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S/N:

    Acordo deitada na minha cama, neste maldito castelo. Daria tudo para estar em Konoha agora, eu devia ter seguido o meu instinto e ficado lá.

    Sento-me na cama e sinto a minha cabeça latejar. Olho para o bidê e vejo um remédio junto de um copo cheio de água gelada. Torço o nariz e me curo sozinha. Eu é que não vou tomar comprimidos desconhecidos nesta casa.

    Depois de um tempo, já me sinto melhor. Passo as mãos pelo rosto, frustrada. É muita informação para digerir, meu estômago fica embrulhado só de pensar. Não queria acreditar que a minha irmã é essa criatura, mas preciso, mesmo que seja um fato muito triste para mim.

    Batidas suaves na porta afastaram os meus pensamentos. Ativo o meu doujutsu, esperando que seja Amaya, mas logo a voz de Itsuki se faz presente no ambiente.

— Já está acordada? -ele perguntou.

— Pode entrar. -respondi, suspirando e desativando os olhos.

    O mordomo entra cautelosamente, trazendo uma bandeja com frutas. Faço uma careta e reviro os olhos, me atirando com as costas no colchão.

— Não precisava. -murmurei.

— Todos estão surpresos com o que você fez na mesa de jantar. -ele se aproximou devagar, deixando a bandeja ao meu lado na cama. — Imaginei que estaria cansada por conta disso.

— Eu não canso só com aquilo. -sorri fechado e voltei a sentar, ainda sentindo o meu corpo um tanto pesado. — Onde está a Amaya?

— Saiu. -ele informou.

    Peguei um pedaço de maçã e coloquei na boca, mas realmente, não estou com apetite nem para frutas agora.

— Não precisa comer, se não quiser. Eu levo de volta. -ele disse num tom confortável.

— Qual é a sua? -arqueei uma sobrancelha em sua direção. — Por que foi designado como meu mordomo pessoal?

— Eu não sei ao certo. -suas bochechas ruborizaram e ele desviou o olhar.

— Senta aqui. -dei dois tapinhas no colchão. — Não precisa ter medo. Vamos conversar de maneira mais confortável.

    Ele hesitou, mas obedeceu. É difícil conversar com ele, sinto que estou falando com um robô que obedece tudo que eu mando.

— Para que possamos ter uma boa relação, preciso que você seja sincero e não minta para mim. -olhei nos seus olhos. Ele tenta desviar o olhar, mas não obtém êxito. — Por que ela designou você como o meu mordomo pessoal?

— Eu não sei se devo...

— Você deve. -o interrompi.

    Itsuki dá um longo suspiro e esfrega uma mão na outra. Está visivelmente desconfortável em estar aqui, e eu deveria deixar ele sair, mas realmente não me importo agora. Preciso saber em quem confiar aqui dentro.

— Você não sabe de muitas coisas sobre este lugar. -ele proferiu num tom baixo. — Eu era o único garoto jovem e sem filhos disponível por aqui. Ela queria que eu ajudasse você a continuar com a sua linhagem.

— Ela o quê? -elevei o tom e minha voz saiu fina pela surpresa.

— Mas eu juro que não quero fazer nada. -ele ergueu as mãos na altura do peito, defendendo-se. — Quer dizer, estou feliz em ser apenas o seu mordomo. Assim eu me livro de muitas atividades chatas e tenho mais liberdade no castelo. -ele sorria em completo nervosismo. Sua voz está trêmula. — Sabe, não precisa transar comigo ou algo assim, eu...

— Você é virgem? -perguntei, o interrompendo.

    Ele corou ainda mais e baixou o olhar, assentindo devagar. Soltei um riso contido, afinal, ele age como se isso fosse um problema.

— Ah, não esquenta com isso. -dei um tapinha no ar, sem tirar um sorriso do rosto. — Eu também era virgem há um tempo atrás. Depois que isso mudou, só tive problemas, então conserve o seu cabaço por quanto tempo quiser.

    A expressão de Itsuki agora era assustada. Coçei a nuca e dei uma risadinha, sem saber direito como deixar claro que eu não sou uma pervertida que quer continuar com o meu clã amaldiçoado.

    Após alguns segundos, o clima entre nós fica leve de novo. Desfaço o meu sorriso e respiro fundo, encarando as minhas mãos que estão repousando nas minhas pernas. Olho para o mordomo, que não se atreve nem mesmo a me olhar de volta.

— Sobre a Amaya... -digo e ele finalmente me olha. — Que tipo de rainha ela é?

— Eu não sou ninguém para falar algo sobre ela. -murmurou.

— Não precisa ter medo, Itsuki, eu sei que ela não é uma boa pessoa. -assegurei e pude ver os seus olhos adquirirem um brilho que, até então, não existia. — Eu preciso confiar em alguém aqui. Se você continuar agindo assim, essa pessoa não será você.

    Ele sustentou o meu olhar e respirou fundo, ajeitando a sua postura. Não sei de nada sobre esse garoto, mas posso sentir que ele não é tão ingênuo quanto parece. Sua personalidade parece ter sido moldada de acordo com o que Amaya queria, e eu acho que posso fazer com que ele confie em mim e seja quem ele realmente é. Depois eu decido se isso me agrada ou não.

— Ao invés de falar sobre isso, posso te mostrar um lugar? -ele perguntou, meio receoso.

— Que tipo de lugar? -arqueei uma sobrancelha.

— O lugar que fará você tirar as suas próprias conclusões sobre o castelo e sobre o reinado da sua irmã. -concluiu.

    Estufei o peito e assenti, até porque não acho que esse garoto pode fazer algo contra mim. Eu gosto dessa postura minimamente mais confiante que ele deixa escapar às vezes. Vou mostrar que estou disposta a acreditar nele, para que ele saiba que também pode acreditar em mim.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora