• ponha essa cabeça no lugar, S/n •

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S/N:

   

    Acordo devagar. A luz do sol incomoda os meus olhos e eu me remexo na cama, fazendo uma careta ao sentir os músculos das minhas pernas doerem.

    Tento usar o ninjutsu médico, mas lembro que não posso. Droga, provavelmente vou conseguir a noite. Me apóio no colchão e sento na cama, sentindo uma dor latejante na minha intimidade.

    Guerreira.

    Sinto alguém entrando no quarto e quando ergo o olhar, é a senhora Masu. Escondo o meu corpo nu com o cobertor e as minhas bochechas esquentam violentamente.

— Bom dia, querida! -ela disse, radiante.

— Bom dia, senhora Masu. -torci o nariz. — Você poderia ter batido.

— Eu não sabia que estaria acordada. -ela está trazendo uma bandeja com comida.

— Não precisa me dar café na cama, eu já ia descer. -falei timidamente.

— O líder me mandou cuidar de você e te trazer um remédio, mas para tomar o remédio, você precisa comer. -concluiu, sorrindo e colocando a bandeja ao meu lado.

    Que vergonha.

— Sabe, é a primeira vez que isso acontece aqui nesta casa. -ela comenta.

— Sinceramente, senhora Masu... -suspirei, pegando um pouco de café. — Não quero mais ouvir sobre como eu sou "diferente" para ele e para vocês.

— Mas por quê? -ela une as sobrancelhas. — Você é!

— Estou partindo em uma missão muito arriscada depois de amanhã. -expliquei. — E não quero partir com a sensação de que deixei algo para trás.

— O líder sabe disso? -perguntou.

— Ele não sabe o nível da minha missão e nem o que vamos enfrentar. -respondi. — Hashirama disse que é a oportunidade perfeita para que eu use todo o meu poder, então é uma missão confidencial.

    A idosa me analisa por alguns segundos enquanto como. Já me preparo para o sermão, mas ela me surpreende.

— Eu sei que você vai voltar bem mais forte. -ela disse. Meus olhos encontram com o seu rosto enrugado. — Mas não reprima o seu poder. Use tudo o que tem se for necessário, só não morra! -pediu. — O líder vai perder a cabeça se acontecer algo com você e este lugar se tornará um inferno.

— Eu já conversei com ele, senhora Masu. -assegurei. — Estou pronta para morrer, se algo acontecer comigo. Ele não pode decidir por mim.

— Você não deve estar "pronta", deve ir com a determinação de sobreviver! -repreendeu. — Se você morrer, não será só você. Os líderes não vão cuidar do Koji, vão perder a cabeça! Quem vai cuidar do menino? Já pensou em como aquele seu amigo Itsuki vai ficar se você morrer?

    Fico calada, apenas ouvindo. Eu não esperava esse choque de realidade. Eles devem pensar que eu sou egoísta, mas depois que lidei com a morte da minha irmã, perdi o medo de morrer. Talvez até seja bom.

— Nós sabemos que você está de luto e que está suportando muitas coisas, mas tem mais pessoas no mundo que precisam de você! -a idosa prosseguiu. — Você pode não se importar tanto com o líder, mas eu tenho certeza de que você se importa com a criança. E o Itsuki? E o jovem líder? E a esposa do hokage?

— Já chega, Masu! -elevei o tom. — Eu já entendi.

    Fiz um sinal de mãos e me concentrei por alguns segundos. A velhota entende e fica quieta, finalmente. Se eu quiser vencer e concluir a missão com êxito, preciso me esforçar mais. Ficar em casa transando e dormindo não vai me levar ao sucesso, preciso treinar!

Byakugou. -proferi, espalhando o selo pela minha testa.

    Cortei o efeito da pílula assim que as listras escuras desenharam o meu corpo. A senhora Masu está me olhando, apavorada, mas ignoro isso por hora. Inicio o ninjutsu médico nas minhas pernas e na minha intimidade, algo que dura pouco pois é só cansaço muscular e não um ferimento de verdade.

— Eu me concentrei tanto nesses joguinhos que quase esqueci que eu sou uma kunoichi. -me coloquei de pé com o cobertor enrolado no corpo. — Eu não posso ficar presa no quarto de um homem como se estivesse enferma só porque ele pediu. Meu lugar é treinando e me preparando para ir para o campo de batalha. Não posso morrer agora.

— Isso! -os olhos da velha brilham na minha direção.

— Vou tomar um banho, senhora Masu. Obrigada pelas palavras, me ajudaram muito. -ergui o polegar na sua direção e dei um sorriso largo. — Agora, tchau.

    Ela prontamente se coloca de pé e sai do quarto, me deixando sozinha. Estou mais decidida agora, afinal, onde eu estava com a cabeça? Se eu continuasse pensando daquela forma, não iria nem me esforçar para lutar, pois estava crente de que iria morrer. Se isso acontecesse, quem cuidaria de todos esses perturbados?

    Sobraria para o coitado do Itsuki.
    E ele não conseguiria tão bem.
    Preciso viver e me esforçar para proteger ele e o Koji, porque eles são os únicos que precisam de mim e da minha proteção.

    Não vou descansar em paz enquanto eles estiveram vulneráveis. Só aceito morrer, se for de velhice!

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora