• luto •

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Mais tarde, naquele mesmo dia.

S/N:

     Sem cerimônias, consegui organizar os detalhes do enterro com agilidade para finalmente conseguir desmoronar em paz e sozinha em casa. O caixão foi lacrado, para que ninguém precisasse ver o rosto da minha irmã morta.

    Os coveiros prepararam a cova e o caixão foi posto em cima de um suporte de madeira em frente ao túmulo improvisado. Mesmo que Amaya não tivesse qualquer registro, Hashirama permitiu que ela fosse enterrada dentro da vila, no cemitério dos cidadãos de Konoha.

    As únicas pessoas presentes somos eu e Itsuki. Decidi poupar Koji de ter que passar por isso tudo, pois ele não entenderia e nem precisa. Ele é apenas uma criança.

— Ela era uma sobrevivente. -Itsuki comentou.

— Mas não conseguiu sobreviver às próprias escolhas. -acrescentei.

    Ficamos em silêncio por longos minutos.

    Após prestar o respeito necessário, me recomponho e me aproximo do caixão.

— Podemos baixar? -um dos coveiros pergunta.

— Não, podem ir embora. Eu mesma faço isso. -garanti.

    Mesmo confusos, os dois assentiram e se retiraram do local. Itsuki proferiu algumas palavras de conforto, quais eu nem ao menos ouvi direito e também se retirou para me deixar um pouco sozinha.

    Tiro o caixão de cima do suporte e deixo ao lado da cova, ajoelhando-me bem ao lado dela e repousando uma das mãos na madeira fria.

— Eu sinto tanto. -murmurei. — Mas eu já chorei tudo o que podia por enquanto, vou fazer isso de novo quando chegar em casa. -brinquei, sem achar graça nenhuma na minha piada.

    Respirei fundo e encarei o céu. Por que essa merda é tão difícil?

— Eu decidi criar o Koji e não procurar mais pelo pai dele. -falei, como se Amaya pudesse me ouvir. — Posso protegê-lo e educá-lo direito. Vou deixar que ele cresça perto do clã Uchiha, mas não vou me envolver mais com aquele homem. Sei que não é o que você queria para mim.

    Respirei fundo pela segunda vez.

— Se eu perder o Koji, vou perder a mim mesma. -acrescentei. — Espero que você me perdoe por ter tirado a sua oportunidade de viver, irmã. Torço para que, quando chegar a minha hora, tudo isso faça sentido. Quero te encontrar de novo.

    Já cansada de falar e de suportar toda essa dor, coloquei o caixão dentro da cova e cobri com o monte de terra que estava ao lado. Cada pá que eu colocava em cima daquela caixa, me trazia uma nova lembrança mais dolorosa do que a interior.

    Peguei o arranjo de flores que comprei com Seiji antes de vir para cá e deixei na beira da lápide improvisada que eu mesma fiz. Não coloquei nenhum dizer sentimental, apenas o nome dela e a duração da sua vida tão curta.

    Sentei-me ao lado do túmulo e fiquei em silêncio novamente, tentando me conformar.






feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora