• mordomo •

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S/N:

    Acordo assustada, pois não reconheço o lugar. Demoro para assimilar que não estou mais no meu antigo quarto e isso faz meu peito doer. Levanto-me e vou até um dos banheiros para tomar um banho. Obviamente, vou no mais chique, com banheira.

    Assim que termino, coloco uma roupa confortável e saio do quarto para encontrar a minha irmã. Só sei ir até a cozinha, então é lá que eu vou procurar por ela.

    Quando chego no local, as cozinheiras e ajudantes param o que estão fazendo para se curvar. Torço o nariz, descontente.

— Não precisam ser formais comigo. -lembrei, mas todas ficam um pouco confusas e sem saber como reagir. — Vocês sabem onde está a Amaya?

— Ela está com o menininho, no jardim. -disse uma das mulheres.

— Tem alguém que pode me levar até lá? Esse lugar é muito grande. -coçei a nuca, dando um sorrisinho.

— Temos um mordomo disponível somente para a senhora. -uma mulher respondeu.

— Meu nome é S/n. -lembrei, revirando os olhos. — Eu não vou gostar se vocês ficarem sendo formais comigo.

— Desculpe, S/n. -ela se corrigiu.

— Onde está esse mordomo? -perguntei.

— Vou buscá-lo.

    Ela se retirou da cozinha e me deixou sozinha com as outras moças. O clima fica estranho, pois elas não param de sorrir para mim e me olhar com admiração. Viro de costas, pois fico envergonhada tendo toda essa atenção sobre mim.

— Aqui, S/n. -a moça retorna com um garoto provavelmente da mesma idade que eu.

— Como você a chama pelo nome, ficou doida? -ele a repreendeu, assustado.

— Está tudo bem. -sorri, dando um tapinha no ar. — Você também pode me chamar pelo nome.

— Como quiser. -ele se curva minimamente.

— Qual é o seu nome? -perguntei.

— Itsuki.

— Você já deve saber o meu. -concluí e ele assentiu. — Sabe onde a minha irmã está?

— Sei.

— Me leve até ela? -pedi.

— É claro.

    Ele deu as costas e esperou até que eu o seguisse, e assim o fiz. É um garoto muito bonito, quem sabe eu faça boas amizades aqui. Pensei que só tivesse pessoas velhas neste lugar, mas posso ver que não.

    Seguimos por um corredor bem largo e extenso, onde há uma grande porta ao fundo. Assim que o mordomo a abre, meus olhos brilham ao me deparar com um belíssimo jardim, cheio de plantas, árvores, flores e diversificados cultivos.

— Que bom que acordou! -ouço a voz da minha irmã. — Gostou? -referindo-se ao jardim.

— Me lembra o que tínhamos quando morávamos com os nossos pais. -observei, olhando ao redor.

— Pensei justamente nisso. Imaginei que gostaria. - sorriu. — Vejo que já conheceu o seu mordomo.

— Sim, Itsuki. -olhei para ele de soslaio.

— Ele tem sido bom para você? -ela perguntou, séria.

— Sim. Quer dizer, nós trocamos duas palavras. -coçei a nuca. — Mas sim.

— O que achou dela, Itsuki? -ela o olhou.

— S/n é uma boa mulher. -ele proferiu com as mãos para trás do corpo e o maxilar erguido.

— S/n? -as sobrancelhas de Amaya se juntaram. — Desde quando que...

— Eu pedi para que todos me chamssem assim, irmã. -a interrompi. — Itsuki parece ser bem sério e gentil, gostei dele, não há motivos para repreendê-lo.

— Hum... -ela sustentou o olhar sobre o mordomo e logo depois me olhou. — Ótimo. Vem, vou te apresentar o Koji. -segurou minha mão.

— Devo ficar aqui, S/n? -Itsuki perguntou. De início achei estranho, mas logo lembrei que o coitado é pago para me prestar serviços.

— Você quem sabe. -respondi.

— Vou esperar na cozinha. -ele informou e logo se retirou.

    Respirei fundo. Não estou acostumada a ser tratada dessa forma. Amaya parece bem familiarizada com isso, o que eu entendo visto que ela criou este império por mérito próprio. Ela sofreu muito quando criança.

— Ele está brincando na árvore. -ela informou enquanto andava.

    Não demoro para ver um garotinho bem pequeno, que visivelmente ainda tem dificuldades para caminhar sozinho. Ele dá passinhos cautelosos enquanto uma empregada o supervisiona.

— Koji, venha aqui! -Amaya o chamou.

    O garotinho andou devagar até nós e parou bem na minha frente. Minhas sobrancelhas se uniram por alguns segundos.

— Ele tem os seus olhos. -observei, notando a cor âmbar em suas íris. — Mas o cabelo preto... quem é o pai dele? -questionei.

— Eu nem lembro. -Amaya deu de ombros.

    Peguei o garotinho no colo. Ele está visivelmente desconfiado de mim, obviamente por ser apenas um bebê. Sorrio enquanto encaro o seu rosto, pois é como se eu o conhecesse de algum lugar. Não consigo explicar a sensação, mas é bom.

— Lindo. -elogiei com um sorriso no rosto. — Ainda não acredito que você é mãe. -olhei para Amaya.

— Às vezes até eu esqueço. -minha irmã suspirou, também sorrindo.

    É como se eu e Koji fôssemos um encontro de almas. Ele não demora para se soltar e ficar mais agitado no meu colo, começando a mexer no meu colar.

— Por que está usando um colar com esse símbolo? -Amaya questionou, só agora percebendo esse detalhe. — E por que está cheia de marcas no pescoço?

— Ganhei o colar de uma senhora. -desviei o olhar. — E as marcas são um problema meu, você não tem nada a ver com a minha vida privada.

— Ai, garota. Você sempre vai ser petulante. -ela reclamou, cruzando os braços.

    Finalmente o clima entre nós está mudando. Estou me sentindo um pouco mais confortável com ela agora, depois de tanto tempo. Às vezes esqueço o quão próximas éramos.

— Já é manhã. -Amaya encarou o céu, que estava começando a mudar de cor para o nascer do sol. — Vamos tomar um café reforçado?

— Agora você falou a minha língua. -sorri largo, seguindo-a de volta para dentro e levando Koji comigo.













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N/A: O mordomo gostosão na mídia do cap. É assim que eu imagino ele, mas vocês podem imaginar como quiserem, lógico. ♡

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora