S/N:
— Mas que porra é essa? -perguntei, arqueando uma sobrancelha. — Tirem o Koji daqui.
— Eu quero ficar, eu quero ver a minha mãe! -ele começou a chorar compulsivamente.
Fico com dó, mas ele vai ficar melhor cuidado se sair daqui com o Itsuki e as empregadas. Faço um sinal para que o mordomo também saia e ele entende, se retirando junto de todos ao som dos berros desesperados de Koji. Coitado.
Estou sozinha com a minha irmã novamente.
— Onde você estava? -perguntei. — Está péssima!
— Eu tentei encontrar a cura, S/n. Não encontrei nada. -ela pôs-se a chorar feito uma criança. — Olha como eu estou! -apontou para si mesma. — Quem vai me querer deste jeito?
— Amaya, você não está bem. Sente-se. -apontei para uma das cadeiras, mas percebi que ela não estava conseguindo andar até aqui.
Meu corpo entra em colapso quando a vejo urinar em suas roupas bem no meio da cozinha. Fico paralisada, olhando a cena e sem saber o que dizer. Isso está pior do que eu sequer poderia imaginar.
— Irmã, vem. Eu te ajudo. -ofereci, aproximando-me dela.
Segurei a sua mão magra e gélida e a guiei até a cadeira, onde ela finalmente sentou-se e se manteve em silêncio, chorando sem fazer barulho.
— Ninguém precisa te querer para você ser uma mulher completa, Amaya. -falei, afastando uma mecha do seu cabelo para trás do ombro.
— Mas eu preciso ser bonita e ter forças para usar magia. Se não, quem vai me querer? -ela cobriu o rosto com as mãos, soluçando. — Já passei a infância e a adolescência sozinha, não quero morrer assim também.
Respirei fundo e fiquei em silêncio por um tempo, tentando confortá-la. Usei um jutsu para ver como está a situação do corpo dela por dentro. Faço uma careta de reprovação.
— Existem outros meios de não morrer sozinha, irmã. -aconselhei enquanto a examinava. — Você tem o Koji, tem a mim e, se fosse uma pessoa melhor, poderia criar laços genuínos com outras pessoas por aí.
— Eu não consigo. -resmungou.
— Já tentou?
— Não lembro. -respondeu baixo.
Ela está extremamente fraca, mas eu ainda não consegui identificar qual é essa doença estranha. Está corrompendo os seus órgãos e causando feridas inflamadas por todo o corpo, mas eu nunca vi nada parecido em livros ou sequer ouvi falar disso antes.
— A vida está devolvendo tudo o que eu fiz de mal. -ela disse, como se pudesse ter lido os meus pensamentos.
— Não fala besteira. -revirei os olhos.
— É a consequência de ser uma feiticeira. -deu de ombros.
— Você nem deve estar raciocinando direito. -bufei, dando um passo para longe dela. — Vai tomar banho, descansar e se cuidar. Você não vai morrer, eu vou dar um jeito.
— Você vai me matar mais cedo? -ergueu as sobrancelhas.
— Eu não seria má o suficiente nem para cogitar isso. -sorri com ironia.
Peguei Amaya nos braços pois já estou ficando sem paciência. Não olho no seu rosto porque ainda estou magoada por todas as diversas coisas que ela fez, mas sinto o seu olhar me analisando em cada detalhe.
Lá vem., penso. Ou vai falar besteira, ou está planejando fazer alguma besteira. É melhor eu me preparar. Por um segundo sinto ódio de mim mesma por ter esse coração tão mole. Puxei ao meu pai.
— Eu vou mandar trazerem algo para você comer e prepararem o seu banho. -avisei, deixando Amaya em cima da sua cama. — Por favor, não faça bobagem. Fica aí, quieta. Vai dormir, cantar uma música, dançar, fazer crochê, só não queira perturbar a paz das pessoas. Pode ser?
— Eu não quero mais ser assim. -ela confessou, mexendo nas próprias unhas e desviando do meu olhar.
— Assim como?
— Por que você é tão boa para mim? -seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.
— Porque você é a minha irmã. -ergui as sobrancelhas.
— Mas eu menti, usei as pessoas, ameacei você...
— Não me importo, você estava corrompida pela maldição Gogatsu. -a interrompi. — Se você me prometer que pode mudar, eu prometo que faço de tudo para te ajudar. -sugiro.
Amaya fica olhando na direção da janela, sem dizer nada. Também fico em silêncio, esperando alguma resposta. Não acho que ela pode mudar do dia para a noite, mas talvez, se desejar genuinamente isso...
— Eu sempre quis formar uma família. -ela disse, interrompendo os meus pensamentos. — Casar, viver com alguém que me amasse.
— E você acha que precisa de um homem para isso? -perguntei.
— Achava. -murmurou. — Mas eu me deixei levar pelo medo da solidão e todos os homens com quem me envolvi, me ferraram e me abandonaram.
É triste ver uma mulher acreditar que precisa se casar e formar uma família para ser feliz, principalmente a minha irmã, que viveu literalmente a vida inteira focando apenas nisso.
— Então quem sabe você tenha percebido que já está na hora de seguir a sua vida sozinha, irmã. -aconselhei, sentando-me no colchão ao seu lado.
Posso ver que ela está envergonhada, pois não consegue olhar nos meus olhos. Fico triste por ve-la assim, éramos crianças tão diferentes. O mundo é mesmo um lugar muito cruel.
— Nunca vou conseguir me redimir com você e nem com todas essas pessoas. -ela murmurou num tom quase inaudível.
— Depois você decide como se redimir com os seus funcionários, mas é bem fácil se redimir comigo. -seguro ambas as suas mãos e ela me encara, esperançosa. — Me fala quem é o verdadeiro pai do Koji? Eu sei que não é o Madara.
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feiticeira • entre uchihas e senjus
FanfictionOnde Hashirama abriga uma jovem órfã em sua aldeia e o seu irmão assume o treinamento da garota. S/n teve a sua família assassinada por serem portadores de um poderoso kekkei genkai, cujo ela foi instruída a esconder de tudo e todos. Após passar a s...