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S/N:

— O que vai fazer hoje no restante do dia, Izuna? -pergunto enquanto comemos.

— Vou treinar. -ele faz uma pausa para mastigar e engolir a comida em sua boca. — Com o Kagami.

— Posso ir junto?

— Você não tem nada mais legal para fazer hoje? -Madara perguntou, me olhando.

— Hum... -finjo estar pensando. — Não.

— Pode ir. -Izuna respondeu. — Inclusive, eu já estou atrasado. Vou me arrumar.

    O mais novo levantou e se retirou da mesa, e em seguida, da cozinha. Fico sozinha com o lider, de frente para ele, enquanto o seu olhar sombrio e misterioso é fixado em mim. Esfrego uma mão na outra, tentando aliviar a tensão.

— Eu posso tirar o dia de folga hoje, se você quiser ficar aqui. -ele diz de repente, me surpreendendo.

    Não acho que eu tenha o Madara nas mãos, mas ouvir ele falando assim, me dá essa impressão às vezes.

— Por quê? -perguntei.

— Não quer? -rebateu.

— Não. -respondi automaticamente. — Vou sair com o Izuna, você ouviu a conversa.

— Ah... -ele riu contido. — Eu não iria tirar um dia de folga por você mesmo. -fez um rápido bico em desaprovação.

— Mentiroso. -acusei, rindo. — Você ia sim.

— Mas se quiser me visitar à noite como naquele dia... -ele me olhou com o canto dos olhos. — Eu já disse que estarei disponível para você.

    Seus olhos escondem algo muito maior do que ele deixa transparecer. Não sei como, mas eu sinto isso. Tenho medo de não conseguir corresponder qualquer coisa que Madara esteja sentindo, e isso me deixa preocupada.

    Baixo o olhar e encaro as minhas pernas, esfregando uma mão na outra. Não sei como responder, ele está me dando mole descaradamente. É novo para mim, ter um homem desses tão disposto a me encontrar.

— Por que você está agindo assim? -perguntei, erguendo o meu olhar até encontrar o seu.

— Assim? -pareceu confuso.

— Não achei que você encontrasse uma mulher mais de uma vez. -dei de ombros. — Ouvi dizer que você nunca repete, e tambem que nunca se disponibiliza para alguém.

— O que você quer ouvir de mim, S/n? -disparou.

    Congelei com a sua pergunta. Realmente, nem eu sei. O fato de estar me despedindo me dá muita coragem para conversar sobre qualquer assunto com todos nesta aldeia, mas mesmo assim, não tenho coragem de falar tudo o que penso para ele.

— Nada. -murmurei, desviando o olhar.

— Quer ouvir que eu considero você diferente? -disparou novamente. — Que você é especial, ou algo assim?

    Nossa, ele é direto.
    Não era isso que eu queria ouvir, mas garanto que meu ego agradeceria se ouvisse.

— Não. -respondi sem tanta certeza.

    Lembro-me de tudo o que Mito me falou um dia: "quando você amar alguém, vai desejar que a pessoa sinta o mesmo por você.". Tenho certeza de que não amo esse homem. Sei disso porque se eu o amasse, não conseguiria deixá-lo para trás e eu com certeza consigo. Mas, de qualquer forma, gostaria de ouvir ele dizer.

— O que você faria se eu fosse embora? -perguntei.

— Ir embora? -ele cerrou as sobrancelhas, em pura confusão. — Por que isso de repente?

— Se eu morresse, por exemplo. É só um exemplo. -garanti. — Ou se eu fosse embora e nunca mais retornasse, o que você faria?

    Madara me analisa profundamente por alguns segundos - ou talvez minutos - e enquanto isso, o mundo parece parar de girar. Eu sei que ele não pode descobrir o meu plano a menos que eu diga, mas ainda assim, temo que consiga ler a minha mente de alguma forma.

— Nunca pensei nisso. -ele respondeu. — Mas eu não gostaria que você fosse.

— Por quê? -questionei.

— Eu espero que você não esteja planejando nada, mas se estiver, saiba que estará sendo uma tremenda ingrata! -cuspiu as palavras, me assustando rapidamente.

— Mas...

— Você não deveria nem pensar em como eu ficaria, porque eu ficaria bem sem você aqui. -me interrompeu. — Mas e a sua sensei? Ela está esperando uma criança e você é a madrinha. Bom, o bobão do Hashirama e a esposa dele te consideram como uma filha.

    Não consigo responder, fico somente em silêncio, ouvindo. Baixo o olhar, voltando a encarar as minhas pernas. Estou envergonhada.

— E o meu irmão. Bom, ele trata você como se fosse irmã dele. Nunca em toda a minha vida eu vi o Izuna tão apegado a alguém que não fosse do nosso clã. -ele prosseguiu. — Você ia dar a vida por ele, sabe disso mesmo que negue, e foi esse gesto que fez ele amar você como família!

    Meus olhos se enchem de lágrimas. De repente, não sei mais o que escolher. Eu estava tão decidida a ir, mas agora não sei mais.

— Eu decidi colaborar com a aldeia e com o Hashirama porque o meu irmão pediu, mas ele pediu porque teve esperanças depois do que você fez por ele. -continuou. Cada palavra, é um tiro no meu peito. — Você tem muito o que perder se algum dia decidir partir por conta própria. Vai levar muito de cada pessoa com você, por isso eu não acho que você faria tal coisa.

— Foi só uma suposição, não precisava dizer tudo isso. -murmurei, obrigando as lágrimas a retornarem.

— Eu sei, e eu respondi com uma suposição também. -me analisou.

    Seus olhos estão muito sérios, como se nunca tivéssemos tido qualquer intimidade. Isso me assusta.

— Mas você não respondeu como se sentiria. -falei num tom brincalhão, tentando aliviar esse clima pesado que se instalou entre nós.

— Eu não sentiria nada demais. -deu de ombros, despreocupadamente. — Eu não teria tempo para sentir a sua falta, se é o que quer saber.

    Engulo em seco e encaro as minhas mãos. De fato, eu não sei o que eu estava esperando. Me sinto tola e idiota, consigo até achar graça da minha cara agora.

— Não teria tempo porque, no momento em que eu percebesse que você foi embora, eu iria atrás de você e te encontraria em questão de alguns dias. -completou.

    Ergui o olhar rapidamente e o encarei, buscando algum vestígio de brincadeira na sua expressão. Mas ele está sorrindo de maneira quase que imperceptível, o que mostra que está convencido do que diz.

— Eu não faria isso por mim, é lógico, mas pelo Izuna. Ele com certeza não aceitaria isso. -explicou com desdém. — Considere-se presa à konohagakure, gatinha.



feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora