• ciclo •

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NARRAÇÃO:

    Após S/n tomar banho, Itsuki saiu do quarto para que ela pudesse se vestir. Já pronta, a garota desceu para a cozinha a fim de comer alguma coisa. Chegando no local, foi recebida com uma salva de palmas e um bolo feito pelas empregadas.

— Mas que m...

— PARABÉNS! -todos disseram em uníssono, inclusive Itsuki.

— Mas nem é o meu aniversário. -a garota torceu o nariz.

— Estamos parabenizando você pelo ato heroico de ontem à noite. -uma das funcionárias disse. — Você foi esplêndida!

— Obrigada, mas não era necessário tudo isso. -as bochechas de S/n esquentaram violentamente.

— Ah, para! -todos deram um inesperado abraço em grupo.

    S/n ficou paralisada sem mover nem as mãos, esperando todas aquelas pessoas saírem da volta dela. Após se afastarem, a garota tentou disfarçar o rubor em seu rosto, desviando o olhar para outra direção.

— Esse bolo tem que ser para vocês. -ela disse. — Como uma despedida.

    Todos ficaram sérios e se entreolharam, em pura confusão.

— Despedida? -Itsuki perguntou.

— O feitiço que esconde o castelo se rompeu. Amaya não está mais o mantendo. -a garota explicou, cruzando os braços e sorrindo. — Agora eu sou oficialmente a sua rainha, e declaro todos vocês livres para irem embora.

    Ao contrário do que ela pensou, não houve qualquer comemoração. Muito pelo contrário, todos se entreolhavam num ar de preocupação.

— O que foi? Não vão comemorar? -S/n bufou.

— Mas se nós não vamos mais ficar aqui, para onde vamos? -uma das empregadas perguntou.

    Eu esqueci desse detalhe., a garota pensou consigo mesma.

— Bom... -ela estufou o peito e voltou a sorrir. — Não precisam ir embora, mas se quiserem, estão livres. Há um mundo enorme lá fora esperando por pessoas boas como vocês.

— Mas você vai ficar? -Itsuki perguntou, entristecido.

— Eu deixei muitas coisas para trás, já está na hora de voltar. -S/n respondeu.

    A decisão fora tomada de repente, sem pensar muito. Ela sabia que o castelo não era o lugar onde queria viver o restante da sua vida, e se esperasse mais tempo, poderia ser tarde demais para reconstruir todos os laços que o tempo estava enfraquecendo.

    Itsuki não estava feliz com a notícia, pois não tinha ninguém para ajudá-lo a continuar sozinho. Enquanto as empregadas comemoravam, o mordomo apenas fingia entusiasmo.

— Itsuki. -S/n o chamou. — Venha aqui.

    O garoto baixou o rosto e andou até ela.

— Sempre terá um lugar para você comigo. -ela garantiu.

    Os olhos de Itsuki assumiram um brilho de alegria, ao mesmo tempo que se encheram de lágrimas. S/n não fazia o tipo que se emocionava, mas o fato de que um gesto tão pequeno deixou alguém feliz daquele jeito, fez os seus olhos lacrimejarem igualmente.

— Então agora nós somos oficialmente amigos. -o mordomo brincou.

— Sempre fomos, idiota.

    Naquele momento, Koji apareceu na cozinha, acompanhado pela sua empregada pessoal. S/n reparou que o garotinho estava com um semblante abatido, olhos inchados e olheiras visíveis. Ela rapidamente o pegou no colo.

— O que houve? -perguntou. — Estava chorando?

— Estou com saudades da minha mãe. -o menino deitou a cabeça no peito da sua tia e começou a soluçar.

    S/n e Itsuki trocaram olhares preocupados enquanto a garota pensava no que fazer. A empregada de Koji estava apreensiva, aparentemente também triste pela situação em que ele se encontrava.

— Ei, Koji. -S/n o largou de pé no chão e se agachou em sua frente. — Se fosse para você ir embora comigo, você iria?

    Ele apenas esfregou o rosto com uma das mãos e balançou a cabeça positivamente. S/n afastou uma mecha de cabelo que estava cobrindo parte do rosto do menino, algo semelhante a franja que Madara sempre deixava caída sobre o olho. A semelhança entre eles era impressionante.

— Mas a minha mãe não vai voltar? -o garotinho perguntou.

— Escute bem, Koji. -S/n segurou o rosto dele. — A sua mamãe não vai voltar, mas eu vou te levar para um lugar muito lindo e muito legal. Você vai gostar de lá.

    Ele deu apenas um sorriso fraco, mas S/n sabia que tinha mais alguma coisa o incomodando. Koji não era uma criança que guardava os seus sentimentos, então não demorou muito para revelar o que pensava, sem esforço.

— Aquele homem que nos visitou. -ele começou, desviando o olhar. — Ele era o meu pai?

    O coração de S/n disparou e ela ficou gélida. Seu olhar se cruzou com o de Itsuki, mas o mordomo não se atreveu a dizer nenhuma palavra.

— Por que está perguntando isso? -ela questionou.

— A tia que me cuida me contou. -Koji respondeu.

    S/n encarou a senhora que estava parada ao lado da porta e que carregava uma expressão assustada.

— Por que disse isso? -a garota perguntou.

— Amaya me mandou contar quando ele perguntasse. -explicou.

— Quem manda aqui agora? É a Amaya ou eu? -S/n entregou Koji nos braços de Itsuki e se aproximou da empregada.

— Para mim, a única rainha deste lugar sempre será ela. -a mulher ergueu o maxilar, sem temer qualquer coisa.

    S/n piscou algumas vezes, surpresa pela audácia da velhota. Enquanto a garota pensava no que fazer a respeito de tudo aquilo, o pessoal da cozinha estava em silêncio e o clima ficou tenso e até mesmo sufocante.

— Eu mal saí e o caos já se instalou. -uma conhecida voz feminina soa na porta dos fundos da cozinha.

— MÃE! -Koji pulou do colo de Itsuki e voou até a figura esquelética e abatida que se encontrava logo atrás de S/n.

— Sai, garoto! -ela o afastou antes que ele a abraçasse.

    S/n finalmente virou-se naquela direção e viu o estado precário em que a sua irmã se encontrava. Era possível ver quase todos os seus ossos, estava cheia de machucados inflamados pelo corpo e não se aguentava de pé, além de estar ofegante e precisando se apoiar nas paredes para andar.

— O que é... -S/n ia falar, mas foi interrompida.

— O seu reinado acabou. -Amaya falou, sem fôlego. — Posso estar quase morta, mas vou morrer governando tudo o que construí!

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora