• constrangimento •

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S/N:

    O relógio marca nove da manhã quando chego na frente dos portões do território Uchiha. Meu coração está acelerado, estou nervosa e morta de vergonha. Com que cara eu vou chegar ? Bom, vou usar a minha cara deslavada de sempre e fingir que nada aconteceu.

    Adentro os portões e caminho na direção da casa principal, avistando Itsuki e Izuna sentados na varanda. Eles me olham e os seus olhos brilham, mas estão visivelmente receosos quanto à minha reação.

    Sinto pena do Izuna. Pela primeira vez reparei no seu nervosismo e na maneira que tenta disfarçar a preocupação comigo. Talvez eu tenha sido muito má com ele.

    Subo os dois degraus da varanda e paro diante dos dois, colocando ambas as mãos na cintura e mantendo a expressão séria. Vou aproveitar o nervosismo deles para dar um sustinho.

— Eu vou vingar a minha irmã e matar todos vocês. -avisei.

    Como num piscar de olhos, os dois garotos ficam mais brancos do que papel. Sustento o personagem por pouco tempo, pois não consigo controlar uma risada contínua e genuína logo depois.

— HÁ! -coloquei a mão na barriga e me curvei um pouco. — Vocês tinham que ver as suas caras de medo! Ui, a poderosa S/n ia matar vocês dois. -provoquei. — Hehehe!

    Eles torcem o nariz e se entreolham, confusos.
    Num ato impulsivo, puxo Izuna para um abraço apertado. Bagunço o seu cabelo enquanto ele permanece imóvel.

— Parece que estou abraçando um manequim. -reclamei. — Eu te perdoo pelo que você fez, pode relaxar!

    O garoto separa o meu abraço e me olha nos olhos, buscando algum sinal de blefe na minha expressão. Ergo as sobrancelhas e estufo o peito, vitoriosa.

— É, isso aí. -falei com os olhos fechados.

    Sou arremessada alguns metros para trás assim que sou atingida por um soco forte bem no meu estômago. Caio sentada no chão e faço uma careta de dor, colocando uma das mãos no local atingido.

— ESTÁ SE DROGANDO, É? -Izuna gritou, fechando uma das mãos em punho.

— Talvez eu tenha merecido. -murmurei, levantando devagar. — Mas se você fizer isso de novo, eu te mato.

— Por que decidiu me perdoar agora? Quer dizer, eu tentei antes e...

— É uma longa história. -estendi a mão na sua direção para que ficasse calado. — Mas agora, estou brava de novo.

— S/n. -ele se amolece, vencido.

    Volto para a varanda e abraço Itsuki. Ele retribui calorosamente, provavelmente sentindo que aconteceu algo estranho.

— Madara está? -perguntei.

— Ele não sai do quarto desde ontem. -Itsuki informa.

— O que você falou para ele, hein? -Izuna perguntou.

— Algumas coisinhas bobas. -dei um tapinha no ar, rindo timidamente. — Preciso vê-lo.

— É só ir lá. -o mais novo respondeu, emburrado.

    Ergui o cenho e entrei na casa. Não vou na cozinha ver a senhora Masu ainda, pois preciso resolver esse assunto primeiro. Não vou me humilhar, mas fui babaca gratuitamente e ele nem me fez nada de mal. O mínimo que eu posso fazer é me desculpar.

    Chego na frente da porta e dou um longo suspiro antes de bater. Ele não atende. É lógico que não vai, que droga! Bato mais duas vezes e nada.

— Oi, Madarinha! -cantarolei. — Olha quem está aqui, hum? Sua amiga do coração, viu? S/n! -usei um tom animado.

    Ele não responde, mas que merda.
    Bato novamente, já impaciente. Nada ainda.

Puta que pariu. -xinguei baixo, batendo a testa na porta e permanecendo encostada. — Você me disse para te levar em uma parte desconhecida do meu coraçãozinho sombrio, lembra? Abre a porta, deixa eu te mostrar! -cantarolei novamente.

    Nada.
    Eu odeio ser ignorada.
    Num ato completamente insano, reúno chakra no punho e dou um soco na porta, quebrando-a ao meio.

    E ele acha que pode me ignorar assim., penso, rindo com isso.
    Dou um passo para dentro do quarto, que está completamente escuro. Semicerrei os olhos, tentando enxergar alguma coisa.

— Você não pode me evitar, queridão. -revirei os olhos e andei até a janela, abrindo as cortinas.

    Assim que o quarto foi iluminado pela luz do sol, olho na direção da cama e torço o nariz ao ver que ele não está aqui. Coço a têmpora com o indicador, confusa.

    Tenho um mini infarto quando olho para a porta do quarto e vejo que ele está de pé bem ali, segurando uma xícara de café e olhando o estrago que fiz, sem esboçar qualquer reação.

— Onde você estava? -dei um risinho nervoso.

— Na cozinha. -as suas sobrancelhas estão unidas, mostrando a mesma expressão de homem bravo de quando eu o conheci.

— Ah, eu deveria ter ido checar lá antes. -dei outro risinho nervoso.

— Deveria. -concordou, passando por cima das madeiras do que era a porta e andando na direção da cama tranquilamente. — Você vai arrumar isso. -afirmou num tom de ameaça.

— Ah, claro que eu vou. -cocei a nuca, desconcertada.

— O que você quer? -perguntou, sentando sobre o colchão.

    Sentar no seu colo, sinceramente.
    Balanço a cabeça para ambos os lados, afastando esses pensamentos eróticos e proibidos neste momento.

— Pedir desculpas. -murmurei. — Fui bem idiota com você.

— É, você foi. -concordou, sem me olhar. Está encarando a xícara enquanto me ouve falar.

— Não está zangado? -perguntei, esperançosa.

    Ele deu dois tapinhas no colchão, silenciosamente me convidando para ir até lá. Não tenho nada a perder, e mesmo se tivesse, sou muito inconsequente para pensar por esse lado. Ergo o cenho e me aproximo com o peito estufado, super confiante.

    Assim que meu bumbum encosta na cama, Madara leva uma das mãos até o meu pescoço e me puxa na sua direção abruptamente, fazendo nossos rostos ficarem há apenas alguns centímetros de distância. Eu nem tive tempo de processar a informação. Posso sentir a sua respiração quente e pesada contra o meu rosto e o seu hálito carrega um aroma bom de café.

— Eu estou furioso. -ele rosnou como um cão raivoso.

    Ai que delícia, hehehe.
    Dou um sorriso provocativo em resposta.

— Como eu faço para você me desculpar? -entrei no joguinho dele.

— Se você estiver disposta a isso, vem aqui hoje à noite. -ele me soltou com brutalidade e escorou as costas na cabeceira, sem tirar os olhos de mim.

— O que você vai fazer? -perguntei.

— Ainda não pensei nisso.

— Pretende me punir, certo?

    Se não, eu nem venho.

— É lógico, meu amor. -seu tom saiu sarcástico. — Eu sou malvado, é isso o que eu faço. Pensou que eu só iria te ignorar e depois voltar correndo igual o Senju?

    Engoli em seco e esfreguei as minhas pernas. Vou deixar ele fazer isso comigo hoje e entrar no seu joguinho, mas depois será a minha vez de deixar o Uchiha comendo bem na minha mão.
































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feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora