feiticeira • entre uchihas e senjus

• só •

"Ser livre é, frequentemente, ser só."

Auden.

S/N:

    Chego em casa após participar do treino com os Uchihas. Quando estou rodeada de pessoas, me sinto bem, mas ao mesmo tempo confusa sobre a minha decisão de partir. Não acho que há uma melhor maneira de pensar além de fazer isso sozinha.

    Coloco um pouco de água para esquentar e decido fazer um chá. Encaro a chaleira e solto um riso nauseado, pensando que não estou muito bem mesmo, pois não gosto nenhum pouco de chá.

    Caminho devagar até o banheiro e tiro as minhas roupas, tomando um banho quente para relaxar o meu corpo. Baixo a cabeça enquanto a água me percorre e essa sensação me trás pensamentos desconexos.

    Ficar ou partir? Como seria a minha vida, se eu ficasse?

    Bom, eu acompanharia o restante da gravidez de Mito e veria a sua primeira filha nascer. Provavelmente continuaria treinando e perturbando os poucos amigos que tenho aqui, fortalecendo laços que poderiam ser quebrados facilmente pelas mãos da minha irmã.

    Como eu poderia viver longe, sabendo que ela está viva em algum lugar? Não acho que Amaya aceitaria vir me ver casualmente, pois não gosta daqui e tem um "reinado" para comandar.

    Passo as mãos pelo rosto, frustrada. Ergo o maxilar, deixando a água quente do chuveiro molhar o meu rosto.

    Minha irmã quer que eu tenha filhos, mas eu não me vejo derretida nos braços de alguém e nem apaixonada o suficiente para querer reproduzir. De qualquer forma, não acho que a minha relação com Madara mudaria se eu ficasse aqui. Quer dizer, ele é o único homem com quem eu tenho transado ultimamente.

    Mas eu me perco tão fácil naquele olhar sombrio. Respiro fundo e baixo a cabeça novamente, arfando com as poucas lembranças que tenho. Talvez eu possa me perder em outros olhos no futuro, mesmo que agora eu não consiga nem imaginar isso. Bom, eu também não me imaginava transando com aquele Uchiha, então é provável que eu conheça outra pessoa mais legal.

    Conhecer alguém... isso me assusta. A única pessoa que eu quero conhecer é o meu sobrinho, Koji. Mas sinceramente, o tal reinado de Amaya me pareceu tão sem graça de se imaginar. Ela me mataria se soubesse que penso assim, mas quando ela me falou sobre, não imaginei um lugar feliz e colorido. Imaginei escuridão.

    O chiado da chaleira afastou os meus pensamentos tão dispersos. Fechei o chuveiro, enrolei uma toalha no cabelo e outra no corpo e saí do banheiro. Desliguei o fogão e preparei o chá, mas não demoro para começar a sentir frio.

    Ando até o meu quarto e visto uma roupa quente e casual, pois não pretendo fazer qualquer esforço em mais treinos hoje.

    Me apóio no peitoril da janela e fico observando o céu alaranjado de Konoha, enquanto o sol se põe. Não consigo me imaginar longe daqui, mas estou confusa sobre o que decidir. Pela primeira vez em muito tempo, estou com medo.

    Eu deveria me despedir secretamente e partir sem dizer mais nada? Antes eu não achava isso, mas agora, penso que estarei sendo egoísta. E se eu fizer isso e um dia decidir voltar? Com certeza eles não me aceitariam. Eu perderia todos os amigos que conquistei aqui.

    Amaya é a minha única família, mas eu criei laços muito mais intensos com pessoas que não compartilham o mesmo sangue que eu. Ela me abandonou, afinal de contas. O seu retorno repentino não anula todo o sofrimento que passei sem ela.

— Chega de pensar. -digo para mim mesma, me afastando da janela e voltando para a cozinha.

    Eu gostava de estar sozinha, mas agora isso me perturba. Não quero ficar em casa hoje, não acho que vai me fazer bem.

    Tomo o chá em um só gole, pois já está morno. Faço uma careta, realmente odeio chá. Pego um casaco e visto apressadamente, saindo de casa para tentar respirar melhor.

    O ar está gélido hoje, o inverno está chegando com força por aqui. Parada em frente à minha casa, olho para ambos os lados, ponderando sobre qual seria o melhor lugar para ir agora.

    De repente, me sinto triste. O dia não está mais feliz como há algumas horas atrás. De fato, se tornou um dia de merda para mim. Preciso me envolver com alguma coisa, sentir calor, mergulhar em alguma sensação intensa o suficiente para me afastar desse sentimento ruim.

    Não imagino um lugar mais quente para estar agora, além do quarto e do corpo de Madara Uchiha.