• papo calcinha •

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S/N:

    Decido ir até a casa de Mito para conversar um pouco, pois já faz dias desde a última vez que nos falamos. Sinto falta da nossa amizade, sei que ela vai me ajudar com essa confusão que está a minha vida.

    Chego em frente à casa do hokage e encontro Mito sentada na cozinha com a porta aberta. Ela sorri radiante ao me ver, e logo me convida para entrar.

— Que milagre é esse? -ela ironizou.

— Desculpe, sensei. Andei sumida. -tirei as sandálias e entrei em sua casa.

— Eu entendo. -ela fez sinal para que eu sentasse na almofada em sua frente.

— Como está o bebê? -perguntei.

— Muito bem. Será uma menina. -sorriu. — E, um dia, ela será a sua aprendiz.

— Não faz sentido ser minha aprendiz quando se tem uma mãe poderosa como você. -revirei os olhos.

— É uma garantia de que você vai ser uma boa kunoichi e não se deixará levar pelas tentações deste mundo. -ela me deixa confusa com as suas palavras, enquanto serve um pouco de chá para mim.

— Tentações... -murmurei. — Você quer dizer "homens"?

— Claro que não. -ela bufou. — Homens são um detalhe, há problemas muito maiores do que eles.

    Fico em silêncio e pego a xícara em mãos. Não estou muito bem, me sinto confusa e perdida. Acho que fui longe demais com as minhas atitudes, isso me deixa nervosa.

— Não parece legal. -ela observou.

— Queria falar sobre algo que vem me incomodando. -confessei, tendo toda a sua atenção. — Por que eu não consigo me apaixonar por alguém, igual você pelo shodaime?

— Me pegou de surpresa. -ela arregalou brevemente os olhos. — Suponho que esteja se referindo diretamente ao amor por um parceiro, certo?

— Sim. -cerrei os punhos, nervosa. — Quer dizer, eu amo você, o shodaime e a Amaya, mas não no sentido romântico, entende?

— Sim, eu entendo. -ela apoiou os cotovelos nas pernas, pensando um pouco. — Bom, não sei o porquê de você estar tão preocupada com isso. Você não se apaixonou ainda porque não encontrou a pessoa certa, ué.

— Pessoa certa? -torci o nariz. — Como eu vou saber quando encontrar?

— Ah, você vai sentir. -ela sorri boba, provavelmente lembrando do seu marido. — Mas a primeira coisa, antes mesmo de você descobrir que o ama: você vai querer que ele te ame.

— Isso não faz sentido! -reclamei.

— Claro que faz. -ela fecha a expressão. — Olha, eu e o Hashirama fomos assim. Eu não sabia que já o amava, mas de repente passei a desejar que ele tivesse sentimentos por mim. Assim, eu não estaria sentindo sozinha.

— Você é doida. -murmurei.

— Pode dizer o que for. -ela deu de ombros. — No dia que você ficar com alguém e desejar que aquela pessoa se importe com você, ame você ou fique com você, é porque você já está ferrada e apaixonada.

— Ferrada? -torci o nariz.

— Sim, ferrada. Os homens de hoje em dia não prestam. -ela gargalhou.

    Fico séria, tomando coragem para falar para ela sobre as coisas que aconteceram.

— E esse colar? -ela observou. — Quem te deu?

— Uma senhora, como agradecimento por ser salvo o Izuna. -levei os dedos ao pingente.

— Hum. -ela fez uma longa pausa, me analisando com o canto do olho. — Vai me contar tudo ou eu vou ter que arrancar de você?

— Vou contar. -falei depressa. — Eu e o Tobirama não temos mais nada, você sabe.

— Sei. -arqueou uma sobrancelha.

— E eu fiquei com outra pessoa. -murmurei.

— Que bom. -ela não mudou a expressão, falando num tom desconfiado. — E por acaso essa pessoa foi o Izuna?

— Não. -fechei os olhos fortemente. — Foi o irmão dele.

— QUÊ? -ela gritou com a voz fina, assustada.

— Shhhhh. -coloquei o indicador nos lábios, fazendo sinal para que ela se calasse. — Não grita!

— Ficou com o líder do clã? -ela gargalhou como uma velha fofoqueira. Seu riso me contagiou e eu ri junto. — Garota, por que não me disse antes?

— Foi ontem.

— Não acredito. -ela continuou rindo. — Eu nem sabia que ele gostava de mulher, é sempre tão reservado, nunca o vi com alguém.

— Pois é. -murmurei, desconfortável.

— Você transou com ele? -perguntou.

— Não. -senti minhas bochechas esquentarem. — Mas foi quase.

— Por que não transou?

— Eu deveria? -ergui as sobrancelhas.

— Você queria?

— Sim.

— Então deveria. -ela riu alto. — Eu vi você crescer e ficar com um homem daqueles, sinto como se eu fosse sua mãe.

— Argh! -rosnei. — Eu só não transei porque fiquei tão bêbada que desmaiei.

— Que vergonha. -ela levou uma das mãos ao rosto.

— Não sei se eu devo fazer isso de novo. -murmurei.

— Olha, S/n, você é uma garota jovem. -ela ficou séria, agora me aconselhando. — Mas não tem problema algum em se envolver com quantos homens você quiser. É solteira, livre. Se eles querem e você também quer, não estará pecando por isso.

    Baixo o olhar e reflito naquelas palavras. É bom conversar com ela, pois é a única mulher que eu posso confiar. Agora tenho minha dose necessária de coragem. Vou voltar lá hoje à noite e fazer o que o meu corpo está pedindo.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora