversamos durante a nossa viagem de treinamento? Podemos colocar em prática agora.

    Fico pensativa sobre a proposta. Mito queria muito isso, mas eu não conseguiria resolver esse tipo de assunto com a mesma capacidade que ela.

— E, futuramente, você pode se tornar representante do seu clã. Teremos debates sobre a vila, melhorias para os moradores... -Hashirama listou, mas nada daquilo me chamava atenção. — Você aceita?



feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora