• colega de casa •

2.1K 289 106
                                    

S/N:

    Assim que Tobirama sai da minha casa, Itsuki praticamente surta, rindo e me apertando para me provocar. Reviro os olhos, sem controlar os risos também. Esse garoto é pirado!

— Aquele homem é tudo! -ele disse, se atirando no sofá.

    Fiquei o encarando sem esboçar qualquer expressão. O sorriso de Itsuki se desfez em câmera lenta e ele levantou do sofá em um pulo, fingindo ânsia de vômito e limpando a parte de trás da roupa com as mãos.

— Só de olhar para essa sua cara posso presumir que vocês transaram no sofá. -ele afirmou, cruzando os braços. — Nojenta! Por que não me avisou?

— Você chegou se atirando! -a risada faz a minha barriga doer.

— Hum. -ele se emburrou e cruzou os braços, ficando de pé.

— O que veio fazer aqui? -perguntei.

— Eu vou morar com você, acha que vou ficar na rua? -ironizou.

    Esqueci desse detalhe, agora não fico mais sozinha.

— Desculpe, eu não lembrei. -murmurei. — Vai ser bom morar com você.

— Claro que vai. -ele sorriu orgulhoso. — Eu e Koji.

— O QUÊ? -minha voz saiu fina. — Eu não tenho como cuidar e manter uma criança de três anos não, meu filho. Cuida você!

— Mas você é a única família dele além da mãe que está em coma! -insistiu.

— Mas ele tem pai!

— Ninguém sabe quem é. -ele cruzou os braços.

— Talvez eu saiba. -fiquei pensativa por um momento.

    Se Koji é filho de um Uchiha e Amaya o deixou há três anos, é muito provável que esse homem ainda esteja vivo e nem esteja ciente da paternidade. Bom, não custa tentar.

— O que você vai fazer? -Itsuki perguntou, nervoso.

— Vou atrás do pai dele. -sorri.

— E se o pai dele for aquele homem que nos visitou?

— Amaya garantiu que não é ele. -falei decidida. — Ela me deu algumas características. Talvez se eu for até o território dos Uchihas e levar o Koji comigo, eu encontre o pai dele.

— Pode dar certo. -ele concordou, um pouco hesitante ainda.

    Entendo o lado dele, sei que é apegado em Koji provavelmente desde que o garotinho nasceu. Mas, de qualquer forma, não seria justo assumirmos essa responsabilidade sem nem tentar encontrar o único responsável legal por ele além da minha irmã.

    Pelas coisas que ela me disse, o pai de Koji é um rapaz bom. Se ele realmente for e quiser assumir o garoto, não vejo problema algum. Ele vai crescer dentro do próprio clã e aprender a lidar com as técnicas naturais de um Uchiha. Seria melhor do que passar necessidades comigo.

— Vou fazer isso amanhã. -informei, bocejando. — Estou cansada.

— Eu posso imaginar o motivo. -Itsuki riu fraco.

— Estou com somente um cobertor limpo, amanhã mandarei os outros para lavar. -falei. — Vai ter que dormir comigo.

— Por mim, tudo bem. -deu de ombros. — Você ronca?

— Não sei. -torci o nariz. — E se roncar?

— Não gosto de dormir com gente que ronca. -virou o rosto e ergueu o maxilar, fechando os olhos e fazendo bico.

— Me poupe. -revirei os olhos e segui até o banheiro para tomar banho. — Fique à vontade, a casa também é sua. -lembrei.

— Eu sei. -respondeu animado.





• • •




    Após terminarmos de comer e nos arrumar, Itsuki e eu nos deitamos na cama para dormir. Ficamos de barriga para cima, encarando o teto. Nem acredito que agora divido a casa com um amigo, isso vai ser bom para a minha solidão.

— Espero que não fique brava pela pergunta. -ele puxou assunto e eu o olhei com o canto dos olhos. — Mas aquele seu amigo que colocou você em um genjutsu...

— Não quero ouvir. -o interrompi.

— Não precisa manter essas barreiras comigo, S/n. -assegurou num tom acolhedor. — Não sente falta dele?

    Não respondi, apenas fiquei em silêncio. Penso em várias respostas, mas quando lembro daquele dia, fico triste.

— Não precisa responder, se realmente não quiser. -Itsuki continuou. — Mas não reprima esses sentimentos, pode fazer mal para você.

— Ele foi o meu primeiro amigo, eu daria a minha vida por ele se fosse preciso. -respondi finalmente e o garoto ao meu lado ficou em silêncio, apenas ouvindo. — Nós não conversávamos muito, mas quando fazíamos isso, era como se fôssemos amigos há muitos e muitos anos. Ele se parecia comigo na personalidade e no jeito de pensar, então era como meu irmão.

    Faço uma pausa, parando para pensar em tudo o que aconteceu da última vez que conversamos. Estava tudo bem, Izuna surtou e fez aquilo comigo. Pode não ter sido muito e pode ter durado pouco tempo, mas aquele genjutsu me fez ter medo de olhar nos olhos dele novamente. Se tornou um trauma discreto, mas que me aterroriza até os ossos.

— Se aquele genjutsu tivesse sido feito por qualquer outra pessoa, garanto que não seria tão doloroso e não me causaria tanto medo. -continuei falando. — Mas quando o golpe vem de um amigo, é muito pior.

— Posso imaginar como se sente. -Itsuki murmurou. — Eu não devia ter atacado ele, e sinceramente, não sei o que aconteceu comigo.

— Como assim? -virei o rosto em sua direção, mas ele continuou encarando o teto, com as sobrancelhas unidas.

— Não sei explicar, S/n. Eu estava dormindo, acordei com um sobressalto, peguei a espada e entrei na sala como se não pudesse ser visto. -posso ver a dificuldade em sua voz para revelar aquilo. — Ele não percebeu a minha presença, estava sério enquanto apertava o seu pescoço, como se estivesse em transe.

    Pensando por esse lado, há uma grande chance de Izuna ter sido controlado de alguma forma. Mas a única pessoa que poderia fazer isso era a minha irmã, e eu não quero acusá-la de algo desse nível.

    Talvez eu queira colocar a culpa nela para poder ver Izuna como um amigo novamente, mas é mais fácil acreditar que ele fez aquilo porque quis e não porque foi obrigado.

— Não se culpe. -respondi, forçando um sorriso fraco. — Você me salvou, independentemente de estar fora de si ou não.

— Mas se eu estava assim, talvez ele também estivesse. -sugeriu num tom triste.

— Não pense nisso agora, ok? Vamos dormir, amanhã temos muito o que fazer. -instruí e ele assentiu.

    Itsuki tem um coração muito bondoso, até demais. A sua bondade e compaixão é tanta que ele se fere por ser assim, por se colocar demais no lugar das outras pessoas quando às vezes nem é necessário.

    Ele vira de costas para mim e eu coloco um dos braços e uma das pernas em cima dele. Nossa, que posição confortável. Fecho os olhos e sou dominada pela sensação de relaxamento, adormecendo sem muito esforço.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora